Publicada em 08/03/2016 às 08h47.
Analgésicos têm surtido efeito menor em pacientes com chikungunya
Doses habituais de paracetamol não tem sido suficiente no alívio do sintoma. Novo protocolo médico está sendo elaborado para tratar as dores.

Os analgésicos normalmente prescritos para aliviar a dor causada por arboviroses não têm surtido o mesmo efeito em casos de chikungunya. A informação é do médico Carlos Brito, pesquisador colaborador da Fiocruz no Recife, e faz parte do protocolo de tratamento da dor na chikungunya, que será lançado este mês no Brasil inteiro pelo Ministério da Saúde (MS). O documento está em fase de finalização e vai nortear o tratamento da doença com doses e medicamentos específicos.


A reportagem entrevistou pacientes com chikungunya e os relatos são unânimes: o paracetamol, nas doses habituais, não tem aliviado as dores. A dona de casa Maria José de Melo é uma das que sofre com dores nos ombros, mãos, pés e joelhos. "O remédio que o médico passa não tem 'retorno'. Dá cinco minutos, a dor volta", reclama.


Somente no estado, são mais de 6 mil casos suspeitos da doença, de acordo com números da Secretaria Estadual de Saúde (SES). "Estamos finalizando esse protocolo que foca no tratamento da dor na chikungunya. Sabemos que é uma doença que causa muita dor, uma dor que tem características e padrões diferentes, e que não responde aos analgésicos normalmente prescritos pelos médicos. Requer doses diferentes e às vezes, dependendo da intensidade, medicamentos diferentes. Mas é preciso cautela", explica ele, que integra o grupo que elabora o manual.


O documento é voltado para os profissionais de saúde, não para a população. Carlos Brito alerta para o risco da automedicação, sobretudo numa doença agressiva como a chikungunya. "Estabelecemos doses maiores, outros analgésicos, mas isso tudo para o médico. O pessoal se automedica, mas um remédio usado de forma errada tem o risco de vários efeitos adversos", ressalta.


Um guia anterior, intitulado "Febre de chikungunya: manejo clínico" e publicado pelo Ministério da Saúde em fevereiro do ano passado, afirma: "A droga de escolha é o paracetamol, podendo ser utilizada a dipirona para alívio da dor e febre".


O pesquisador informa, com base na literatura médica, que metade das pessoas acometidas com chikungunya, ao final da doença, permanece com dores crônicas por meses e até anos. Brito diz que a estimativa é que de 30% a 50% da população seja acometida pelo problema, o que reforça a necessidade de um tratamento adequado e específico, que alivie essas dores.


O novo protocolo está sendo elaborado por clínicos, reumatologistas, infectologistas e especialistas em dor, entre outros profissionais de saúde. "É um quadro de comprometimento articular que incapacita muita gente. Vamos dar detalhes de como conduzir esses pacientes e sistematizar essas informações, para melhorar a qualidade de vida deles", explica.


O documento começou a ser discutido em uma reunião no início do mês no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e também foi debatido na semana passada, durante um workshop no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz), na Cidade Universitária, no Recife.


FONTE: G1

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