Publicada em 11/10/2018 às 11h39.
Justiça suspende uso de tornozeleiras em saidão de detentas do DF nesta quinta
Defensoria Pública disse que não foi ouvida, e que é contrária ao uso 'coletivo' dos dispositivos.
Tornozeleiras eletrônicas — Foto: Gamaliel Basílio/Assessoria de Imprensa TJSC/DivulgaçãoTornozeleiras eletrônicas — Foto: Gamaliel Basílio/Assessoria de Imprensa TJSC/Divulgação


A ideia de monitorar as presas durante o saidão foi anunciada pela Secretaria de Segurança Pública na última segunda (8). O Tribunal de Justiça autorizou a medida como um "projeto piloto" que, se funcionasse, poderia ser estendido aos 1,1 mil homens beneficiados nos próximos saidões.


A Defensoria Pública entrou com um mandado de segurança para contestar a iniciativa. Os defensores dizem que não foram consultados previamente e que são contrários à proposta, porque ela "não se refere às especificidades individuais de cada uma das mulheres atingidas".


Segundo a Defensoria, o ideal seria analisar o uso da tornozeleira "caso a caso" – o pedido não informa quais seriam os critérios de análise.


Na decisão, o desembargador da 1ª Turma Criminal, George Lopes Leite, acatou os argumentos da Defensoria Pública e reconheceu a "situação de vulnerabilidade" das detentas. A Secretaria de Segurança Pública foi notificada pela Justiça e informou que o saidão está mantido, mesmo sem as tornozeleiras.


 

Secretaria contesta argumentos


 

Ao G1, o secretário de Segurança Pública do DF, Cristiano Barbosa, disse ter recebido a notícia "com preocupação". Segundo ele, a fiscalização dos detentos beneficiados pela saída temporária é prevista em lei – e deveria se estender a todos.

 


 

Segundo ele, a função de avaliar os critérios da liberdade condicional é da Justiça, e não, da secretaria. "Essa apreciação é feita pelo juiz que concede a liberdade. Ele já diz que ela [a detenta] tem que ir pra casa à noite, não pode frequentar bares, restaurantes. A tornozeleira não agrava a punição, só permite a nossa fiscalização".


 

Projeto piloto


 

O contrato do governo com o fornecedor de tornozeleiras eletrônicas prevê um lote de até 6 mil dispositivos, liberados aos poucos conforme a demanda. Segundo Barbosa, os 76 equipamentos do projeto piloto já tinham sido solicitados – e agora, será preciso discutir se haverá ou não pagamento.


Com essa previsão de 6 mil, no entanto, o secretário garante que, se a medida for autorizada e bem avaliada, não haverá qualquer dificuldade técnica para estender o monitoramento aos 1,1 mil presos que costumam deixar os presídios a cada saidão.


"A gente estruturou a central, lá em 2017, com uma capacidade muito superior à demanda atual. Não vou dizer que temos capacidade para os 6 mil, mas se entrarem essas 76 e der certo, a gente tem capacidade de colocar mais 1 mil. E claro, avaliar se é preciso reforço de pessoal", diz.


Apesar do revés judicial nesta semana, Cristiano Barbosa diz que o cronograma está mantido. Nas próximas semanas, a Procuradoria-Geral do DF deve buscar um entendimento com a Justiça e a Defensoria Pública.

 

Televisor acompanha em tempo real situação das tornozeleiras no DF — Foto: Elielton Lopes/G1
Foto: Elielton Lopes/G1


"A gente está fazendo um esforço, inclusive, para que os presos em regime aberto e semiaberto também recebam a tornozeleira. Às vezes, esse preso tem uma declaração de emprego, mas o chefe não fiscaliza, não comunica ausências. A gente não tem como fiscalizar todo mundo todo dia", diz o secretário.


Hoje, o Distrito Federal monitora 239 presos em regime aberto e semiaberto. Pela regra atual, a tornozeleira eletrônica só pode ser aplicada se houver, na decisão da Vara de Execuções Penais, uma menção expressa ao dispositivo.

 

G1

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