Publicada em 02/04/2016 às 10h11.
Mutirão descarta 95 casos notificados de microcefalia em 116 exames em PE
Resultado dos primeiros testes deixou aliviado o secretário de Saúde.

Um mutirão realizado pela Secretaria Estadual de Saúde  de Pernambuco (SES) começou a revelar, nesta sexta-feira (1º), uma mudança no quadro de acompanhamento dos casos suspeitos de microcefalia associada ao vírus da zika. Em cerca de nove horas de trabalho, na Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), na área central do Recife, médicos avaliaram 116 bebês notificados com microcefalia. E concluíram que 95 deles não tinham a malformação cerebral, com o se acreditava antes. Dos 116 casos analisados, 14 foram confirmados com microcefalia e sete seguem em análise.

 

O resultado dos primeiros testes deixou aliviado o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa. “Isso é bom para o estado e para as famílias. Esse mutirão vai definir quem tem que cuidar e quem terá a suspeita afastada. Essa indefinição causa muito sofrimento para as famílias. Com o mutirão, tiramos esse estigma de cima [das famílias]”, afirmou.

Para Costa, cada passo é importante em um momento em que a doença ainda é desconhecida.  Ele lembra que Pernambuco tem um número alto de notificações, porque começou a notificar antes dos outros estados.

“Na época, ainda incluíamos bebês com 33 centímetros de diâmetro cefálico. O protocolo foi desenhado e com o passar do tempo as coisas foram se estabilizando. É assim mesmo, depois vai estabilizando. Espero que esse número [de descartes] ainda aumente bastante”, observou.

Equipe multidisciplinar realiza mutirão de exames para confirmar ou descartar casos notificados de microcefalia (Foto: Thays Estarque / G1)
Equipe multidisciplinar realiza mutirão de exames para confirmar ou descartar casos notificados de microcefalia 



Metodologia


Os exames estão sendo feitos por neuropediatras. Em quatro salas, eles submetem as crianças a testes clínicos e a ultra-sonografia.  Os casos que precisaram de uma atenção maior seguem para tomografia e sorologia e de líquido céfalorraquidiano (LCR).

Nos casos descartados, os especialistas emitem laudos para atestar as boas condições do recém-nascido. Já os pacientes com malformação seguem para uma nova etapa dos exames. É preciso definir se a microcefalia tem origem infecciosa ou outra causa.

“Esse mutirão é para descobrir e aliviar essas mães”,  afirmou Vanessa Van der Linden, neuropediatra da AACD , uma das primeiras médicas do Brasil a fazer a associação entre os problemas nas crianças e o vírus da zika.

Na primeira etapa do mutirão, os médicos avaliarão crianças de 72 municípios da Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste do estado. Ao todo, serão seis dias de exames.

De acordo com o calendário, haverá mais atividades na AACD, no próximo dia 8, no Recife. Em seguida, as equipes seguem para Caruaru, no Agreste, e Petrolina, no Sertão. Serão dois dias em cada cidade. A previsão é que esses locais sejam visitados a partir da segunda quinzena deste mês.

No total, 50 profissionais participam da ação, entre neuropediatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas. "Vamos priorizar essas crianças que estão sob a investigação. Com o diagnóstico preciso, poderemos começar o mais rápido possível a reabilitação delas", ponderou a secretária executiva de atenção à Saúde, Cristina Mota.

 

Valéria Gomes, responsável por João Lucas, de 7 meses, vivia expectaativa pelo resultado dos exames (Foto: Thays Estarque / G1)
Valéria Gomes, responsável por João Lucas, de 7 meses, vivia expectaativa pelo resultado dos exames



A movimentação na porta do bloco B da AACD era intensa. Mães com bebês no colo circulavam com semblantes bem distintos. Uma mistura de felicidade e angústia. Alegria de quem saia com o atestado de bebê saudável e apreensão diante da confirmação da malformação dos bebês.


“Vamos fazer o LCR agora para confirmar ou descartar. É complicado, dói demais essa incerteza. Se Deus quiser vai dar tudo certo”, afirmou Valéria Gomes, de 45 anos, responsável por João Lucas, de 7 meses. Ela é vizinha da família da criança, que vive em situação muito difícil em Pau Amarelo, em Paulista, no Grande Recife, e  cuida do menino como se fosse seu filho.

Já felicidade era o que não faltava na família da dona de casa Maria Sueli Costa, 24 anos. Ela e o esposo, Cremildo Silva, 31, comemoravam o atestado de saudável do pequeno Davi Miguel, 2 meses. "Eu via que ele era um menino saudável. Graças a Deus agora temos certeza", disse a pai.

Moradores de Casinhas, distrito Surubim, o pai já planejava a festa para celebrar a notícia. "Já agradeci a Deus. Meu coração foi a 200 por hora quando o médico falou", contou ao exibir o atestado na mão.

 

G1

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