Publicada em 02/04/2016 às 10h31.
Zika vírus não impede a doação de leite materno,Segundo OMS
O período crítico, segundo especialista, é a fase aguda da doença.

 

Gabriela precisou de doação de leite para que as filhas Júlia e Sofia, prematuras, conseguissem sobreviver.

O Zika vírus não impede a doação de leite materno. De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde, do CDC americano (Centers for Disease Control and Prevention), do Ministério da Saúde e da Rede Global de Bancos de Leite Humano, não há contra indicação na amamentação por conta da doença. Mesmo assim, o Banco de Leite Humano do Imip, situado na área Central do Recife, está com um déficit de 15% de sua capacidade.


 

 

A preocupação, que é comum na unidade durante os primeiros meses do ano, tornou-se ainda maior. A coordenadora do setor, a médica Vioneide Braga, esclareceu que só se suspende a amamentação na fase aguda de qualquer doença. A exigência é da vigilância sanitária. A gestora enfatiza que, após a fase aguda de uma doença, seja por infecção do Zika vírus ou outra virose qualquer, pode ser feita a doação.

 

A expectativa é que, em abril, haja doações suficientes para acabar com a carência. Segundo Vioneide, em períodos normais, dois mil frascos de leite são doados por semana. Esse é o número ideal, de acordo com a instituição, que é considerada uma referência em toda a América Latina no setor. Anualmente, 3.700 litros da substância chegam a 2.870 bebês que precisam dela para sobreviver. Há, no cadastro do hospital, 1.750.


 

Gabriela Priscila Batista Silva, 18 anos, precisou de doação de leite para que as filhas conseguissem sobreviver. As gêmeas prematuras Júlia e Sofia nasceram com 37 semanas, um pouco antes do ideal: que são 40 (nove meses). “Tive início de pré-eclâmpsia e tive que fazer uma cirurgia cesariana. Sofia ficou na incubadora e Júlia comigo”, explica a mãe de primeira viagem.


Acompanhada da avó, Eliane Batista da Silva, 41 anos, Gabriela pega no colo as duas filhas, feliz pelo pesadelo ter terminado. As gêmeas precisaram receber a doação. Os copinhos chegavam a cada duas horas, como explicou Gabriela. A alta dos bebês foi no dia 16 de março. Agora, com 19 dias de nascidos, completados no dia 31 de março, as bebês visitaram a unidade para uma consulta. A jovem mãe aproveitou a ocasião para receber orientações de como doar. “Eu quero fazer algo pelas mães que precisam do leite, como fizeram comigo”, relata.


Processo de doação


O leite passa por um caminho rígido até chegar ao bebê. De acordo com Vioneide Braga, quem recebe o leite doado são crianças que estão doentes e internadas. “Nós seguimos todas as recomendações do Ministério da Saúde e fazemos parte da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, que é a maior no mundo”, declara a coordenadora.


A mãe que possui excedente lácteo e deseja fazer uma boa ação precisa ser sadia. Para cadastrar-se no programa, ela precisa ter feito o pré-natal completo. “É exigido que ela traga esses exames. Inclusive, a gente tira cópias que ficam na unidade”, detalhou, acrescentando que, além disso, a mulher recebe todas as orientações em relação à coleta.


O ordenamento pode ser realizado em casa ou no Imip. Caso a residência da doadora seja no Recife ou Região Metropolitana, um motoqueiro do Imip se encarrega de realizar o transporte. A retirada do leite pode ser feita com a própria mão. Não é necessário uso de equipamento. “A melhor forma de coletar é manualmente, não usando a máquina”, observa Vioneide.


Para realizar a coleta (ver infográfico), a mulher deve proteger o cabelo, o nariz e a boca para evitar a contaminação por bactérias. "Para o neném mamar normalmente, não precisa fazer nada. Para ordenhar, é preciso lavar a mama com água corrente, sem uso de sabão”, enfatiza, lembrando que os cinco primeiros jatos devem ser dispensados.

 

 

 

 

Controle de qualidade


O leite ordenhado em casa deve ser guardado no freezer ou no congelador doméstico. O motoqueiro leva uma planilha para avaliar a temperatura da caixa térmica. “Isso é uma exigência do Ministério da Saúde”, comenta.


Após a verificação, é realizado o teste acidez Dornic. “Esse teste avalia se o leite foi conservado corretamente no domicílio da mãe e durante o transporte, para saber se a temperatura está do jeito que a gente quer: inferior a 3 graus. A gente checa duplamente”, enfatiza Vioneide.


“Depois, a gente faz o teste do crematório, para avaliar quantas calorias tem o leite”. Se for do começo da mamada, tem menos calorias. Esse leite hipocalórico tem 80% dos fatores de proteção. “É o leite, inclusive, que a gente separa para os bebês em estado grave, com risco de vida”, explana a médica.


O armazenamento deve ser realizado nos vidros de café solúvel, pois são revestidos com boro silicato, que permite a pasteurização sem que o receptáculo se quebre. A tampa deve ser de plástico. Segundo Vioneide Braga, a técnica do procedimento realizado no Imip foi exportada para 23 países da América Latina e Caribe, além de Portugal e Espanha.

 

FolhadePE

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