O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta quinta-feira celeridade da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na análise de um recurso que pode anular decisão do Conselho de Ética de dar continuidade ao processo a que responde por quebra de decoro parlamentar. Ele afirmou ainda que, na opinião dele, o fato de o PMDB assumir a presidência da CCJ não influencia na análise do recurso.
Por possuir a maior bancada da Câmara, o partido pode indicar primeiro as comissões que deseja comandar e uma das escolhas foi a CCJ- considerada o colegiado mais importante da Casa, já que todos os projetos de lei e propostas de alteração da Constituição passam por lá. Além disso, o nome que será escolhido para comandar a comissão é de um aliado de Cunha, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que integra grupo do PMDB que defendeu, desde o início, o rompimento com o governo Dilma Rousseff.
Para Cunha, a análise de seu recurso na CCJ precisa ter celeridade e isso independe do fato de o PMDB ter a presidência da comissão. “Recurso dessa natureza tem que ter celeridade em qualquer circunstância. Não é o fato de caber ao PMDB a comissão que terá celeridade”, afirmou.
Cunha defendeu a indicação de Serraglio e lembrou que o parlamentar do PMDB foi relator da CPI dos Bingos, que investigou o mensalão- esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
“O deputado Osmar Serraglio é um dos melhores quadros dessa casa. Foi relator da CPI do mensalão. Graças a ele muitas das condenações do mensalão puderam ocorrer. Ele tem um grande mérito no combate à corrupção do PT. Agora, tanto Osmar Serraglio quanto outros são capazes de conduzir. Não muda nada o fato de ser um ou outro”, disse.
Desde que o Conselho de Ética instaurou processo para investigar Eduardo Cunha que o presidente da Câmara tenta postergar uma decisão final do colegiado. Em 7 de março, Cunha apresentou à CCJ recurso à contra a decisão que avalizou a continuidade do processo disciplinar que pode culminar na cassação de seu mandato. Ele requer ainda a destituição do relator do processo, Marcos Rogério (PDT-RO), segundo deputado escolhido para elaborar o parecer do processo contra o presidente da Câmara.
Cunha é acusado de ter ocultado contas bancárias secretas na Suíça e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras. Ele nega ser o dono das contas, mas admite ser o beneficiário de ativos geridos por trustes no exterior.
G1