Publicada em 15/06/2021 às 10h10.
Telegram tem domínio de canais bolsonaristas e risco de enxurrada de fake news em 2022
O Telegram permite o uso de robôs, como as contas automatizadas usadas para dar boas-vindas a novos inscritos em canais ou grupos.

Imagem meramente ilustrativa / Reprodução do google.


Grupos e canais políticos no Telegram tiveram crescimento explosivo no Brasil desde 2020, e o aplicativo deve ser um dos principais veículos de desinformação na eleição de 2022, alertam especialistas e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mapeou os principais grupos e canais de discussão política no aplicativo.
Segundo o levantamento, 92,5% dos usuários que seguem temas políticos estão em grupos e canais bolsonaristas (com um total de 1,443 milhão de membros), 1% em grupos e canais de esquerda (principalmente de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidenciável Ciro Gomes, com 15.956 membros) e 6,5% em grupos e canais indefinidos (100.199).

O volume mensal de mensagens nos grupos monitorados saiu de 21.805 em janeiro de 2020 para picos de 98.526 em maio de 2020 e 145.340 em janeiro de 2021 -aumento de 566% no período de um ano.

Embora o WhatsApp continue sendo o serviço de mensagens criptografadas mais usado no país, o Telegram desperta enorme preocupação porque não tem escritório no Brasil, não modera conteúdo, nem adota medidas para evitar viralização de desinformação. O aplicativo é baseado em Dubai, nos Emirados Árabes, e tem representação legal no Reino Unido.

Além disso, o Telegram é a única das principais plataformas que não coopera com o TSE para combater campanhas de fake news.

Enquanto os grupos do WhatsApp têm no máximo 256 membros, os do Telegram têm até 200 mil -e os canais, que funcionam como listas de transmissão, não têm limite de integrantes. O canal verificado do presidente Jair Bolsonaro tinha 145 mil membros em janeiro e, agora, tem 705 mil.

"O Telegram facilita a disseminação de mensagens para grupos enormes e os dados mostram que o aplicativo pode ser bastante explorado nas campanhas de desinformação na eleição de 2022", diz Fabrício Benevenuto, professor de ciência da computação da UFMG e coordenador do estudo.

"Além disso, detectamos no estudo que grande parte do conteúdo circulado no Telegram depois vai para o WhatsApp e redes sociais", afirma.

Todas as 15 mensagens de texto mais visualizadas nos grupos políticos do aplicativo eram links que levavam a vídeos favoráveis ao governo. Uma delas, visualizada por 330.865 pessoas, era um link que levava para vídeo do canal do vereador Carlos Bolsonaro (RJ) intitulado "A VERDADE ESTABELECIDA SOBRE A COVID. Será que sai na tv que quer matar seu país?".

A UFMG criou em junho de 2018 o WhatsApp Monitor, que monitora campanhas de desinformação em grupos do aplicativo de mensagens, e vai lançar o Telegram Monitor, com o mesmo objetivo.

O TSE já tentou várias vezes entrar em contato com o Telegram para fazer parcerias, como as fechadas com Facebook, WhatsApp, YouTube, Google, TikTok e Instagram na eleição de 2020. Mas a empresa tem como uma de suas bandeiras não cooperar com nenhum governo e só moderar conteúdo relacionado a terrorismo –por exemplo, de facções como o Estado Islâmico.

A reportagem tentou várias vezes entrar em contato com a área de imprensa do Telegram, pelo canal indicado no site da empresa, mas não obteve resposta.

"Estamos muito preocupados, acreditamos que o Telegram pode ser um grande elemento de desestabilização na eleição de 2022", diz Thiago Tavares, presidente da SaferNet, entidade de segurança cibernética.

"O aplicativo é terra sem lei, porque não tem as limitações do WhatsApp e não aplica nenhuma das políticas de integridade –ele pode ser usado para espalhar desinformação que seria penalizada em outras plataformas", afirma.

FONTE: NOTÍCIA AO MINUTO.

 

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