Imagem meramente ilustrativa / Reprodução do google.
O Facebook mantém um grupo de usuários, que inclui celebridades e
políticos, fora de suas regras de conduta, de acordo com reportagem publicada
nesta terça-feira (13) pelo Wall Street Journal.
Segundo o jornal americano, com base em documentos que diz ter obtido, a
rede social criou um sistema chamado XCheck, que poupa esses usuários de
algumas ou, em certos casos, de todas as regras que se aplicam aos demais
usuários.
O XCheck foi inicialmente desenvolvido para avaliar ações contra perfis
populares. Em 2020, ao menos 5,8 milhões de usuários integrariam a lista.
O jornal afirma que esse programa, por exemplo, permitiu a Neymar postar
fotos íntimas da mulher que o acusou de estupro. Milhões de seguidores puderam
ver as fotografias, em que ela aparecia nua, por mais de um dia, antes que
fossem deletadas. O jogador nega a acusação, e não foi indiciado. Procurado, um
porta-voz de Neymar disse ao jornal que o atleta segue as regras da rede
social.
O ex-presidente americano Donald Trump fez parte dessa mesma lista VIP,
conta a reportagem, até ter sua conta suspensa da rede. Membros do Congresso
americano, do Parlamento Europeu, prefeitos, ativistas e o próprio Mark
Zuckerberg, presidente do Facebook, também integram o grupo de privilegiados.
Alguns desses usuários, segundo a reportagem, não seriam passíveis de
punições em casos de violações das regras de conduta da rede, como postagens
que fazem assédio e incitação à violência.
A mesma ferramenta permitiu que contas incluídas na lista pudessem
compartilhar notícias falsas associando a democrata Hillary Clinton, então
candidata à presidência dos EUA, em 2016, a redes de pedófilos. Também estão no
seleto grupo perfis que disseminaram a ideia de que vacinas contra a Covid
matam.
Uma revisão interna do Facebook, realizada em 2019, apontou que havia
favorecimento em relação aos usuários dessa lista, e que a prática não seria
"defensável publicamente".
"Diferentemente do resto da nossa comunidade, essas pessoas podem
violar nossos padrões sem nenhuma consequência", afirmou a rede no
documento, de acordo com o Wall Street Journal.
Um porta-voz do Facebook afirmou que críticas ao XCheck são justas,
acrescentando que o sistema foi desenvolvido para "criar uma etapa
adicional para que possamos aplicar adequadamente regras de conteúdo que
poderiam exigir mais compreensão ".
O mesmo interlocutor disse que a companhia está trabalhando para acabar
com essa prática e que muitos dos materiais obtidos pelo jornal americano são
"informações desatualizadas, costuradas para criar uma narrativa que
ignora o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas e
tem trabalhado para resolvê-los".
A descoberta contraria o que o fundador e presidente-executivo do
Facebook, Mark Zuckerberg, diz publicamente: que todos os usuários estão em
igualdade perante as regras de conduta da plataforma.
FONTE: NOTÍCIA AO MINUTO.