Publicada em 14/05/2016 às 14h38.
Jovem é detido por se passar por médico residente no Recife
Rapaz de 19 anos esteve em contato com oito pacientes da unidade. Como não chegou a receitar medicamentos, responderá em liberdade.

Um homem de 19 anos foi detido após se passar por falso residente do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc) nesta sexta-feira (13). Segundo a polícia, Wesley Gomes esteve em contato com oito pacientes da unidade, informando supostos diagnósticos, tirando fotos e dizendo que se submeteriam a cirurgias no dia seguinte. Até seu número de telefone chegou a entregar às pessoas internadas. O mesmo rapaz também se passou por profissional de saúde do Hospital dos Servidores do Estado na semana passada. 


A suspeita surgiu no início da manhã de ontem (13) quando o médico residente em infectologia do Hospital Oswaldo Cruz, Bruno Ishigami, começou a visitar seus pacientes. Eles acharam estranho o acompanhamento de um segundo profissional de saúde em um curto período de tempo e relataram que um médico residente os havia visitado na madrugada desta sexta. "Eles disseram que um doutor tinha falado com eles, passado o estado de saúde de cada um, até dizendo que o caso era grave quando não era, tirado foto das lesões dos pacientes e deixado um celular para entrarem em contato se quisessem", contou.


Nas horas seguintes, se iniciou uma busca incessante pelo suposto residente. Bruno então saiu perguntando se alguém conhecia aquele homem que teria visitado várias alas do Huoc numa mesma madrugada.


"Fui procurar saber quem estava de plantão naquela noite. Foi então que uma técnica de enfermagem disse que uma pessoa com bata, estetoscópio e maleta disse que era residente do Hospital da Restauração (HR), de neurologia. Resolvemos então adicionar o número dele e descobrimos que era um whatsapp. Mostramos a foto dele para o grupo de residentes e ninguém o conhecia". Bruno chegou a ligar para o HR e entrou no site do conselho de medicina. Em nenhum dos dois lugares havia registro de que o homem era um médico residente de fato.


Ele chegou a retornar ao Huoc ainda na manhã desta sexta quando foi abordado por Bruno no ambulatório. Questionado, confirmou que era residente e disse que sua identificação estava no carro. "Eu e um funcionário resolvemos acompanhar ele até o carro, só que nunca chegávamos. Caminhamos até a Boa Vista onde ele entrou num prédio", relembrou Bruno. Nesse momento, uma viatura da Polícia Militar passava no local e começou a acompanhar o caso. Desesperado, o suposto residente teria tentado se desfazer de uns papéis com o emblema do Hospital Oswaldo Cruz.


Essa não é a primeira vez que o homem se passa por um profissional de saúde. Na semana passada, ele visitou pacientes do Hospital dos Servidores do Estado (HSE). "Ele chegou no ambulatório se identificado como residente de cirurgia da Universidade Federal de Pernambuco e começou a acompanhar os pacientes. Soubemos que ele não era e alertamos as pessoas caso ele agisse de novo e foi o que aconteceu", menciona o médico residente de cirurgia da unidade, Amyr Kelner.


Amyr ainda reclama da falta de controle dentros dos hopitais, tanto públicos quanto particulares, do estado. "Isso infelizmente é uma falha de segurança dos hospitais. A gentre precisa de um caso como esse para aumentar essa segurança do paciente e do profissional. Ele chegou a tirar fotos dos pacientes, o que é um constrangimento. Isso precisa servir de alerta de que não precisa só vestir uma bata e colocar um estetoscópio no pesçoco para entrar", diz indignado.


Apesar disso tudo, o suspeito nega ter tido contato com qualquer paciente, mas confirma ter estado nos hospitais. Ele alega que teria ido às unidades de saúde para assistir aulas para residentes. "É uma aula aberta que qualquer um pode assistir. A bata é minha e não é minha. A bata me foi dada porque eu tenho o mesmo nome do que está na bata", se defendeu o rapaz que afirmou ser estudante de Serviço Social, mas não informou em que faculdade estudaria.

A polícia também ouviu um dos pacientes, que estava bastante debilitado e chegou a chorar durante a escuta.


O homem foi autuado por exercício ilegal da medicina, mas como não chegou a receitar medicação responderá ao caso em liberdade. "Porque ele se diz médico, mas não tem essa formação e usa uma bata dizendo que é residente. Ele dizia aos pacientes que iam se submeter a uma cirurgia e mencionava outros problemas desses pacientes, mas em momento algum receitou. Esse crime é de menor potencial ofensivo e por isso ele responderá a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), porque ele nem usou um nome falso, ele usou o dele, mas se passou por um médico", concluiu a delegada de plantão Maria Helena Couto.


Secretaria da Saúde
A Secretaria Estadual de Saúde, que gere o Hospital da Restauração (HR), se posicionou sobre o caso através de nota. No texto, diz que "a contratação de profissionais para a rede estadual de saúde segue um rigoroso processo de análise e certificação de documentação e que o acompanhamento do exercício da profissão de medicina é feito pelo Conselho Regional de Medicina (Cremepe)".

 

 

G1

 

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