Publicada em 09/02/2022 às 10h26.
Mensagens mostram perseguição na web de ex-padrasto que virou réu por morte de jovem de 24 anos
Anna Carolina Pascuin Nicoletti foi encontrada morta dentro do próprio apartamento, em Sorocaba (SP). Homem virou réu pelo homicídio, mas teve a prisão preventiva negada e foi solto.


Vítima e acusado / Reprodução do g1.


Uma sequência de prints mostra que o ex-padrasto e principal suspeito de matar a vendedora Anna Carolina Pascuin Nicoletti, de 24 anos, encontrada morta dentro do próprio apartamento, em Sorocaba (SP), perseguia a vítima também pelas redes sociais.


Eduardo de Freitas chegou a ser preso temporariamente por 60 dias, mas a Justiça não decretou a prisão preventiva. Ele foi solto mesmo virando réu por homicídio qualificado.


Segundo a investigação da Polícia Civil, enquanto Carol, como era conhecida por parentes e amigos, ainda morava em Pilar do Sul, o réu invadiu a casa dela e passou a lhe enviar fotos dos cômodos e mensagens, quando acreditou que ela estaria com outra pessoa. A bolsa dela também teria sido levada, mas devolvida depois.


Após a ida da jovem para Sorocaba, em tentativa de fugir, segundo a família dela, o ex-padrasto teria criado um perfil fake e se passado por um cliente para visitá-la na loja onde trabalhava.





Suspeito enviava diversas mensagens para Ana / Reprodução do g1.


Abusos sexuais


Segundo o relato da mãe da jovem à policia, há cerca de 4 anos ela achou uma foto do réu em cenas sem roupas e em horários que estaria com a Anna Carolina.


A mãe chegou a indagar a filha sobre a situação, a qual afirmou ter sofrido abusos sexuais do então padrasto desde os 14 anos. A vítima já tinha 18 anos quando a situação veio à tona. Os supostos abusos não foram denunciados à polícia, na época.


Conforme o relato da mãe, com 15 anos, a jovem chegou a viajar para Santa Catarina, em um parque temático, com Eduardo. Foram cerca de 5 dias juntos. Em outra viagem, os dois também foram sozinhos para o Mato Grosso quando ela já era maior de idade.


Depois de uma série de desentendimentos e separação da mãe de Anna Carolina com o réu, as perseguições não pararam.


O padrasto chegou a matricular-se no mesmo curso da jovem, de medicina veterinária, e tentar ficar na mesma sala de aula. Mãe e filha conseguiram medidas protetivas contra Eduardo, que não poderia se aproximar delas.



Câmeras flagraram carro do suspeito perto do local de trabalho da vítima no dia da morte / Reprodução do g1.


Câmeras de segurança


Os investigadores conversaram com funcionários da loja em que a vítima trabalhava. Testemunhas relataram que Anna Carolina contou que em junho de 2021 o réu se passou por cliente e estacionou o carro em frente ao estabelecimento para supostamente para obter informações de um veículo.


Ainda segundo os relatos, ao ver que ele estaria entrando na loja, a vítima correu para um depósito.


A polícia analisou câmeras de segurança e viu que no dia da morte a vítima saiu 18h01 do trabalho e foi até o terminal de ônibus, como de costume.


No entanto, Eduardo passou perto do local às 17h45. Em interrogatório, Eduardo afirmou que esteve em Sorocaba naquele dia para a compra de materiais de construção e retornou para Pilar do Sul.


Ao g1, a defesa do advogado reafirmou que ele esteve na região apenas para abastecer o veículo.


Versões diferentes


Ainda segundo o interrogatório do réu à policia, ele teria ido direto à casa da mãe dele, onde teria passado a noite e de lá só teria saído no dia seguinte pela manhã, para ir até seu escritório.


A mãe do ex-padrasto também foi ouvida após ser intimada. À polícia, a mulher alegou que o filho não havia voltado para casa desde a hora do almoço, bem como não tinha dormido na residência.


Em nota, a defesa de Eduardo informou que ele enviava mensagens a Anna Carolina, mas que seriam de "preocupações paternas" e que as duas viagens realizadas entre os dois, na adolescência e outra já maior de idade, seriam como "pai e filha".


Denúncia do Ministério Público


Conforme apurado pelo g1, o juiz aceitou a denúncia por homicídio qualificado oferecida pelo Ministério Público, mas não aceitou a prisão preventiva. Portanto, o ex-padrasto ficará em liberdade durante o processo.


A Justiça proibiu o réu de manter contato e se aproximar dos familiares da vítima e devendo manter distância mínima de 100 metros deles, sob pena da decretação da prisão cautelar novamente.


Entre os pedidos do MP e que a Polícia Civil deverá realizar estão os novos depoimentos de testemunhas, mais perícias e diligências.


O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima sofreu um disparo de arma de fogo na região testa, sem a saída do projétil. A arma do crime não foi localizada.


Anna Carolina foi achada morta no dia 13 de novembro na cama dela, no bairro Wanel Ville. A casa não tinha sinal de arrombamento e estava com a porta destrancada.


Sinais de obsessão


Segundo Elaine Pascuin, mãe da vítima, ela manteve um relacionamento de quase 15 anos com o suspeito e que, durante esse período, passou a estranhar a superproteção que ele tinha com a enteada, Anna Carolina.


Segundo Elaine, ela decidiu romper a união no início de 2016. Contudo, o advogado não concordou com a partilha dos bens e passou a persegui-la.


"Ele falava que era dono de tudo. E, ao mesmo tempo que era agressivo, ele pedia perdão e dizia que juntos éramos a família perfeita. Foi aí que eu me mudei para Sorocaba com a minha filha, mas, diante de tanta insistência, resolvemos manter uma relação amistosa e voltamos para Pilar do Sul. A Carol foi junto e começou a trabalhar no escritório de advocacia dele", lembra.


Apesar da tentativa, Elaine contou que a relação com o advogado ficou insustentável. Pouco tempo depois, ele foi preso suspeito de crime sexual contra uma adolescente. Na época, a polícia informou que a vítima era ex-funcionária do advogado.


Crime de stalking


De acordo com a Polícia Civil de Sorocaba, o homem era considerado um stalker - crime de perseguição, conhecido também como stalking (em inglês).


Os depoimentos de conhecidos da vítima e de parentes sobre a suposta obsessão e uma possível arma guardada na casa dele foram embasados no pedido de prisão temporária, que não foi convertida em preventiva pela Justiça após 60 dias.


FONTE: G1.



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