As ações emergenciais ao longo desses anos incluíram o carro-pipa como única fonte de água em 14 cidades e reforço de abastecimento em outras 35. Isso gera um custo mensal à Compesa de R$ 1,7 milhão. A estimativa da companhia é de que, até o fim deste ano, sejam necessários 400 caminhões-pipa, em contraposição aos 250 usados hoje, para garantir o abastecimento. Isso gerará um custo mensal de R$ 2,8 milhões.
Além das ações emergenciais, foram iniciadas obras para conectar água do Sertão à Zona da Mata. A adutora do Agreste, cuja entrega atrasou em decorrência da redução nos repasses federais, foi retomada. Com ela, haverá um sistema integrado de 1,3 mil km no Agreste.
A obra do Ramal do Agreste, que ligará o eixo leste da transposição do São Francisco à adutora, tem previsão de início ainda neste ano, com prazo de conclusão de três anos. Enquanto isso, será antecipada a conexão da adutora e com a transposição, a partir de um conjunto de outras intervenções locais.
A ideia é trazer água da Mata Sul e da Mata Norte para o Agreste. Da Mata Sul, está em andamento a obra da adutora do Pirangi, cuja previsão de entrega é daqui a seis meses. Da Mata Norte, a obra da adutora do Siriji terá o projeto pronto nos próximos 30 dias. Ela se integrará ao sistema Palmeirinha. E nele está em execução uma obra para fazer a integração ao sistema Jucazinho. Em Tupanatinga, também estão sendo perfurados poços para fazer a integração. Outra adutora a fazer parte da ligação, a do Moxotó, ficará pronta em até um ano.
A aceleração da entrega dessas estruturas depende, porém, de verba repassada pelo governo federal. Neste ano, dos R$ 800 milhões que poderiam ser gastos pela Compesa, será possível viabilizar apenas a metade.
Quatro anos
Desde 2012, chove abaixo da média no estado. No primeiro semestre deste ano, as precipitações ficaram 34% aquém da média no Agreste. A consequência foi a intensificação de um rodízio na região como não ocorria desde antes da construção do reservatório de Jucazinho, na década de 1990. A barragem, cuja capacidade é 5,5 vezes a de Pirapama, hoje está com apenas 0,3%. A previsão é de que, até outubro, ela fique completamente sem volume.
“No Sertão há cidades abastecidas por adutoras que tiram água do São Francisco, mas no Agreste a situação é mais complicada. Quase toda as barragens estão em colapso”, afirmou o gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Apac, Patrice Oliveira. “Na região não há grandes barragens, água de subsolo e grandes rios”, acrescenta o presidente da Compesa, Roberto Tavares. Hoje, são 54 reservatórios em colapso em Pernambuco.
As obras foram pensadas prevendo o período cíclico de secas e também o crescimento da população nos próximos 30 anos. “Teremos flexibilidade para manejar a água com mais facilidade”, garantiu Roberto Tavares. “Há uma estratégia para o Agreste, que depende em parte dos repasses do Ministério da Integração Nacional para a adutora, mas estamos articulando outras fontes”, concluiu.
DP