A comissão de arbitragem da CBF promoveu uma das maiores reformas na estrutura da arbitragem nos últimos anos. As mudanças seguem diretrizes que a Fifa baixou em 2015.
A exemplo do que existe nas principais ligas do mundo, a ideia é criar um grupo mais enxuto e mais experiente para dirigir as Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Esse grupo já está sendo chamado pelos árbitros de Tropa de Elite – coincidência ou não, o diretor de arbitragem Marcos Marinho, antes de trabalhar no futebol, foi tenente-coronel e comandante do Batalhão de Choque da PM de São Paulo.
– Quando se olha o problema de arbitragem, vê-se que alguma coisa estava errado. Queremos reduzir os erros e uniformizar os critérios. Vamos fazer um acompanhamento de cada árbitro, cada jogo, ajudar cada um a crescer. E aí avaliar – explica o diretor, conhecido como Coronel Marinho.
A CBF reduziu de sete para três as categorias de árbitros, mudou as idades para entrar e sair do quadro da Fifa, o sistema de sorteio, a política de renovação do quadro e também a política de escalas. As medidas valem tanto para árbitros como para assistentes.
A mudança de maior impacto é a idade limite da arbitragem. O jubilamento do quadro da Fifa passa de 45 para 50 anos, e a idade máxima de entrada, de 37 para 44 anos. Isso significa uma mudança na política de renovação. Aumentou o prestígio dos árbitros mais experientes.
– Continuamos buscando a renovação, mas de outra forma. E os árbitros acima dos 45 só vão ficar se passarem nos testes – diz Marinho.
Foram extintas as categorias Aspirante, Especial A (para ex-Fifa) e Especial B (para ex-Aspirantes) e transformadas as Categorias CBF-1, CBF-2, e CBF-3, que viraram Seleção A/B, Seleção C/D e Seleção Intermediária, respectivamente. O quadro da Fifa foi incorporado à Seleção A/B.
– Acabamos com tanta divisão porque no Brasil isso estava ficando importante demais. Havia pessoas que criticavam a escala não pela competência do árbitro, mas em função de ser Aspirante, Especial ou não.
A partir de agora, os árbitros só poderão apitar nas divisões que estão no nome de sua categorias – ou seja, não haverá mais figurões nas Séries C e D. Os da Seleção Intermediária – que, apesar do nome, é a porta de entrada no quadro – só poderão trabalhar em jogos categorias de base.
Cada uma das categorias terá idade máxima para ingresso e permanência – 42 e 50 anos para A/B, 40 e 42 anos (45 numa fase transitória) para C/D e 35 e 40 anos para Intermediária. Se, ao estourar a idade, o árbitros não tiver sido promovido, ele será jubilado do quadro. Se ele for rebaixado de quadro e não se encaixar na idade, também será jubilado.
A idade mínima para entrar na Seleção Intermediária é 20 anos. A partir da entrada, o árbitro precisa passar pelo menos um ano em cada categoria. Não pode haver pulos. As categorias serão redefinidas anualmente, com uma espécie de acesso e descenso.
Cada categoria terá um número fechado de árbitros. Na A/B serão 50, incluindo os 10 da Fifa. Isso significa que apenas 50 apitadores trabalharão nas duas primeiras divisões (historicamente, só a Série A tem usado quase esse número). Nas demais, o número não está definido.
A CBF decidiu também reintroduzir os árbitros adicionais, ao menos nas Séries A e B, e mudar o sistema de sorteios. Agora, ele volta a ser mais dirigido. Para cada divisão, em cada rodada, serão montadas duas escalas completas, que elas serão sorteadas.
Algumas questões ainda estão sendo detalhadas. Como os adicionais vão voltar, o quarto árbitro poderá ser um assistente e, nesse caso, o eventual substituto do árbitro será um adicional.
Um dos adicionais terá de ser da mesma categoria, mas outro poderá ser de uma inferior.
Globo Esporte