Bezerros e Pesqueira, no Agreste, e Triunfo, no Sertão, são municípios do interior de Pernambuco com tradição de carnaval. Neste ano, além da organização dos festejos de momo, os gestores terão outra preocupação: é que as cidades estão sofrendo com a falta de água.
Em Triunfo, por exemplo, muitas pessoas estão recorrendo a torneiras da cacimba do lago João Barbosa para ter água em casa - mas o reservatório está com o nível baixo. O lago é um dos pontos turísticos que os visitantes costumam ir durante o carnaval na "Terra dos Caretas". "Tem o banho que eles colocam para podermos nos refrescar durante a tarde. Com certeza, vai afetar sim o carnaval daqui de Triunfo", lamenta o confeiteiro Alan Fernandes.
A Associação dos Condutores de Triunfo está orientando os turistas a economizarem água. A Secretaria de Turismo ainda planeja fazer uma ação de conscientização para que as pessoas usem a água de forma correta durante o festejo.
"Vamos desenvolver uma campanha através de panfletos, de carros de som, de rádios... Isso para que o turista tenha mais cuidado na hora de consumir a água do nosso município", destacou o secretário de Turismo, Nilton Madureira.
Pesqueira, conhecida como "Terra dos Caiporas", já está com as ruas decoradas, mas enfrenta a estiagem há seis anos. "A água é uma grande dificuldade. Não pode estragar assim", disse o motorista José Clécio Araújo.
Por enquanto, o município do Agreste é atendido por carros-pipa, que são abastecidos em Garanhuns. Esta é a única alternativa entre os principais sistemas de abastecimento. A cidade conta com as barragens de Pão de Açúcar, Santana e Afetos - mas nenhum deles está com o nível de água suficiente, de acordo com a Companhia Pernambucana de Abastecimento (Compesa).
"A Compesa contratou 10 carros-pipa para abastecer a cidade, mas no período de carnaval a Compesa vai reforçar com mais cinco carros que tenham uma capacidade maior. Estamos buscando essa água em Garanhuns, Buíque e Tupanatinga", explicou o gerente de unidade de negócios da companhia, Gilvandro Souza.
Em Bezerros a situação é a mesma dos outros dois municípios. A barragem de Brejão, localizada em Sairé, entrou em colapso. O reservatório era o responsável pelo abastecimento dos moradores da "Terra dos Papangus".
"Não temos condições de comprar, temos que vir pegar nas torneiras. Esse ano na minha casa não chegou [água]", contou a agricultora Fátima Monteiro.
Com 5% da capacidade total, a Compesa só tem condições de explorar 35 litros de água por segundo na barragem de Brejão. A população de Bezerros agora está recebendo água de estações tipo chafariz. Durante o período de Carnaval, o município chegava a contar com 270 litros de água por segundo.
"A estratégia é aumentar o númro de caminhões-pipa durante esse período, onde a cidade vai receber um número grande de turistas", disse o gerente regional da Compesa, Ricardo Malta.
Bezerros costuma receber cerca de 250 mil pessoas durante a semana carnavalesca. Mas, apesar da falta de água, o gestor municipal garantiu que as festividades deste ano vão acontecer, mas com algumas modificações. "Nós vamos cortar o banho", revelou o prefeito Severino Otávio.
G1