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Em 2016, foram registrados 1,4 milhão de casos de dengue no Brasil, mas apenas cerca de 30% dos municípios brasileiros fizeram o monitoramento das populações de mosquitos Aedes. O WWF-Brasil propõe uma armadilha de baixo custo e um aplicativo para smartphones chamado AeTrapp para o monitoramento cidadão destes dados. Premiado pelo Desafio de Impacto Social Google 2016, o Aetrapp promove o protagonismo do comunitário no monitoramento da proliferação de mosquitos Aedes, transmissores de zika, dengue e hikungunya.
Com o projeto, o cidadão é incentivado a construir e manter em sua casa uma armadilha adaptada para o mosquito depositar seus ovos, chamadas de aetrampas. As armadilhas são uma adaptação das chamadas ovitrampas, uma tecnologia já consolidada mas restrita a agentes de saúde. São iscas simples, de baixo custo, que consistem em vasos feitos a partir de garrafas PET de 2L, preenchidos com água, onde uma paleta de papel é parcialmente mergulhada, servindo de depósito de ovos pelas fêmeas de mosquitos Aedes. A ferramenta possibilita a comparação da presença dos mosquitos em diferentes localidades e a dinâmica populacional nos locais onde for instalada. Os resultados da análise podem ser usados no planejamento de operações da vigilância e do controle do vetor. Veja no link como funciona.
Por meio do aplicativo, o cidadão poderá tirar fotos semanais das paletas, que são automaticamente enviadas para um servidor onde a contagem automática dos ovos é feita por um algoritmo desenvolvido pelo time de desenvolvedores do projeto. O número de ovos em cada amostra, assim como datas, horários e coordenadas geográficas do local são disponibilizados num mapa aberto para qualquer pessoa ter acesso. Assim, as comunidades e agentes públicos poderão visualizar os focos de transmissão, fazer comparativos de quantidades de mosquitos em diferentes localidades e analisar séries históricas. Com isso, será possível elaborar estratégias precisas e urgentes para o combate, priorizando as áreas mais críticas. Assista o vídeo de como isso é feito.
É importante ressaltar que esse experimento inicial é monitorado por agentes de vigilância epidemiológica, uma vez que o uso incorreto das aetrampas pode transformá-las em criadouros do mosquito. Com os resultados obtidos durante as oito semanas de teste, o WWF-Brasil poderá avaliar, adaptar e replicar a metodologia. Essa solução pode proporcionar o monitoramento cidadão de focos do mosquito Aedes numa escala nunca antes alcançada em lugar nenhum do mundo, já que o mosquito está presente em todos os países tropicais e subtropicais.
Aetrapp é destaque em exposição no Museu do Amanhã
O projeto Aetrapp, do WWF-Brasil, foi uma das iniciativas escolhidas pelo Museu do Amanhã para participar de sua mais nova exposição, no Rio de Janeiro. Intitulada de Inovanças – Criações à brasileira, a ser inaugurada no próximo dia 25 de abril, a mostra, em formato lúdico, fará o visitante embarcar numa viagem pelo mundo das invenções e criações do Brasil.
Dividida em sete áreas, Inovanças foi idealizada sem paredes e será exposta em um espaço de 600m2. A inspiração veio do filme Dogville, de Lars von Trie, e remete à fluidez do processo criativo, não existindo limites ou barreiras ao conhecimento e à inventividade. O projeto Aetrapp fará parte da área Imprompto (Improviso) em que será exibido um vídeo explicativo do projeto.
“A escolha do Aetrapp pela curadoria da exposição confirma o potencial desse projeto que estimula o protagonismo cidadão como um bom exemplo do uso da tecnologia para promover impacto social”, avalia Marcelo Oliveira, especialista de conservação do WWF-Brasil.
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