FOTO: REPRODUÇÃO FOLHA DE SÃO PAULO
Nas redes sociais, são diversos os vídeos, as fotos e os depoimentos que mostram a punição com sangue da guerra travada entre facções criminosas que atuam em todo o Brasil. Em Alagoas, essa realidade não é diferente. Nos quatro primeiros meses de 2017, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) registrou 765 assassinatos no estado. Quase sempre quem executa e/ou morre são jovens que não chegam aos 30 anos, negros e moradores da periferia. O que não se sabe é que muitos deles são também integrantes de facções criminosas alvos de grupo rival.
Um extenso levantamento do Ministério Público de São Paulo publicado pela Folha aponta que Alagoas vive uma "zona de conflito intenso" entre facções, com um total de 1.263 integrantes batizados pelo PCC. O quantitativo deixa o estado na 4ª colocação em número de membros da organização criminosa no país.
Os dados do Ministério Público paulista mostram que Alagoas é um dos estados onde há uma "zona de conflito intenso", alerta já feito pela Secretaria de Segurança Pública em diversas ocasiões. Apesar dos investimentos na área, a guerra entre facções se tornou tão forte que até facilidades para que os criminosos passem a integrar o PCC já começaram a ser ofertadas. O objetivo é fazer crescer o número de pessoas "batizadas" e que possam atender aos anseios da facção, dentro e fora dos presídios.
Além de apontar os estados que têm zonas intensas de conflitos, o mesmo levantamento do Ministério Público projeta Alagoas na quarta colocação em um ranking nacional que elenca "os batizados" pela facção criminosa que nasceu na capital paulista. Com 1.263 integrantes, o estado fica atrás somente do Ceará, com 2.403; do Paraná, com 2.426; e de São Paulo com 8.534 membros do grupo. Sendo assim, é também o segundo estado do Nordeste com o maior número de integrantes do PCC.
O mapa das disputas também acompanha a atual "campanha" de recrutamento de novos integrantes do PCC. Segundo o levantamento da Folha, uma série de "batismos" fez saltar o contingente de membros fora de São Paulo de 3.231, em outubro de 2014, para 16.195, em março deste ano. Desse total, 4.256 foram cooptados a partir de agosto de 2016. "E mais: eles determinaram que cada integrante fora do Estado 'batizasse' outro", disse à Folha o promotor Lincoln Gakiya em seminário do Ministério Público paulista realizado em março. "Eu projeto que nós vamos ter cerca de 30 mil integrantes até o final deste ano", completa.
O CV tem cerca de 9.000 seguidores fora do Rio de Janeiro, segundo estimativa da Promotoria com base em levantamento feito pelo próprio PCC antes de iniciar a guerra.
Homicídios em abril
No mês de abril, a SSP registrou 163 homicídios em Alagoas. Como já foi afirmado em diversas ocasiões, muitas dessas mortes são atribuídas pela Segurança Pública aos conflitos entre facções. No mesmo período dos últimos três anos, este é o maior número de crimes contra a vida registrado pelas forças policiais. Ao longo dos últimos dois anos, 2015 e 2016, foram contabilizados, respectivamente, 654 e 613 homicídios em quatro meses. Em 2017, esse número já é bem maior e chega a 765.
GW