O governo do Estado ainda aguarda recursos da União para concluir a primeira etapa de assistência aos municípios atingidos pelas chuvas do fim de maio, principalmente na Zona da Mata Sul. Um total de R$ 31,3 milhões está pendente na União, sendo R$ 5,5 milhões relativos a ações de restabelecimento (principalmente a limpeza das cidades), e R$ 25,8 milhões destinados a obras de proteção de encostas em nove municípios.
Nesta quarta-feira (28), 30 dias após o temporal, o governo apresentou um balanço das ações para recuperar os locais atingidos. O governador Paulo Câmara disse estar confiante da liberação dos recursos federais. “Geralmente saem rápido para esse tipo de finalidade.” Os R$ 25,8 milhões serão oriundos do Sistema Nacional de Defesa Civil, enquanto os R$ 5,5 milhões são a parte restante dos R$ 17,5 milhões já recebidos para ajuda emergencial. A expectativa é de que na próxima semana o valor relativo à Defesa Civil já seja disponibilizado.
Paralelamente, o Estado tem um cronograma de ações que não dependem dos recursos federais. Nos próximos dias, o governador se reunirá com prefeitos dos municípios mais prejudicados pelas chuvas para tratar de ações pontuais. Também será concluído o cadastro de famílias prejudicadas e imóveis danificados, bem como iniciado o pagamento de auxílio-moradia para desabrigados.
“Precisamos finalizar os cadastros. Com base neles é que as providências serão tomadas, seja no fornecimento de auxílio-moradia, novas habitações ou na entrega do cartão-reforma”, disse Paulo Câmara. Ainda segundo o governador, o levamento também vai mostrar que serviços poderão ser iniciados. “Principalmente a reconstrução de escolas, hospitais e acessos.”
Em alguns lugares, unidades hospitalares e de ensino foram destruídas. Em Belém de Maria, na Zona da Mata Sul, o único hospital do município ficou inutilizado. O governo pretende reativar alguns serviços de emergência na unidade, mas só até que seja definido um local para a construção de um novo hospital.
Na manhã da última terça-feira (27), a reportagem do JC esteve em duas das cidades mais prejudicadas pelo temporal – além de Belém de Maria, Catende, também na Zona da Mata Sul. O clima era de relativa normalidade, mas muitas famílias – principalmente as que vivem nas áreas ribeirinhas – ainda não conseguiram reconstruir as vidas.
O governo afirma ter gasto R$ 22,5 milhões (recursos do Tesouro Estadual) para atendimentos emergenciais, como aquisição de cestas básicas de pronto consumo, antecipação do 13º salário de servidores, pagamento de insumos do Hospital de Campanha do Exército, restabelecimento de sistemas de saneamento, diárias e combustível.
No dia 5 deste mês foi iniciado o cadastramento de desabrigados, que até agora contabiliza 2.111 pessoas em 14 municípios. Desde ontem o Estado cadastra imóveis danificados e destruídos, para realizar um cruzamento posterior com a base de dados da Caixa Econômica Federal. O objetivo é identificar famílias beneficiadas por moradias nas enchentes de 2010. Caso as famílias cadastradas este ano ainda não tenham sido beneficiadas, será estudado o pagamento do auxílio-moradia, numa parceria entre Estado e municípios.
Quando as chuvas cessaram, o governo decretou estado de emergência em 27 municípios. Pernambuco chegou a ter pouco mais de 55 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas – o número hoje é de 9.277. Ao todo, 490 habitações foram destruídas, enquanto 4.951 foram danificadas. Segundo o governo, 52 rodovias tiveram algum tipo de avaria, assim como 270 pontes e passagens molhadas. Trinta e oito escolas da rede estadual tiveram danos parciais, enquanto duas foram praticamente destruídas. Cinco delegacias de polícia e uma cadeia pública também entraram no rol dos imóveis avariados pelas chuvas.
JC Online