Publicada em 01/10/2019 às 08h27.
Doença grave é descoberta no país
Casos foram registrados em Sergipe e dois pacientes já morreram.

Imagem: Pixabay


Uma nova doen?a, com sintomas semelhantes ? leishmaniose visceral, por?m mais grave e resistente ao tratamento, foi descoberta em Sergipe. Duas pessoas morreram por causa da doen?a, que j? acometeu 150 pessoas em Aracaju. O parasita ainda ? desconhecido, mas os pesquisadores j? identificaram que ele ? diferente da Leishmania, respons?vel pela leishmaniose.


A doen?a est? sendo investigada por um grupo de pesquisadores brasileiros, que publicaram um artigo na Emerging Infectious Diseases, a revista do Centro de Controle de Doen?as Infecciosas (CDC) dos Estados Unidos. A pesquisa ? realizada no Centro de Pesquisa em Doen?as Inflamat?rias (CRID), com financiamento da Funda??o de Amparo ? Pesquisa do Estado de S?o Paulo (Fapesp).


Liderada pela professora Sandra Regina Costa Maruyama, da Universidade Federal de S?o Carlos (UFSCar), o estudo est? sendo desenvolvido em colabora??o com colegas da equipe do professor Jo?o Santana Silva, da Faculdade de Medicina de Ribeir?o Preto, da Universidade de S?o Paulo (FMRP-USP).


Diagn?stico, sintoma e tratamento


O diagn?stico e tratamento dos pacientes foi feito pelo m?dico Roque Pacheco de Almeida, professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, pesquisador e m?dico do Hospital Universit?rio/EBSERH de Aracaju. Em entrevista ? Ag?ncia Brasil, Almeida contou que a doen?a vem infectando pessoas desde 2011 na capital sergipana, quando ele diagnosticou e tratou o primeiro caso. Esse paciente morreu em 2012, em consequ?ncia da doen?a.


Os sintomas, segundo ele, s?o muito parecidos aos do calazar (nome mais popular da leishmaniose visceral), mas evoluem com mais gravidade. ?A gente trata muitos pacientes com calazar aqui. S?o v?rios por ano. Um desses pacientes n?o respondeu ao tratamento. Ele recidivou [a doen?a reapareceu], tratamos novamente, recidivou de novo. E, na terceira recidiva, apareceram les?es na pele. Em pacientes sem HIV n?o vemos isso. Ele n?o tinha HIV e apareceram les?es na pele, pelo corpo inteiro, tipo bot?es, que chamamos de p?pulas?, contou o m?dico.


?Quando fizemos a bi?psia, eram c?lulas repletas de parasitas. E a? o paciente evoluiu gravemente ao que chamamos de leishmaniose visceral grave, com sangramento. O ba?o dele era gigante, e a gente tentou formas de tratamento, mas ele n?o sobreviveu?, contou.


Almeida coletou amostras de tecidos desse paciente e os enviou a Jo?o Santana Silva, especialista em imunologia da FMRP-USP, que n?o conseguiu identificar o parasita pelos m?todos tradicionais, comparando-o ?s esp?cies j? conhecidas de Leishmania. Em 2014, a identifica??o do parasita ficou a cargo da bi?loga e imunologista Sandra Regina Costa Maruyama, que come?ou a desconfiar que se tratava, na verdade, de um novo parasita que ainda n?o havia sido descrito pela ci?ncia.


?A gente estava diante de um caso grave. Como n?o conhec?amos outras doen?as, a gente achou que era um calazar grave. Mas quando fomos ver, o parasita isolado da medula ?ssea, da pele e do ba?o [desse paciente] se comportava tamb?m de maneira diferente em um camundongo [de laborat?rio]. O parasita [retirado] da pele dava les?o na pele do camundongo, mas n?o dava nos ?rg?os. E o parasita que veio da medula ?ssea dava les?o parecida com o calazar, no ba?o e no f?gado [do camundongo]. Temos ent?o dois parasitas diferentes no mesmo paciente?, falou Almeida.


Eles ent?o fizeram um sequenciamento do DNA do parasita, que foi comparado ao de outros protozo?rios. Os pesquisadores perceberam, ent?o, que n?o se tratava de Leishmania. O novo parasita se assemelha ao Crithidia fasciculata, que infecta apenas insetos e que ? incapaz de infectar mam?feros. No entanto, essa nova esp?cie de parasita foi capaz de infectar humanos e camundongos ? e de forma grave.


Segundo Almeida, os 150 pacientes isolados tamb?m est?o sendo testados para se avaliar se tamb?m foram infectados por esse novo parasita. ?Boa parte desses pacientes tamb?m pertence a esse novo grupo. Ou seja, o problema pode ser ainda maior do que estamos imaginando?, disse.


Os pesquisadores esperam, em breve, conseguir descrever o novo parasita e nomear a nova doen?a. ?Identificamos um parasita novo, uma doen?a nova, que causa uma doen?a grave e com resposta terap?utica n?o totalmente suficiente ou eficaz. Queremos entender a extens?o disso e de onde apareceu esse parasita, se foi uma muta??o. Tem uma linha grande de pesquisa para a gente investigar. Tamb?m queremos ver, geograficamente, para onde est? se expandindo o parasita?, disse Almeida.


Leishmaniose


Segundo a Organiza??o Mundial da Sa?de (OMS), entre 50 mil e 90 mil pessoas adoecem todos os anos com leishmaniose visceral. Dos casos registrados na Am?rica Latina, 90% ocorrem no Brasil. Tamb?m conhecida como calazar, ela ? transmitida ao homem pela picada de f?meas do inseto infectado, conhecido popularmente como mosquito palha ou birigui. A transmiss?o aos insetos ocorre quando f?meas do mosquito picam c?es ou outros animais infectados e depois picam o homem, transmitindo o protozo?rio Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral.


Segundo o Minist?rio da Sa?de, esses insetos s?o pequenos e t?m como caracter?sticas a colora??o amarelada ou de cor palha e, em posi??o de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. Eles se desenvolvem em locais ?midos, sombreados e ricos em mat?ria org?nica (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favore?am a umidade do solo). No ambiente urbano, o c?o ? a principal fonte de infec??o para o vetor, podendo desenvolver os sintomas da doen?a, que s?o: emagrecimento, queda de pelos, crescimento e deforma??o das unhas, paralisia de membros posteriores e desnutri??o, entre outros.


Nos humanos, os sintomas da doen?a s?o febre de longa dura??o, aumento do f?gado e do ba?o, perda de peso, fraqueza, redu??o da for?a muscular e anemia. Se n?o tratada, pode ser fatal.


Em 2017, segundo o Minist?rio da Sa?de, 4.103 casos de leishamiose visceral foram notificados no Brasil, sendo que 1.824 deles registrados na Regi?o Nordeste. Em m?dia, cerca de 3,5 mil casos s?o registrados anualmente. Nos ?ltimos anos, a letalidade vem aumentando gradativamente. Em 2017, 327 pessoas morreram no Brasil por causa dessa doen?a.


FONTE: FOLHA PE 

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