Prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos) / Foto: Cortesia.
Uma mensagem de um empresário
de Pesqueira, no Agreste, é citada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
para incriminar o prefeito Cacique Marcos Xukuru (Republicanos) em um suposto
esquema de corrupção que teria desviado R$ 15,7 milhões do município. Ao todo,
13 pessoas respondem à denúncia por organização criminosa, fraudes em licitação
e lavagem de dinheiro.
De acordo com o MPPE, a conversa é travada entre os irmãos Janaína e José Janailson Cavalcanti, que seriam favorecidos pelo direcionamento de concorrências e também figuram como réus no processo. “Ele [Cacique Marcos Xukuru] é conivente com a safadeza. Ele participa da safadeza, entendeu? ”, diz trecho da mensagem atribuída ao empresário. “Ele diz que não quer saber disso mais, que não sei o quê, e não quer largar o osso”.
Na ocasião, os irmãos
demonstravam insatisfação com o prefeito porque outros servidores públicos, que
atuavam como intermediários, estariam cobrando propina extra, segundo a
investigação. Os dois também estariam sendo preteridos por outros empresários
no suposto esquema. A denúncia foi aceita no Tribunal de Justiça de Pernambuco
(TJPE) na sexta-feira (25).
“Na verdade, eles sabem que o
dinheiro não vem todo para o bolso. Sabem perfeitamente, mas querem comer,
entendeu? Eles sabem que se ajeitar uma licitação pra você, pra mim, eles não
vão comer, não vai, que eu não vou dar dinheiro a Adilson, não vou dar dinheiro
a essa menina aí, não vou dar dinheiro a esse povo”, diz Janailson, na
sequência.
Fraudes
Segundo a investigação, as
licitações em Pesqueira eram direcionadas para retribuir o apoio financeiro –
de cerca de R$ 2 milhões – recebido durante a campanha eleitoral de 2020. Foram
identificadas ao menos 15 concorrências com suspeita de fraude entre janeiro de
2021 e setembro de 2022.
Alvo da Operação Pactum
Amicis, deflagrada pela Polícia Civil, Cacique Marcos chegou a ser afastado da
Prefeitura no início deste mês. Na ocasião, ele alegou inocência e disse ser
vítima de perseguição política.
Também respondem à acusação os
vereadores Jucenildo José Simplício Freira, conhecido como Sil Xukuru (PT), e
José Maria Alves Pereira Júnior, o Pastinha Xukuru (PP), que é ex-presidente da
Câmara Municipal de Pesqueira, além de funcionários públicos e outros
empresários.
Na denúncia, o MPPE aponta
Cacique Marcos como o suposto líder do esquema. De acordo com a promotoria, ele
também teria recebido indevidamente R$ 77 mil, em transações bancárias, e até
uma Hilux, para uso pessoal. Os pagamentos fracionados serviriam para
dissimular as propinas e lavar dinheiro, segundo a promotoria.
O grupo seria organizado em
dois núcleos. Formado por integrantes da Prefeitura, o núcleo “Público” seria
responsável por direcionar concorrências, fornecer informações privilegiadas e
aprovar pagamentos indevidos. Já o “Privado”, composto por empresários, pagavam
propinas e participavam da lavagem dos valores obtidos.
Além do prefeito e dos
vereadores, os outros réus acusados de participar do primeiro núcleo são
Adailton Suesley Cintra Silva Taumaturgo, então secretário municipal de
Infraestrutura; Francisco Alves do Nascimento, engenheiro responsável por
fiscalizar os contratos, e Adilson Ferreira, que foi presidente de Comissões
Permanentes de Licitação entre 2021 e 2022.
Já a lista de empresários
inclui Paulo Antônio Paezinho de Araújo, da MGA Construtora Ltda, e José
Washington Marques Cavalcanti, apontado como o verdadeiro proprietário da DLG
Construtora Ltda, registrada no nome de familiares.
Os outros réus são Rozelli
Cícera de Souza, Jaelson dos Santos Júnior e José Djailson Lopes da Silva. Esse
último, que é 1º Tenente da Polícia Militar de Pernambuco, também responde à investigação
na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Em nota, a defesa do prefeito informou que ainda não foi comunicada oficialmente das acusações, mas confia que restará comprovada sua inocência, reafirmando sua plena confiança no Poder Judiciário de Pernambuco. A Câmara Municipal também foi procurada, mas não deu retorno. A defesa dos demais citados não foi localizada.
*O espaço segue aberto para manifestação.
FONTE: DIARIO DE PERNAMBUCO.