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O conclave que vai eleger o
próximo Papa começa nesta quarta-feira, quando os cardeais eleitores se
reunirão a portas fechadas na Capela Sistina para definir o sucessor de
Francisco.
O processo terá início, segundo a Santa Sé, com a "Missa Pro Eligendo Pontifice"
(Missa para a Escolha do Pontífice), na Basílica de São Pedro. Presidida pelo
cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, ela está marcada
para ocorrer a partir das 10h no horário local (5h em Brasília).
Depois, às 16h30 (11h30 em Brasília), a primeira rodada de votação do conclave é iniciada. Um dos momentos mais simbólicos da Igreja Católica, a fumaça que indica a eleição (ou não) de um novo Pontífice já tem horários previstos para acontecer. A primeira delas — normalmente preta, já que dificilmente há consenso logo na primeira rodada de votação — está prevista para às 19h de quarta-feira (14h em Brasília).
A partir do segundo dia, o ritmo segue um padrão estabelecido: são quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde. No entanto, só há previsão de uma fumaça por turno de votação, podendo aparecer às 5h30 ou 7h e 12h30 ou 14h.
Caso o novo Papa seja escolhido já na primeira votação de uma das sessões, a fumaça branca pode aparecer antes do horário previsto, indicando que o quórum de dois terços foi alcançado. Se não houver, a queima com a emissão da fumaça preta ocorre só no segundo horário de cada turno. Após a fumaça branca, o anúncio oficial — o tradicional “Habemus Papam” — costuma ocorrer entre 45 minutos e uma hora depois, com o novo Pontífice se apresentando na sacada da Basílica de São Pedro.
Caso a definição do novo Pontífice não seja feita em três dias, a votação é suspensa para um dia de oração.
As fumaças são geradas pela queima das cédulas eleitorais em um fogareiro especial na Capela Sistina. Para evitar dúvidas, naftalina e lactose são adicionados para gerar, respectivamente, a fumaça preta e a branca. Desde 2005, um sistema garante que as cores sejam nítidas — e que os fiéis não precisem mais interpretar a fumaça à distância, como acontecia no passado.
Na semana passada, o Vaticano anunciou que dois cardeais eleitores — com menos de 80 anos — não estarão presentes por motivos de saúde. Com isso, o número de cardeais votantes será de 133 (sendo sete brasileiros) e os dois terços necessários para a eleição ficam em 88. O idioma oficial do conclave será o italiano, mas haverá intérpretes.
A eleição
Por sorteio, três cardeais são designados “escrutinadores”, outros três como
“infirmarii” (encarregados de recolher o voto dos cardeais doentes) e mais três
como revisores para verificar a contagem.
Juntos, os cardeais recebem cédulas retangulares com a frase “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”) na parte superior, com um espaço em branco logo abaixo para que os eleitores escrevam o nome de seus candidatos à mão, “com a caligrafia mais irreconhecível possível”. Em tese, é proibido votar no próprio nome.
Cada cardeal se dirige por turnos ao altar, segurando sua cédula no ar para que seja bem visível, e pronuncia em voz alta o seguinte juramento em latim: “Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito. ” Eles depositam suas cédulas em um prato e as deslizam na urna diante dos escrutinadores. Depois, voltam para suas cadeiras.
Cardeais que, por motivo de saúde ou idade avançada, não conseguem ir até a urna entregam seu voto a um escrutinador, que o deposita em seu nome.
O escrutínio
Uma vez recolhidas todas as cédulas, um escrutinador agita a urna para
misturá-las, transfere as cédulas para um segundo recipiente e outro cardeal as
contas. Dois escrutinadores anotam os nomes, enquanto um terceiro os lê em voz
alta e perfura as cédulas com uma agulha no ponto em que está a palavra
“Eligo”. Os revisores comprovam em seguida que não foram cometidos erros.
‘Habemus Papam’
O cardeal eleito deverá responder a duas perguntas do decano: “Aceita sua
eleição canônica para Sumo Pontífice? ” e “Como deseja ser chamado?”. Caso
responda sim à primeira, torna-se Papa e bispo de Roma. Um por um, os cardeais
expressam um gesto de respeito e obediência ao novo Papa, antes do anúncio aos
fiéis. Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia
“Habemus papam”. Em seguida, o novo Pontífice aparece e pronuncia a bênção
“urbi et orbi” (“à cidade e ao mundo”).
FONTE: FOLHA PE.