Publicada em 08/05/2025 às 09h43.
Banco Central eleva Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano, no maior nível em quase 20 anos
O Copom disse que se manterá vigilante e que o objetivo de trazer a inflação à meta guiará a calibragem do ciclo de alta de juros.


O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desacelerou o ritmo de alta dos juros e elevou nesta quarta-feira (7), em decisão unânime, a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano -maior nível registrado em quase duas décadas.

 

No comunicado, o colegiado do BC não deu pistas sobre os próximos passos e falou em flexibilidade e cautela. "O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação", afirmou.


O Copom disse também que se manterá vigilante e que o objetivo de trazer a inflação à meta guiará a calibragem do ciclo de alta de juros. A magnitude total dependerá, segundo o comitê, da evolução da trajetória e das projeções de inflação, das expectativas, do hiato do produto (diferença entre o crescimento potencial da economia e o efetivo) e do balanço de riscos.


O comitê avaliou que o cenário continua marcado por projeções de inflação elevadas, expectativas distantes da meta, atividade econômica resiliente e pressões no mercado de trabalho. Diante disso, sinalizou que os juros devem seguir em patamar elevado por um período prolongado, de forma a contrair a economia para assegurar a convergência da inflação à meta.


No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano recuou de 5,1% para 4,8%, pouco acima do teto da meta. Para o ano de 2026 -período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo- a estimativa caiu de 3,9% para 3,6%.


Nesta quarta, o colegiado seguiu o plano desenhado em março, quando indicou que continuaria subindo os juros diante do panorama "adverso" para a convergência da inflação ao alvo e da elevada incerteza econômica. Embora não tenha antecipado qual seria o ritmo específico, afirmou que previa um ajuste menor do que 1 ponto percentual -intensidade que havia adotado em três reuniões seguidas, desde dezembro de 2024.


Ao todo, o Copom já realizou seis aumentos consecutivos da Selic no atual ciclo de alta de juros -iniciado na gestão anterior, de Roberto Campos Neto. A taxa acumula elevação de 4,25 pontos percentuais desde setembro de 2024, quando estava em 10,50% ao ano.


A Selic está agora no mesmo patamar observado entre julho e agosto de 2006. No entanto, na época, a taxa básica seguia em trajetória de queda depois de ter atingido o pico de 19,75% ao ano, em meio ao escândalo do mensalão, em 2005.


A decisão desta quarta correspondeu à expectativa majoritária do mercado financeiro. Na véspera desta reunião, levantamento feito pela Bloomberg com 32 instituições mostrou que 31 esperavam alta de 0,5 ponto percentual e apenas uma projetava um aumento de 0,25 ponto.


Desde o último encontro, ganhou força a análise de que a guerra comercial aberta pelos Estados Unidos poderá ter um efeito desinflacionário para o Brasil. Isso fez as expectativas de inflação caírem para este ano e estacionarem para prazos mais longos, ainda que em um patamar distante da meta.


O alvo central perseguido pelo BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta de inflação é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de


Preços ao Consumidor Amplo) termine o próximo ano no limite superior da margem de tolerância. Para 2026, horizonte de tempo na mira do BC, a estimativa mediana do mercado é de 4,51%. Para 2027, a projeção segue estável pela 11ª semana seguida, em 4%.


Sobre o cenário internacional, o comitê ressaltou que há maior tensão geopolítica e que o ambiente se mostra "adverso" e "particularmente incerto", influenciado sobretudo pela política comercial dos EUA.


Para o Copom, essa política "alimenta incertezas" sobre a economia global no que diz respeito ao grau de desaceleração econômica e ao efeito heterogêneo sobre a inflação de diversos países -o que traz consequências para a condução da política de juros.


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