Publicada em 18/12/2015 às 09h36.
Polêmica marca julgamento sobre a morte do radialista Jota Cândido
Filha da vítima aguardava ansiosa ao lado de amigos pela decisão do Conselho de Sentença

Após dez anos de espera, enfrentando cinco adiamentos de júri, enfim, a família do radialista e vereador Jota Cândido respirou o sentimento de alívio. Na tarde desta quinta-feira (17), Karolinna Amorim, filha da vítima do assassinato que repercuti até hoje no município de Carpina, na Mata Norte do Estado, aguardava ansiosa ao lado de amigos pela decisão do Conselho de Sentença composto por sete jurados. Dos votos dessas pessoas sairiam o destino dos quatro acusados do homicídio duplamente qualificado contra o vereador que, antes de morrer, lutava pelo fim do nepotismo na administração pública e na Câmara de Vereadores daquele município.

Por volta das 16h, o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, Jorge Luiz dos Santos Henriques, proferia a condenação dos réus. Os ex-militares André Luiz Carvalho, Edilson Soares Rodrigues e Tairone César da Silva Pereira, além do motorista Jorge José da Silva, escutavam a pronuncia do magistrado sem esboçar muita reação, apenas calados e cabisbaixos. Todos cumpriram pena de reclusão em regime fechado que variam de 14 a 21 anos.

Mas, antes do desfecho, uma polêmica marcava a sessão. Durante o debate de réplica e tréplica da promotoria de acusação e os advogados de defesa, um dos defensores, José Siqueira, que representa o réu André, interrompeu a audiência para denunciar a falsificação do depoimento de Severino Veloso Cavalcante, o "Tanta", que era considerada antes de ser assassinada como testemunha-chave do processo judicial. O advogado solicitou o cancelamento do júri por incidente de falsidade documental. No entanto, o juiz analisou que a adulteração documental beneficiaria os acusados, e diante disso, deu continuidade ao julgamento.

"Está claro que a falsificação do referido depoimento só vem em benefício dos acusados, daí os indicativos de que teria sido realizada por encomenda destes, posto que o depoimento suprimido indicaria que o acusado André agiu como intermediário entre o provável mandante (ou prováveis mandantes) e os demais acusados", diz um dos parágrafos da sentença.

Para o promotor de acusação, Roberto Brayner, a condenação dos acusados foi uma resposta a altura da adulteração documental esplanada em plenário. "Apenas ontem foi tomado o conhecimento que havia um documento falso no processo que foi utilizado pela defesa. Isso é uma coisa grave e contra essa gravidade foi respondida a altura. Penso eu que foi feita a justiça. O depoimento da testemunha foi retirado do processo e é fabricada outra ouvida com assinaturas falsas, inclusive a do delegado. No entanto, não considero que esse foi o ponto crucial para a condenação dos réus, as provas que foram esplanadas na sessão comprovaram que os acusados foram os executores do crime", disse o promotor.

O advogado José Siqueira alegou que a defesa alertou ao magistrado sobre a falsificação documental. "Inclusive eu que propôs a instauração do incidente de falsidade documental que está registrado em ata. O magistrado optou por não registrar o pedido já que o julgamento estava em sua fase final. Então eu entendo que a sessão não poderia ocorrer, pois a falsificação contribuía para a acusação dos réus, pois o processo rola há dez anos, já existiam diversas outras cópias, então não há sentido de fazer isso para o júri", comentou Siqueira.

Decisão
Após proferida a decisão do júri, os militares foram de imediato encaminhados para o Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), enquanto Jorge seguirá para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), no município de Abreu e Lima, Região Metropolitana. Ao fim da tramitação, os quatro cumprirão pena na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá. Os advogados de defesa irão recorrer da decisão com o recurso de Habeas corpus que deverá ocorrer nesta sexta-feira (18).

Entenda o caso

Jota Cândido foi morto há 10 anos. Os quatro acusados pela morte do radialista foram presos dias depois do crime e passaram por julgamento desde a quarta-feira (16). Edilson Soares Rodrigues, Tairone César da Silva Pereira, André Luiz Carvalho e Jorge José da Silva podiam pegar até 30 anos de prisão, se condenados.

Em 22 de maio de 2005, Jota Cândido havia denunciado um atentado e chegou a responsabilizar pessoas ligadas à Prefeitura de Carpina. Na época, o radialista foi abordado por uma moto, quando reduzia a velocidade do carro para passar por uma lombada eletrônica.


FONTE: FOLHAPE

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