Publicada em 07/10/2017 às 11h28.
Game transforma alunos em prefeitos por um dia em sala de aula
A experiência já foi levada a 500 alunos de instituições públicas e privadas em 13 Estados.

© Reprodução

 

Se fosse prefeito de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, o professor José Aparecido da Silva, 45, investiria em transporte. Ao mesmo tempo, faria mais escolas para diminuir a fila da creche no município. "Mas acho que já ia ter acabado todo o dinheiro só de investir na mobilidade. Levamos duas horas de um lado ao outro da cidade."


O raciocínio sobre gestão pública, geralmente distante da sala de aula, foi um desafio até para os professores interessados em aproximar a discussão dos alunos do ensino médio. Em grupos, docentes tentavam discutir entre si políticas públicas para o município que contemplassem ao mesmo tempo três parâmetros de avaliação: finanças em dia, aprovação da população e investimento em infraestrutura.


As regras fazem parte do game on-line Cidade em Jogo, lançado em agosto pela Fundação Brava, ONG voltada a melhorar a gestão público no país, em parceria com o Brazil Institute do Wilson Center, centro internacional de estudos acadêmicos ligado ao governo dos Estados Unidos criado em homenagem ao 28º presidente americano, Woodrow Wilson (1856-1924), que governou entre 1913 e 1921.


O game leva para dentro das salas de aula a proposta de transformar os alunos em prefeitos por um dia. A experiência já foi levada a 500 alunos de instituições públicas e privadas em 13 Estados.

Nesta sexta (6), foi a vez de cerca de cem docentes da rede estadual de ensino de Guarulhos serem capacitados para a dinâmica. A ação faz parte do protocolo de intenções assinado entre a secretaria estadual de Educação e a fundação para disseminar o jogo na rede de ensino. A proposta do encontro, segundo a gerente de projetos da Fundação Brava, Ana Dal Fabbro, foi incentivar os coordenadores pedagógicos a inserirem a gestão pública no dia a dia da sala de aula. "Por causa da ditadura militar, as aulas cívicas passaram a ser vistas como um retrocesso. O jogo vem para desmistificar isso e colocar o professor como protagonista dessa mudança."


Baixado de forma gratuita e on-line, o Cidade em Jogo tem sido usado pelos alunos sempre em grupos para estimular o debate e a busca pelo consenso. Dividido em quatro fases, o jogo dura em média 30 minutos, o tempo médio de uma aula.


Primeiro, o aluno escolhe três áreas que terão prioridade em sua gestão. Em seguida, analisa as políticas públicas disponíveis e as aplica. A última etapa consiste em avaliar os impactos de suas escolhas. Para isso, o sistema gera um relatório parecido com uma notícia de jornal, em que a manchete dá o tom se a administração foi ou não bem avaliada.


Segundo Ana, a atual crise política pela qual passa o país tem feito o jogo ser mais disseminado nas aulas de português, principalmente quando os estudantes são convidados a redigir redações sobre o assunto. São nessas aulas que o jogo tem sido usado com mais frequência para ajudar na reflexão antes de escrever. "É uma oportunidade de enriquecer o debate político em tempos de discussões rasas nas redes sociais", diz a gerente.


Além de oferecer a possibilidade de lidar com o orçamento de uma cidade, a plataforma dá ao jogador a chance de se deparar com as consequências de possíveis más escolhas. Ao relegar, por exemplo, obras de saneamento, o prefeito da vez será surpreendido por uma epidemia de dengue na cidade. "Não há certo e errado. Apenas análise de indicadores que dão a dimensão do que é melhor ou não para a população", diz o coordenador de projetos da Fundação Brava, Henrique Krigner.


Em uma escola particular em Cotia, na Grande São Paulo, onde o jogo foi usado em sala de aula, os alunos tiveram a chance também de simular um julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) a respeito da aplicação de cotas raciais na seleção para a UNB (Universidade de Brasília). A classe foi dividida entre grupos favoráveis e contrários à proposta e espectadores. "A educação política precisa ser participativa. Podemos formar pessoas que podem mudar o futuro ao se tornarem sujeitos de sua própria história", diz Renata Ferraz, uma das fundadores do Pé na Escola, negócio social voltado à educação política, que viabilizou a atividade na escola.


 

Apesar de estar sendo aplicado nas escolas, o game Cidade em Jogo pode ser acessado por qualquer interessado no endereço: cidadeemjogo.org.br. Com informações da Folhapress.

 

 

 

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