O julgamento está previsto para começar às 8h30, no auditório do 2º Tribunal do Júri, no Setor Oeste, em Goiânia. De acordo com o presidente da sessão, juiz Jesseir Coelho de Alcântara, duas testemunhas de acusação devem ser ouvidas: a mãe da vítima e um vizinho. Não há testemunhas de defesa arroladas.
O magistrado disse que a expectativa “é grande” para o primeiro julgamento, o que atrairá muitas pessoas. O júri deve ser composto por sete integrantes. Para o juiz, não há como medir o impacto desta sessão para as demais.
“A gente não sabe o que está na cabeça dos jurados. No próximo, são outros jurados, outros sete. Acredito que, como muda os jurados, é difícil precisar”, disse Alcântara.

Mãe de Ana Karla, Ironildes Lemes está ansiosa para o julgamento. "O coração está apertado, as vezes até dói. A gente quer justiça, que ele pague pelo que fez. Se um camarada desse ficar impune poderiam acontecer outras tragédias. Da mesma forma que ele matou várias pessoas, ele poderia continuar [matando] mais", declarou.
Na última sexta-feira (12), Tiago enviou uma carta ao juiz pedindo compreensão pelos crimes cometidos. No texto, ele afirma que queria a chance de voltar à infância e recomeçar sua vida. O documento já foi juntado aos autos do processo e deve ser apresentado durante o julgamento.
Esta é a segunda carta do acusado que é juntada ao processo. A primeira foi em maio do ano passado, quando ele também afirmou estar arrependido dos crimes cometidos e pediu perdão às famílias das vítimas.
Homicídios
Tiago está preso desde 14 de outubro de 2014. Ele é acusado de 35 homicídios na Grande Goiânia. Apenas um dos processos está em andamento na 4ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia, os demais estão nas 1ª e 2ª varas da capital.

O vigilante foi denunciado por um 36º crime, contra um jovem em Goiânia. Porém, o caso foi arquivado por falta de provas. Além do processo da morte de Ana Karla, Tiago já foi mandado a júri popular por 28 homicídios desde 2011.
No assassinato de Ana Karla, o vigilante foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e utilização de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O exame de balística comprovou que a adolescente foi morta por uma bala disparada pela arma apreendida com Tiago.
Laudo divulgado pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás aponta o vigilante como psicopata, mas imputável, ou seja, plenamente capaz de responder pelos seus atos. Por isso, Jesseir não acolheu o pedido da defesa quanto a inimputabilidade ou semi-inimputabilidade do vigilante com base no laudo de insanidade mental, já que o documento concluiu que ele não possui doença mental, nem desenvolvimento mental incompleto.
