Com medo da onda de assaltos que assola o município de Tamandaré, no Litoral Sul do estado, comerciantes e moradores tentam se proteger como podem. Eles reclamam da falta de policiamento na cidade com pouco mais de 20 mil habitantes. Por ser uma região turística, a população também está preocupada com a segurança dos visitantes que frequentam as praias de Tamandaré, Carneiros, Sirinhaém e Porto de Galinhas.
Para tentar preservar o que tem dentro dos imóveis, o cenário comum em Tamandaré é cerca, muro alto e grade nas entradas. A dona de casa Josefa Ferreira tem cão de guarda e ainda colocou espinhos no portão. “Eu não saio à noite, tranco a casa com cadeado e guardo a chave. Um dia mesmo ladrões foram na minha casa assaltar e eu tive que ligar para um coronel do Recife para ele mandar um policial à minha casa”, conta.
Durante a semana, algumas casas ficam desertas, já que muitas delas são de pessoas que viajam para aproveitar a praia apenas nos fins de semana. O caseiro Romildo da Silva diz que nunca viu tantos assaltos na região. “Quando é tempo de veranistas é que a bandidagem aumenta. Tamandaré está entregue às baratas”, avalia.
Os comerciantes também estão com medo dos assaltos. O jeito encontrado por eles é trancar as portas do estabelecimentos. “Os clientes, que não apareciam mais, estão voltando porque a gente trabalha assim, fechados”, conta a cabelereira Nilza Paula.
Moradores alegam que apenas dois policiais militares fazem a segurança da cidade. “O vizinho aqui do lado já foi assaltado, o dentista já foi assaltado e o rapaz que vende coxinha já foi assaltado também”, enumera a comerciante Sônia Ribeiro.
A padaria de Edvaldo Zacarias foi assaltada duas vezes em apenas um mês. Para tentar inibir a ação dos bandidos, o dono colocou câmeras de segurança, que conseguiram registrar o último roubo. “Quinze dias depois é que consegui falar com o policial e fazer o B.O [Boletim de Ocorrência], porque são só dois policiais para a cidade toda. Quando pega um preso vai para Palmares para ser ouvido lá. Enquanto isso, a delegacia [de Tamandaré] fica fechada. O cidadão fica sem segurança nenhuma”, desabafa.
Nem a Igreja Matriz escapou da onda de crimes. O padre Arlindo Junior relembra que dois suspeitos arrombaram o templo e levaram equipamentos elétricos e objetos de uso carismático. Algumas peças foram recuperadas e o sacerdote ajuda às autoridades. Foi muito doloroso para nós saber que invadiram e quebraram a porta para roubar o sacrário e levar as hóstias consagradas. Toda comunidade ficou sentida. Quando fui à delegacia para pedir proteção do estado, o policial me orientou a fazer o B.O pela internet. Quem pode nos ajudar? Só Deus para ajudar”, reclama.
Policiamento
Dividindo o comando de duas delegacias, a de Tamandaré e do município de São José da Coroa Grande, mesma região do estado, o delegado Alexandre Henrique menciona que é difícil dar conta do trabalho devido à alta demanda, mas que está tentando encontrar uma solução. “A delegacia conta com quatro agentes e um escrivão”, enfatiza. Ele garante também que a questão da demora em realizar o B.O já foi solucionada.
Já o major Souza Filho, sub comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, anuncia que reforçará o policiamento de segunda a sexta-feira e não só nos fins de semana. “Já tomamos a providência de mandar mais policiais [para o município]. Agora, nós temos mais um batalhão com duas viaturas e quatro homens por guarnição. Dispomos também do Grupo de Apoio Tatico Itinerante (Gati), porque entendemos que é uma cidade turística e precisa de atenção”, completa.
G1