Publicada em 19/07/2019 às 15h32.
Petrobras diz que não abasteceu navios iranianos com medo de sanções dos EUA
Em comunicado enviado ao mercado nesta sexta, estatal alega que fornecimento de combustível poderia "ocasionar graves prejuízos à companhia".

 

Imagem: TV Globo/Reprodução

 

A Petrobras confirmou nesta sexta-feira (19) em comunicado ao mercado que não abasteceu dois navios iranianos parados perto do porto de Paranaguá, no Paraná, porque as embarcações e a empresa à qual elas pertencem estão sob sanções dos Estados Unidos.


"Caso a Petrobras venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista [de empresas sob sanções norte-americanas], o que poderia ocasionar graves prejuízos à companhia", diz o texto.


Na nota, a petroleira disse ainda que "existem outras fornecedoras de combustível no país" e que "mantém seu compromisso em atender a demanda de seus clientes, desde que observadas as normas aplicáveis e suas políticas de conformidade".


Os EUA têm ampliado as sanções contra o Irã neste ano, com o objetivo de sufocar a economia do país, com foco principalmente no setor de petróleo. O Irã adota ações militares e faz ameaças nucleares contra os americanos – o país anunciou recentemente que vai aumentar seu estoque de urânio enriquecido, superando o limite estabelecido num acordo internacional em 2015.


"Existe esse problema, os EUA, de forma unilateral, pelo o que me consta, tem embargos levantados contra o Irã. As empresas brasileiras formam avisadas por nós desse problema e estão correndo risco neste sentido", disse o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira.


"E o mundo está aí. Eu particularmente estou me aproximando cada vez mais do Trump, fui recebido duas vezes por ele. Ele é a primeira economia do mundo, segundo mercado econômica e hoje, abri aos jornalistas estrangeiros, que o Brasil está de braços abertos para fazermos acordos para o bem dos nossos povos", afirmou.


Os navios, chamados Bavand e Termeh, vieram ao Brasil carregados de ureia e deveriam retornar ao Irã com milho brasileiro. Eles estão parados desde o início de junho. Segundo a Reuters, os cargueiros pertencem à Sapid Shiping, que não respondeu a pedidos de comentários.


Em nota, a Petrobras destacou que ureia é um produto "também sujeito a sanções norte-americanas".


O Bavand já carregado com 48 mil toneladas de milho e está fundeado em frente ao porto de Paranguá. O Termeh ainda está vazio e está a cerca de 20 quilômetros do porto. Juntos, eles podem transportar 100 mil toneladas, que podem valer até R$ 100 milhões.


Em nota divulgada nesta sexta-feira, a exportadora que afreta (aluga) os navios que estão parados afirma que a sanção não se aplica a comida e produtos agrícolas.


A companhia chegou a conseguir uma liminar na Justiça ordenando o abastecimento dos cargueiros, mas a decisão foi derrubada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. A decisão foi preliminar e será levada ao colegiado. O nome da exportadora não foi divulgado porque esse processo corre em sigilo.


"O combustível será usado para possibilitar a exportação de milho. Ainda que a norma do Tesouro Americano fosse aplicada à Petrobras, o transporte de alimentos é uma das exceções previstas no que a lei americana chama de 'Humanitarian Exception', ou exceção humanitária, que é uma licença geral para o transporte de commodities agrícolas, comida, medicamentos e equipamentos médicos", diz o texto.


A companhia diz também que só a Petrobras pode fornecer o tipo de combustível necessário porque ela é monopolista nesse segmento. "Não há outras alternativas viáveis e seguras para o abastecimento das embarcações".

Navios de companhias multinacionais de outros países com milho destinado ao Irã partiram sem problemas recentemente, segundo dados marítimos.


O Irã é o maior comprador de milho brasileiro. No primeiro semestre deste ano 2019, importou 2,5 milhões de toneladas do cereal, praticamente o mesmo volume comprado no mesmo período do ano passado.

O país asiático também é um dos principais importadores de soja e carne bovina do Brasil.


Íntegra da nota da Petrobras


"A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras esclarece sobre notícias veiculadas na mídia relacionadas ao fornecimento de combustível para dois navios iranianos.


A Petrobras não forneceu combustível à empresa exportadora, pois os navios iranianos por ela contratados e a empresa iraniana proprietária dessas embarcações encontram-se sancionados pelos Estados Unidos e constam da lista de Specially Designated Nationals and Blocked Persons List (SDN) do Office of Foreign Assets Control (OFAC). Caso a Petrobras venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista, o que poderia ocasionar graves prejuízos à companhia. Cabe ressaltar que existem outras fornecedoras de combustível no país.


A companhia mantém seu compromisso em atender a demanda de seus clientes, desde queobservadas as normas aplicáveis e suas políticas de conformidade."


Íntegra da nota da exportadora


"Sobre o caso dos navios iranianos aguardam decisão judicial para deixar porto de Paranaguá, esclarecemos que:


- O impasse é restrito à Petrobras e a empresa brasileira que afretou as embarcações para exportar milho. Não há qualquer impasse com o Departamento de Tesouro dos EUA ou com as autoridades portuárias. Toda a documentação de liberação dos navios já foi fornecida pelas autoridades brasileiras.


- As restrições de contratação com entidades listadas pelo OFAC são aplicáveis a cidadãos e entidades norte-americanos, não à Petrobras.


- O combustível será usado para possibilitar a exportação de milho. Ainda que a norma do Tesouro Americano fosse aplicada à Petrobras, o transporte de alimentos é uma das exceções previstas no que a lei americana chama de “Humanitarian Exception”, ou exceção humanitária, que é uma licença geral para o transporte de commodities agrícolas, comida, medicamentos e equipamentos médicos.


- O que a empresa brasileira pretende é que lhe seja fornecido combustível. A empresa brasileira NÃO está listada pelo Departamento de Tesouro norte-americano, diferentemente do que foi informado na reportagem. A empresa iraniana é somente a dona da embarcação e não possui qualquer relação com a Petrobras.


- O fornecimento de combustível não tem qualquer relação com a importação de ureia (um fertilizante comum, que a própria Petrobras também comercializa) para o Brasil, uma vez que essa importação já foi finalizada. Seja como for, a ureia é uma commodity agrícola e, portanto, produto de livre circulação conforme as normas norte-americanas invocadas pela Petrobras para recusar o abastecimento.


- Não há outras alternativas viáveis e seguras para o abastecimento das embarcações, que dependem de um tipo específico de combustível cujo fornecimento é monopólio da Petrobras.


- O não fornecimento do combustível fará com que as embarcações fiquem à deriva a qualquer momento, colocando em risco os tripulantes, o navio, a carga, o meio ambiente e as demais embarcações que estiverem fundeadas em Paranaguá.


- O Irã é um parceiro comercial importante para o Brasil, sendo o maior importador de milho brasileiro de acordo com informações públicas do MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços."


FONTE: G1

 

 

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