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Os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e da Bolívia, Evo Morales, vêm sendo pressionados a renunciar e têm enfrentado manifestações contrárias a seus governos. Apesar de enfrentarem protestos por diferentes razões, ambos coincidem em que não pretendem renunciar a seus cargos.
No Chile, os protestos começaram no dia 17 de outubro, após o governo de Piñera ter aumentado o preço das passagens do metrô. Mesmo após o presidente ter voltado atrás e cancelado o aumento, as manifestações não cessaram. Ele ainda anunciou pacotes de medidas para conter a insatisfação dos chilenos, mas o anúncio não acalmou os protestos.
O país foi palco das manifestações mais violentas e numerosas dos últimos trinta anos.
“Seguramente chegarei ao fim do meu governo. Fui eleito democraticamente por uma grande maioria de chilenos”, disse Piñera na terça-feira (5), em entrevista concedida à britânica BBC, empresa pública de comunicação.
No entanto, após mais de 20 dias de protestos, o presidente admitiu, pela primeira vez, a hipótese de reformar a Constituição, elaborada durante a ditadura de Pinochet. "Estamos dispostos a discutir tudo, incluindo uma reforma da Constituição", disse o político.
Entre as medidas para conter as manifestações, ele anunciou um pacote de ajuda para 6.800 pequenas e microempresas afetadas pela crise social, além de um aumento de 20% nas aposentadorias básicas, um aumento do salário mínimo para US$ 482, um imposto para os ricos - aqueles que têm renda superior a onze mil dólares por mês, e uma redução nas contas de eletricidade. Ele também trocou oito de seus 24 ministros.
Caso Piñera renunciasse hoje, a constituição chilena determina que ele seria substituído pelo ministro do Interior, que convocaria novas eleições. O vencedor terminaria o mandato atual. Isso porque ele ainda não cumpriu dois anos de mandato (ele cumpre em março do ano que vem). Se a renúncia acontecer após o cumprimento de dois anos de mandato, o Congresso é o responsável por decidir o nome do substituto.
Bolívia
Na Bolívia, Morales enfrenta manifestações desde 21 de outubro, dia seguinte às eleições gerais. Com uma apuração confusa e com suspeitas de fraude eleitoral, Morales foi eleito em primeiro turno para o seu quarto mandato consecutivo.
Em um primeiro momento, a oposição pedia que as eleições fossem a segundo turno. No entanto, com o passar dos dias e as crescentes manifestações, os opositores recrudesceram o discurso e passaram a pedir o cancelamento das eleições, um novo pleito e a renúncia dele.
“Que renúncia? Aqui vamos cumprir a Constituição Política do Estado e fazer cumprir o voto do povo boliviano. O grande problema que alguns grupos têm é que eles não aceitam o voto do movimento indígena”, afirmou Morales, que disse estar magoado com as mentiras e acusações feitas contra ele.
Movimentos oposicionistas fazem uma paralisação no país, sem data para acabar. Eles decidiram paralisar as instituições estatais e as fronteiras da Bolívia, com a ressalva de deixar funcionando os aeroportos internacionais e serviços básicos essenciais e emergências médicas.
Uma Missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), com 30 especialistas, realiza uma auditoria para determinar se houve ou não fraude nas eleições. O líder afirmou que, se forem detectadas irregularidades, ele estará disposto a ir para o segundo turno. O resultado da auditoria deve ser divulgado na semana que vem.
FONTE: FOLHA PE