Daqui a exatamente quatro meses, milhões de pessoas ao redor do mundo voltarão suas atenções ao Maracanã. Seja pela TV ou na privilegiada posição na arquibancada do estádio, elas verão o espetáculo da abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro. O Brasil será o protagonista da festa, e um atleta terá a honra de carregar o pavilhão nacional na parada das nações. O nome do porta-bandeira ainda não está definido, mas o Comitê Olímpico do Brasil (COB) deixou claro que o escolhido será um campeão olímpico, restringindo a lista de opções.
- Sempre definimos em cima dos Jogos. Lá na Vila Olímpica. Nosso critério é ser campeão olímpico. Temos muitos campeões olímpicos competindo na primeira semana. Como estamos mais preocupados com o resultado do que com a festa, vai depender de o cara querer ou não desfilar - disse Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de esportes do COB.
No momento, o único campeão olímpico confirmado no Time Brasil é o velejador Robert Scheidt. O vôlei pode ter até 11 medalhistas de ouro ao fim das convocações dos técnicos Bernardinho e Zé Roberto. O ginasta Arthur Zanetti, a judoca Sarah Menezes e o cavaleiro Rodrigo Pessoaestão próximos de serem convocados. Cesar Cielo fecha a lista de campeões olímpicos que podem estar nos Jogos do Rio, mas ainda precisa buscar classificação no Troféu Maria Lenk, entre 15 e 20 deste mês.
No ano passado, o COB cogitou abrir uma votação pública para apontar o porta-bandeira dos Jogos do Rio. Marcus Vinícius, porém, afirma agora que a decisão vai ser interna.
- É difícil ser uma escolha popular, porque dependemos de saber se o cara vai querer (estar na abertura). Vai ser uma escolha mais interna - disse o diretor executivo de esportes.
Campeão olímpico nos Jogos de Atenas, em 2004, Serginho ainda ajudou a seleção brasileira de vôlei a conquistar duas pratas - Pequim 2008 e Londres 2012. O carismático líbero chegou a se aposentar da equipe nacional no início deste ciclo olímpico, mas retornou ao time de Bernardinho na Liga Mundial do ano passado. Como o Brasil só estreia no dia 7 de agosto, o jogador pode participar da cerimônia de abertura. Aos 40 anos, ele é muito cotado para estar na lista para o Rio.
Outro campeão olímpica de 2004 que ainda está no radar da comissão técnica de Bernardinho é Dante. O ponteiro de 35 anos está atuando no vôlei japonês. Fora da seleção nas últimas competições, ele corre por fora na briga por uma vaga nos Jogos e, consequentemente, no páreo para ser porta-bandeira.
Maior medalhista olímpico do Brasil com dois ouros, duas pratas e um bronze, Robert Scheidt tem o currículo mais indicado ao posto de porta-bandeira. Outro ponto a seu favor é não competir no primeiro fim de semana. No entanto, o velejador já carregou o pavilhão verde-amarelo na cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim, em 2008.
O cenário de Scheidt é bem parecido com o de Rodrigo Pessoa, do hipismo. Campeão olímpico nos Jogos de Atenas, em 2004, o cavaleiro também não competirá no primeiro fim de semana se confirmado na equipe brasileira de salto. Só que o atleta foi o último porta-bandeira do Brasil, liderando a delegação verde-amarela na parada das nações de Londres.
Na convocação inicial do técnico Zé Roberto, nove campeãs olímpicas aparecem com grandes chances de disputar as Olimpíadas do Rio. Quatro delas têm dois títulos e estão na frente no páreo para ser porta-bandeira: Thaísa, Sheilla, Jaqueline e Fabiana, capitã da equipe nacional. Campeãs "apenas" nos Jogos de Londres, Dani Lins, Adenízia, Tandara, Natália e Fernanda Garay não podem ser descartadas. O problema é que as jogadoras já entram em ação no dia seguinte à abertura, o dia 6 de agosto. Assim, a presença delas na abertura não é certa.
Os dois brasileiros campeões olímpicos de provas individuais de 2012 estão entre os favoritos dos cariocas para o posto de porta-bandeira. Na pesquisa do Laboratório de Práticas de Pesquisas do Centro Universitário UniCarioca, o ginasta Arthur Zanetti só fica atrás de Cesar Cielo na preferência popular, com 14% dos votos, contra 19% do nadador. A judoca Sarah Menezes aparece na quinta posição do ranking, com 3%, só que Neymar (8%) e Fabiana Murer (7%) não são campeões olímpicos. Veja como está a corrida olímpica na ginástica artística.
Os dois, porém, não devem participar da cerimônia de abertura. Sarah luta pelo bi justamente no primeiro dia das Olimpíadas, 6 de agosto, com a estreia pela manhã. Zanetti ainda não sabe o horário que entrará em ação, mas a classificatória masculina da ginástica artística também está agendada para o dia 6 de agosto. As convocações de judô e ginástica artística ainda não foram definidas, mas os dois têm grandes chances de integrarem o Time Brasil.
Confira todos os porta-bandeiras do Brasil em Olimpíadas
1920 - Afrânio Antônio da Costa (tiro esportivo)
1924 - Alfredo Gomes (atletismo)
1932 - Antonio Pereira Lira (atletismo)
1936 - Sylvio de Magalhães Padilha (atletismo)
1948 - Sylvio de Magalhães Padilha (atletismo)
1952 - Mario Jorge da Fonseca Hermes (basquete)
1956 - Wilson Bombarda (basquete)
1960 - Adhemar Ferreira da Silva (atletismo)
1964 - Wlamir Marques (basquete)
1968 - João Gonçalves Filho (polo aquático)
1972 - Luiz Cláudio Menon (basquete)
1976 - João do Pulo (atletismo)
1980 - João do Pulo (atletismo)
1984 - Eduardo Souza Ramos (vela)
1988 - Walter Carmona (judô)
1992 - Aurélio Miguel (judô)
1996 - Joaquim Cruz (atletismo)
2000 - Sandra Pires (vôlei de praia)
2004 - Torben Grael (vela)
2008 - Robert Scheidt (vela)
2012 - Rodrigo Pessoa (hipismo)
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