Imagem: reprodução do Google/ Divulgação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sugerindo medidas para os governos e também para as pessoas para tentar conter a pandemia do novo coronavírus. A organização tem reforçado a importância das atitudes de cada pessoa para tentar controlar a disseminação da doença e também manter a sustentabilidade dos sistemas de saúde. O G1 conversou com alguns especialistas para entender como as atitudes individuais podem fazer a diferença contra a Covid-19.
Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, todas as medidas tomadas até agora estão sendo para evitar o colapso no sistema de saúde. A ideia é que a infecção não aconteça em um número grande de pessoas ao mesmo tempo para que haja um prazo maior de ação. Por isso, segundo eles, as atitudes individuais e coletivas de prevenção são fundamentais.
Alguns dos pontos destacados pelos especialistas são:
A preocupação com as UTIs
Embora muitas das pessoas infectadas pelo coronavírus não desenvolvam sintomas graves, o número de pacientes que são direcionados para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) é relativamente alto. Esse fator aciona um sinal de alerta para o Brasil que, segundo dados do Ministério da Saúde, possui 23 mil leitos de UTI Adulto e Pediátrico no Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Chinese Center for Disease Control and Prevention, na China, 5% dos casos de coronavírus precisaram de tratamento intensivo. Para se ter uma noção, se 100 mil pessoas são infectadas, 5 mil vão ser direcionadas à Unidades de Tratamento Intensivo. Segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), o Brasil possui 16 mil leitos adultos, que atendem a faixa da população que é mais vulnerável à doença, e 95 % deles já estão ocupados por outros casos.
Segundo a Associação, com o avanço da pandemia, a capacidade de receber pacientes em estado grave pode aumentar em 20%, o que representaria a necessidade de, pelo menos, 3.200 novos leitos.
A prevenção como principal medida
Camilla Franco, mestre em saúde coletiva e gestora pública, explica que as ações e prevenções feitas agora têm a intenção de fazer com que as transmissões aconteçam em um período mais prolongado e menos intenso. "A gente não vai ter toda a população adoecendo ao mesmo tempo e, com isso, levando o sistema de saúde a um colapso. As pessoas vão adoecendo em momentos diferentes pois estamos tomando medidas de prevenção, como, por exemplo, evitar aglomerações".
Ela afirma que deve-se evitar o pânico nessas situações e que, para colaborar com sistema de saúde e deixa-lo disponível para quem realmente necessita, precisa-se buscar o primeiro atendimento nos locais de informação e de atenção básica. O objetivo é evitar a sobrecarga de grandes emergências, de Upas e de hospitais.
Segundo Franco, apenas as pessoas que sentem sintomas mais graves da doença, como dificuldade respiratória ou muito cansaço, devem ir para estes locais.
"Com a prevenção e essas atitudes, a gente pode evitar que o nosso sistema de saúde entre em colapso. O Sistema Único de Saúde é grande, universal e gratuito. O SUS vai conseguir atender a população". Camilla Franco, mestre em saúde coletiva e gestora pública.
O infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, afirma que, a partir do momento que as pessoas começam a cumprir as medidas básicas de prevenção, como a higienização das mãos, com água e sabão ou com o uso do álcool gel, e não sair de suas casas tossindo ou com febre, o risco de transmissão do vírus na rua e nos ambientes fechados diminui.
"É importante que elas tomem essas atitudes para respeitar as pessoas, para que essa doença não chegue a quem é mais vulnerável. Tem que ter a consciência de que ao não respeitar essas orientações, pode impactar outras pessoas. E quanto menos pessoas impactadas, menos chance do sistema de saúde entrar em colapso". Jean Gorinchteyn, infectologista do Hospital Emílio Ribas.
Gorinchteyn diz que o sistema público se programou e está preparado para enfrentar essa situação. O infectologista aponta que algumas barreiras foram quebradas para evitar a propagação do vírus, como a diminuição de burocracias para a aquisição de equipamentos, de remédios e de contratação de médicos e paramédicos.
FONTE: G1