Publicada em 27/03/2020 às 15h39.
Tempo de vida do coronavírus em superfícies ainda desafia pesquisas
Estudos não têm diagnóstico exato da duração do vírus no plástico, papel, madeira, alumínio e outros materiais.

Imagem: Canvas/Reprodução


Em tempos de coronavírus, é preciso cuidado extra em relação ao que trazemos para dentro de casa. Com a quarentena causada pela disseminação da Covid-19, cresceram as vendas pela internet e os pedidos de entrega de comida. Aumentou também o medo das caixas, sacolas e embalagens que passam da porta para dentro.


Pesquisas têm se debruçado sobre o tempo que o vírus pode sobreviver em uma superfície após ter sido colocado ali por um espirro ou por uma mão infectada, por exemplo. Um estudo publicado no dia 17 deste mês na revista científica New England Journal of Medicine relatou que em materiais como plástico e aço inoxidável, o novo coronavírus pode permanecer por até três dias, ainda que em quantidades muito pequenas. Uma carga viral mais perigosa foi detectada em até 24 horas após o início do experimento.


No papelão, o vírus foi encontrado com uma carga maior por até oito horas. O material mais hostil para o microrganismo foi o cobre, no qual o vírus suportou até 4 horas em quantidade considerada infecciosa.


Cientistas afirmam que os resultados do estudo são ainda muito iniciais e não definitivos, mas oferecem um parâmetro para estabelecer práticas básicas de cuidados com limpeza e manuseio quando recebemos um pacote em casa ou quando trazemos uma sacola do supermercado.


"Limpe a superfície de tudo o que for pegar na mão", diz Bernadette de Melo Franco, microbiologista e pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos da USP. "Em materiais como papelão e plástico, que não têm células vivas, o vírus não se multiplica, mas embalagens assim funcionam como um caminhãozinho que carrega o vírus", diz.


Assim, se a pessoa tocar na superfície que tiver sido contaminada, deve evitar tocar o rosto em seguida e tem de lavar as mãos como é recomendado pelos especialistas – com água e sabão por pelo menos 20 segundos e esfregando todas as áreas.


As sacolas plásticas de supermercado devem ser evitadas e substituídas pelas bolsas reutilizáveis de pano, que precisam ser lavadas com água e sabão antes e depois do uso.


Para entrega de comida em casa, os especialistas sugerem que o pagamento seja feito pela internet, e que a entrega aconteça sem o contato físico com o entregador, que antes de chegar até a sua casa passou por outras residências e, ainda que não esteja contaminado, pode carregar o vírus.


As embalagens devem ser jogadas fora ou, quando for o caso, higienizadas com álcool 70% ou solução de água sanitária (duas colheres de sopa para cada litro de água). A microbiologista lembra que não há evidência de que os alimentos possam transmitir a doença, mas recomenda a higienização adequada de embalagens e de frutas e vegetais que serão consumidos.


A solução de água sanitária (desde que não contenha alvejante) ou de hipoclorito de sódio (duas colheres de sopa para cada litro de água) pode ser usada para deixar os alimentos em imersão por 15 minutos. É preciso enxaguar em água tratada após o banho.


O tratamento pelo calor, que ocorre quando um alimento é assado, cozido ou frito, também elimina os microorganismos, mas é preciso estar atento ao tempo que o produto leva para ser entregue. Demoras de mais de uma hora podem fazer com que alguns microrganismos se multipliquem e causar gastroenterite ou intoxicação alimentar – e agora é um momento ainda mais crítico para precisar de cuidados médicos e hospitalares.


Segundo Bernadette, não há evidências científicas de que é possível a transmissão da doença pelo manuseio de papel, como livros e jornais ou revistas impressos. Mas a recomendação da microbiologista é de que as mãos sejam corretamente lavadas antes e depois da leitura como uma medida preventiva.


A Organização Mundial da Saúde diz que o risco de adquirir o vírus que causa a Covid-19 de pacote que foi movimentado, transportado e exposto a diferentes condições e temperaturas, como é o caso dos jornais, é baixo. Já a International News Association (INMA), uma das principais organizações de mídia do mundo, publicou estudo segundo o qual não houve nenhuma contaminação por jornal até agora no mundo.


"Não existe medida que vá proteger nossa casa totalmente da entrada do vírus, mas podemos reduzir esse risco ao mínimo possível mantendo hábitos de higiene mais rigorosos", acrescenta Franco.


Ainda não se sabe qual a carga mínima do novo coronavírus necessária para iniciar uma infecção, mas para outros tipos de vírus cargas menores do que 100 doses infecciosas por mililitro do material – ou litro de ar – raramente chegam a causar doença.


"Mas isso não significa que essas doses menores não podem infectar uma pessoa. Ainda não temos essa informação para o coronavírus", alerta Jônatas Abrahão, virologista e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).


Para ele, a principal maneira de transmissão conhecida é o contato físico com as superfícies, é ali que deve estar o principal cuidado com a limpeza. "É melhor partir do princípio que tudo o que entra em casa pode estar contaminado."


Os resultados do estudo mostram que as diferenças de resistência entre o novo coronavírus e seu antecessor, o Sars-Cov-1, não são significativas. "São características evolutivas do vírus que o tornam mais eficiente para causar infecção", diz Natália Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.


Mesmo que o novo coronavírus não esteja completamente decifrado pela ciência, Pasternak diz que não é hora de histeria. "Limpar as superfícies e lavar as mãos são o suficiente para matar o vírus. O que mais precisamos para enfrentar a pandemia é bom senso.”


FONTE: FOLHA PE 

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