Publicada em 18/04/2016 às 09h36.
Ameaça em Pernambuco: 60% a mais de casos escorpiões
Cuidados devem ser redobrados em períodos de chuva. Em abril, foram registradas 283 ocorrências.

Ao contrário de pernilongos, aranhas, formigas e baratas, os escorpiões parecem uma ameaça distante para quem mora em grandes cidades. No entanto, algumas espécies hoje são consideradas urbanizadas - uma delas, a Tytius serrulatus. De cor amarela, esse escorpião é considerado o mais perigoso da América do Sul. Os cuidados, os especialistas alertam, devem ser redobrados em períodos chuvosos. É nessa época que há um aumento no número de acidentes com escorpiões. De janeiro até a primeira quinzena de abril deste ano foram registradas 283 ocorrências pelo Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE), referência no Estado para esses casos. O número representa um aumento de quase 60%, se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizadas 178 ocorrências. As picadas por escorpiões somaram 740 no ano de 2015.


 

De acordo com o biólogo e doutor em Entomologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marco Aurélio de Oliveira, os escorpiões são mais ativos durante os meses quentes do ano, mas em épocas de chuva saem em busca de abrigo em áreas secas, logo, as residências se tornam esconderijos ideais para eles. “Eles ficam mais em redes de esgoto. Com o abrigo alagado por conta do maior volume de água, os escorpiões procuram por lugares mais secos. Como resultado desta fuga do molhado para o seco existe um aumento no número de acidentes com escorpiões na temporada de chuvas”, detalha. De hábitos noturnos, os escorpiões costumam se esconder durante o dia sob cascas de árvores, pedras, tijolos, troncos podres, madeiras empilhadas, fendas, muros e porões, além de locais onde se acumula o lixo doméstico.


No Residencial Forte do Arraial, no bairro do Cordeiro, os moradores estão temerosos com esses visitantes indesejados. Os apartamentos do térreo são os mais atingidos. A babá Elizângela Ferreira, 35 anos, trabalha num deles. Ela contou que dois filhotes de escorpiões amarelos foram achados no pano de chão, embaixo da banheira da criança de 2 anos que ela toma conta. Um outro escorpião foi achado no banheiro do apartamento. “Eu temo mais pela criança. Adulto ainda se vira, mas e ela? Como vai se defender?”, pergunta. Depois da aparição dos insetos, ela passou a fazer limpezas constantes na casa, não deixa mais panos úmidos e tapetes espalhados, nem brinquedos amontoados muito tempo num só canto. No apartamento, todos os ralos são fechados.


O problema, inclusive, alterou o cronograma de dedetizações no prédio. Antes feitas a cada três meses, o condomínio está fazendo o processo a cada oito dias. As caixas de gordura e de esgoto são limpas constantemente. A moradora Manuela de Lira, 31, foi taxativa: até o fim do ano ela vai se mudar do condomínio. “Já estou à procura de outros apartamentos. Não há condições de ficar aqui. Estou morando há apenas dois anos e já matei 13 escorpiões”, declarou.


Veneno


Não é aconselhável usar veneno para combater os escorpiões, segundo o técnico do Ceatox-PE, Pedro Neto. “Isso porque eles vão ficar ainda mais ativos. O desalojamento temporário pode favorecer a dispersão dos focos e o aumento da população do animal”, alertou. O escorpião mantém dentro de sua estrutura física uma carapaça resistente a ações do ambiente. Ele possui, ainda, dentro do seu organismo, algumas estruturas que permitem detectar a presença de produtos químicos, por isso é difícil fazer o controle químico. “O ideal é combater os insetos que fazem parte da cadeia alimentar, assim faz com que os escorpiões sejam afastados por falta de alimento. Não é que vai acabar de vez com os escorpiões, mas é uma medida paliativa”, considera Neto. A dieta do escorpião consiste em comer grilos, baratas e cupins.


Folha PE

 

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