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Circula nas redes sociais que a importação de produtos da China caiu 78% neste ano no Brasil e que o motivo é um boicote por conta da pandemia do coronavírus. É #FAKE.
A mensagem afirma que a redução se deveu a uma retaliação pelo fato de a pandemia ter se originado em território chinês, e se alastrado pelo mundo, chegando ao Brasil.
Procurada pela CBN, a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia refuta a mensagem falsa e diz que a queda foi muito menor: da ordem de 6,9%.
“Os dados oficiais preliminares da balança comercial brasileira mostram que as importações nacionais de produtos chineses (incluindo Hong Kong e Macau) somaram US$ 19,7 bilhões em 2020 até julho. O valor representou uma queda de 6,9% em relação aos US$ 21,1 bilhões importados de janeiro a julho de 2019”, diz o órgão, em nota oficial.
De acordo com a secretaria, a redução das importações oriundas da China é, inclusive, inferior à queda total das importações brasileiras no período, que apresentaram variação negativa de 10,5%. O órgão destaca que, diante disso, a participação chinesa nas compras nacionais, na verdade, subiu neste ano.
“A diminuição maior do total importado, de 10,5%, em relação às importações oriundas da China, de 6,9%, fez com que a participação do país nas aquisições brasileiras de produtos estrangeiros crescesse de 20,8%, de janeiro a julho de 2019, para 21,7%, de janeiro a julho de 2020. Nesse último período, a China segue sendo a principal origem das importações brasileiras, à frente da União Europeia, com 18,3% de participação, e dos Estados Unidos, com 16,3%”, afirma a nota.
Dados da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo sobre o primeiro semestre de 2020 também desmentem a mensagem falsa.
A entidade informa que, no acumulado de janeiro a junho, observa-se uma queda de 7,2% nas importações de produtos da China, assim como de 4,4% nos produtos vindos dos Estados Unidos, 9,6%, da Alemanha, e 30,8%, da Argentina, em relação ao mesmo período do ano passado.
Ou seja, a redução, no contexto da pandemia, que é mundial, foi generalizada, não tendo sido motivada por uma tentativa de represália contra o país de origem da crise do novo coronavírus.
A Fecomércio-SP, embora ressalve que não dispõe de informações específicas sobre os produtos chineses, detecta que “as vendas do comércio varejista brasileiro sofreram forte queda por conta da pandemia de coronavírus, e que não só os chineses foram afetados, mas também produtos de outras nacionalidades”.
A nota enviada à CBN pela entidade ainda explica: “Observa-se também uma redução na compra tanto de produtos básicos (alimentos) como também de alguns segmentos de máquinas e eletrônicos. Além da crise decorrente da pandemia, o dólar mais alto pode ter desestimulado a compra de produtos importados".
FONTE: G1