Queda na taxa de desocupação do país se estendeu a todas as regiões - Foto: Alf Ribeiro/Folhapress
A
taxa de desemprego atingiu 12,6% no terceiro trimestre deste ano, o que
significa queda de 1,6 ponto percentual na comparação com o segundo
trimestre de 2021. O número de pessoas em busca de emprego no país
recuou 9,3% e, com isso, chegou a 13,5 milhões. Os ocupados tiveram um
crescimento de 4%, alcançando 93 milhões de pesso s. Os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),
foram divulgados nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Para a coordenadora de Trabalho e
Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, o crescimento da ocupação no
período foi relevante. “No terceiro trimestre, houve um processo
significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a
redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da
própria população que estava fora da força de trabalho”, observou.
A
população fora da força de trabalho é o contingente daqueles que não
estão ocupados e nem buscando emprego. Com o crescimento no número de
ocupados, o nível da ocupação, que é o percentual de pessoas em idade de
trabalhar que estão no mercado de trabalho, subiu para 54,1%, enquanto
no trimestre anterior tinha sido de 52,1%.
DomésticoDe
acordo com a coordenadora, dentro desse crescimento, a informalidade
representa 54%. Os empregados do setor privado sem carteira assinada
(10,2%), que somaram 11,7 milhões de pessoas, estão entre as categorias
de emprego que mais cresceram na comparação com o trimestre anterior. No
mesmo período, o número de trabalhadores domésticos atingiu 5,4 milhões
- o que equivale a uma expansão de 9,2%, o maior desde o início da
série histórica da pesquisa, em 2012.
No primeiro trimestre do
ano passado, seis milhões de pessoas eram trabalhadores domésticos. Se
considerados apenas os trabalhadores sem carteira, houve aumento de
10,8%, sendo 396 mil pessoas a mais.
Segundo Adriana Beringuy
esse é um processo de recuperação que já vinha ocorrendo desde junho. “A
categoria dos empregados domésticos foi a mais afetada na ocupação no
ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão importante. Embora
haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o contingente
atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia”, afirmou.
Conta própriaO
contingente de trabalhadores por conta própria (3,3%) também cresceu.
As 25,5 milhões de pessoas nessa categoria representam o maior número
desde o início da série histórica da pesquisa. Aí estão incluídos os
trabalhadores que não têm CNPJ, que cresceram 1,9% ante o último
trimestre. Com isso, a taxa de informalidade chegou a 40,6% da
população. São 38 milhões de trabalhadores nessa situação.
Conforme
a pesquisa, o crescimento na ocupação também está relacionado
principalmente às atividades de comércio (7,5%), que equivale a mais 1,2
milhão de trabalhadores; indústria (6,3%), 721 mil pessoas a mais;
construção (7,3%) com 486 mil pessoas a mais; e serviços domésticos
(8,9%), com adição de 444 mil pessoas.
RendimentoO
avanço no número de pessoas ocupadas não veio com melhorias no
rendimento real habitual de todos os trabalhos. Ficou em R$2.459, uma
queda de 4% relativo ao último trimestre e de 11,1% em relação ao
terceiro trimestre do ano passado.
Com o valor de R$223,5
bilhões, a massa de rendimento ficou estável nas duas comparações. Para a
coordenadora, esses números indicam que o aumento da ocupação foi
puxado por postos de trabalho com salários menores. “Há um crescimento
em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder de
compra devido ao avanço da inflação”, completou.
RegiõesA
queda na taxa de desocupação do país se estendeu a todas as regiões. No
Sudeste, que é a região com o maior número de pessoas desempregadas
(6,3 milhões), a taxa passou de 14,6% no segundo trimestre para 13,1%.
No Nordeste, saiu de 18,3% para 16,4%. Ainda assim, a região permanece
tendo a maior taxa de desocupação do país.
“Essa queda na
desocupação no nível nacional também está sendo observada regionalmente
em vários estados. Isso indica que há um processo de recuperação de
trabalho que ocorre de maneira disseminada no país”, disse.
Mesmo
com a a maior taxa de desocupação do país (18,7%), a Bahia apresentou
estabilidade nesse indicador e no número de pessoas que estão buscando
por uma vaga no mercado de trabalho (1,3 milhão). O número de ocupados
do estado cresceu 6,5%. O motivo foi o aumento de trabalhadores
domésticos (18,3%) e por contra própria (12,3%). Conforme a pesquisa,
depois da Bahia, as maiores taxas de desocupação foram registradas por
Amapá (17,5%) e Rio Grande do Norte (14,5%).
Entre os 93 milhões
de pessoas ocupadas no Brasil, após a alta de 4,0% no terceiro
trimestre, 66,4% de empregados, 4,1% de empregadores, 2,1% de
trabalhadores familiares auxiliares e 27,4% de pessoas que trabalhavam
por conta própria. Este último grupo foi maior no Norte (34,5%) e no
Nordeste (31,1%). Conforme a pesquisa, dos 17 estados que tiveram taxas
de informalidade maiores que a nacional, 16 são do Norte e do Nordeste. O
Pará (62,2%) registrou a maior.
A coordenadora de Trabalho e
Rendimento do IBGE disse que essas regiões, de maneira geral, têm um
percentual grande desse tipo de trabalho. “A informalidade é maior
nessas duas regiões. E esse perfil de trabalhador está contribuindo para
a recuperação do trabalho local. Parte importante do trabalho nessas
duas regiões é atribuída aos trabalhadores informais, que tem nos
trabalhadores por conta própria um contingente importante”, concluiu.
Pretos e pardosEnquanto
a taxa de desocupação das pessoas brancas (10,3%) ficou abaixo da média
nacional, a dos pretos (15,8%) e dos pardos (14,2%) teve movimento
contrário. Todos tiveram queda frente ao último trimestre. Os pardos
representavam 46,8% da população fora da força de trabalho, seguidos
pelos brancos (43,1%) e pelos pretos (8,9%). Já se comparada ao segundo
trimestre, a participação dos pardos diminuiu e a dos brancos e pretos
aumentou.
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o
nível de ocupação aumentou para todas as pessoas. Os brancos saíram de
51,4% para 55,8%, os pardos, de 46,7 a 52,1% e os pretos, de 49,0% a
55,6%.
ReponderaçãoA divulgação de hoje da Pnad
Contínua é com base na nova série elaborada pelo IBGE, a partir da
reponderação das projeções por causa da mudança na forma de coleta da
pesquisa durante a pandemia da Covid-19. Com as medidas de isolamento
social em março de 2020, a coleta começou a ser feita de maneira remota,
excepcionalmente por telefone.
“A nova reponderação busca
mitigar possíveis vieses de disponibilidade em grupos populacionais,
intensificados pela queda da taxa de aproveitamento das entrevistas”,
observou Adriana.
PesquisaDe acordo com o IBGE, a
Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de
trabalho no país. “A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil
corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil
entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e Distrito Federal,
integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE”, informou o
Instituto.
A coleta de informações da pesquisa por telefone é
feita desde 17 de março de 2020. A identidade do entrevistador pode ser
confirmada no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento
(0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador,
dados que podem ser solicitados pelo informante.