Publicada em 05/12/2022 às 11h56.
O nacionalista presidente brasileiro, que criou uma imagem de torcedor de futebol, com dezenas de aparições públicas com camisas de times, segue sem tecer nenhum comentário a respeito do Mundial no Qatar.
Presidente, Jair Bolsonaro / Reprodução: Notícias ao Minuto.
O primeiro-ministro da Holanda comemorou a vitória da sua
seleção sobre os Estados Unidos na Copa do Mundo zombando o presidente Joe
Biden: "O futebol venceu". Alberto Fernández agradeceu à seleção
argentina pelos momentos de "encher a alma". Para não desagradar a
ninguém, o novo primeiro-ministro britânico Rishi Sunak viu o duelo Inglaterra
x País de Gales entre uma menina inglesa e uma garota galesa.
Líderes do mundo todo estão mandando energias positivas para suas seleções e
comemorando os resultados alcançados até aqui. Com uma única exceção: Jair
Bolsonaro (PL). O nacionalista presidente brasileiro, que criou uma imagem de
torcedor de futebol, com dezenas de aparições públicas com camisas de times, segue
sem tecer nenhum comentário a respeito do Mundial no Qatar.
Bolsonaro sequer retribuiu o apoio recebido, durante a eleição, de alguns dos
principais jogadores da seleção brasileira, incluindo o craque Neymar, que se
machucou na partida de estreia e ficou fora dos jogos contra Suíça e Camarões.
Neymar, que declarou voto em Bolsonaro em momento difícil da campanha, às
vésperas do primeiro turno, não recebeu incentivo público do presidente.
A postura contrasta, por exemplo, com a da Copa América do ano passado,
disputada no Brasil. Quando a seleção enfrentou a Venezuela, Bolsonaro postou
foto assistindo ao jogo pela televisão. Em 2018, quando o torneio também
aconteceu no Brasil, ele chegou a entrar no gramado do Maracanã e posar com a
taça em meio aos jogadores.
Curiosamente, sua última aparição pública antes da derrota eleitoral de outubro
foi recepcionando a delegação do Flamengo na volta ao Rio com a taça da
Libertadores. Em pleno dia de eleição, ele foi ao aeroporto para receber os
jogadores e posar com o troféu. Depois, só foi visto em público novamente no
último dia 26, em um evento militar, no qual não discursou.
Tradicionalmente os grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo são
utilizados por líderes políticos para se aproximar da população, em momento de
união nacional na torcida pela mesma equipe ou delegação.
Foi o que fez, por exemplo, o presidente da Argentina Alberto Fernández, no
sábado (3). "Obrigado, [seleção da] Argentina por esta imensa alegria.
[Agradeço] aos jogadores e a toda a equipa técnica pelo esforço, camaradagem e
pelo grande futebol que estão a nos proporcionar. Para nós que amamos este
esporte e nosso país, esses momentos enchem nossas almas", escreveu no
Twitter.
Joe Biden, presidente dos EUA, gravou vídeo interagindo com jogadores da
seleção, desejando boa sorte à equipe antes do jogo contra a Holanda e avisando
que o esporte se chama "soccer". Levou uma invertida do
primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte: "Desculpa, Joe, mas o futebol
venceu", festejou o político europeu.
Emmanuel Macron, presidente da França, comemorou a vitória deste domingo (4)
sobre a Polônia com foto de Mbappé e Giroud e a mensagem direta: "nas
quartas". Derrotado, o primeiro-ministro da Polônia Mateusz Morawiecki
parabenizou o time. "Todos nós vimos a grande seleção que temos. Muito
obrigado a toda a equipe, ao treinador e à comissão técnica", escreveu.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, também agradeceu ao time.
"Vocês deixaram a Austrália orgulhosa no maior palco do mundo", escreveu,
antes de compartilhar fotos da torcida australiana.
O silêncio de Bolsonaro sobre a Copa do Mundo contrasta com os comentários de
Lula (PT), presidente eleito e que assumirá o cargo novamente a partir de 2023.
Nas suas redes sociais ele tem mostrado sua torcida pelo Brasil e até vestiu a
camisa amarela da seleção, que ficou marcada por ser usada por bolsonaristas
nos últimos anos.
FONTE: NOTÍCIAS AO MINUTO.
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