O padrasto de Maria Alice, Gildo Xavier, confessou ter sequestrado e matado a garota, mas negou o estupro. Ele prestou depoimento que durou uma hora de 20 minutos, nesta segunda-feira (16), em uma audiência de instrução no Fórum de Itapissuma. Na próxima quarta (18), mais uma testemunha de acusação será ouvida em Paudalho.

Nesta segunda (16), o juiz José Romero Maciel de Aquino ouviu cinco pessoas, duas de acusação, duas indicadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), e o próprio Gildo. O mestre de obras foi recebido no Fórum de Itapissuma sob vaias e xingamentos da parte de populares que o aguardavam na porta do prédio.

A primeira testemunha a ser ouvida foi Maria José Arruda, mãe da vítima e ex-companheira do acusado. Após as ouvidas, que deverão se encerrar em janeiro, será decidido se Gildo Xavier será submetido a júri popular. Ele deve responder por sequestro, estupro, assassinato e ocultação de cadáver e pode pegar até 48 anos de prisão.

A mãe de Maria Alice, Maria José de Arruda se emocionou algumas vezes durante o tempo que esteve no fórum. Ela disse que no momento em que viu o ex-marido sentiu apenas ódio. “Foi difícil o depoimento, mas rápido e agora temos que esperar a justiça, pois queremos que ele vá para júri popular”, disse. A ex-mulher de Gildo disse ainda que ele sentia muito ciúmes de todos, inclusive da enteada.

“O homicídio realmente ele é réu confesso e a ocultação do cadáver, mas o estupro e uso de drogas ele nega”, disse o advogado de defesa Waldir Peixoto. Ao juiz o acusado também negou que tenha decepado a mão de Maria Alice, dizendo que poderia ter sido algum animal. Ao sair da sala em que prestou depoimento Gildo não falou com a imprensa. “Ele insistiu em mentir, em dizer que não houve estupro e quando o juiz perguntou por que a moça estaria com a bermuda dele e sem as vestes íntimas, ele disse que tinha esmurrado ela e a única coisa que ele vez foi tirar a calça dela para poder enxugar o sangue”, disse a advogada de acusação Solange Vieira.

Entenda

No dia 19 de junho deste ano, Maria Alice foi levada pelo padrasto para um canavial no município de Itapissuma, Região Metropolitana do Recife, onde cometeu os crimes de estupro, homicídio e ocultação de cadáver. De acordo com o inquérito policial, Gildo havia começado a planejar a ação cerca de dois meses antes. Ainda segundo a Polícia, a relação de enteada e padrasto era conturbada e tinha histórico de ciúmes e agressões.

Gildo chegou a se entregar à Polícia, confessou o crime e foi preso ainda em flagrante no Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.