Publicada em 16/06/2016 às 08h15.
Delator diz ter dado propina a mais de 20 políticos e cita Temer
Delator da Lava Jato citou políticos de PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PCdoB. Segundo ex-presidente da Transpetro, pedidos eram enviados a construtoras.

Da esquerda à direita, do presidente interino Michel Temer (PMDB) a ex-parlamentares que já foram defenestrados do poder, dezenas de importantes figuras foram atingidas em cheio pela delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No total, 28 nomes figuram na lista do ex-senador, incluindo membros de oito partidos, deixando atordoados o governo interino e o afastado, e as oposições de ontem e de hoje, todos assustados com efeitos imprevisíveis da onda de confissões e revelações.

Os campeões de citações na delação de Machado são seus padrinhos políticos do PMDB. São lembrados 13 nomes da legenda. Além de Temer, há denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), cujo nome é citado 106 vezes nos anexos do acordo, o senador e ex-ministro Romero Jucá (RR) e outras raposas políticas do Senado, como Jáder Barbalho, Waldir Raupp, Edison Lobão, Eduardo Braga, Roberto Requião e Garibaldi Alves. O filho de Garibaldi, o deputado Walter Alves também é citado.

O ex-presidente da República, José Sarney é outro alvo de Machado. Além de ele, lembrado 52 vezes, seu filho Sarney Filho (PV), atual ministro do Meio Ambiente de Temer, também entrou na lista. Outro ocupante da Esplanada que consta nos documentos é Henrique Eduardo Alves.

A metralhadora giratória do novo homem-bomba da Lava Jato apontou para todos os lados. Há quatro nomes do PSDB, incluindo seu presidente nacional, Aécio Neves, e cinco do PT. Entre os tucanos estão ainda o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o ex-presidente da legenda, Sérgio Guerra, já falecido. Já na cota petista aparecem os ex-deputados Jorge Bittar (RJ) e Cândido Vaccarezza (SP), o deputado Luiz Sérgio (RJ) e os ex-ministros Edson Santos e Ideli Salvatti.

Completam a lista, dois nomes do DEM (seu principal cacique, Agripino Maia e o filho, o deputado Felipe Maia), um do PSB (o deputado Heráclito Fortes), um do PCdoB (a deputada Jandira Feghali) e um do PP (Francisco Dornelles, único governador da lista).

De todo lado. Não é só no espectro partidário que a delação de Sergio Machado é eclética. Há envolvidos nas mais diversas funções da República. No Executivo (presidente, governador e dois ministros), no Legislativo (dez senadores e cinco deputados) e até no Tribunal de Contas da União (TCU), com o ministro Vital do Rêgo.

Em todos os casos, invariavelmente, Sergio Machado aponta o tráfego de recursos ilícitos, às vezes camuflados de doações legais, irrigando campanhas e garantindo mesadas a aliados nos períodos em que foi senador e presidente da Transpetro.

O presidente Michel Temer, por exemplo, citado pela primeira vez em uma delação da Lava Jato, é apontado como a pessoa que pediu propina de R$ 1,5 milhão que teriam sido transferidos pela Queiroz Galvão para a candidatura do hoje secretário municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, atualmente no PDT mas, na época, nome do PMDB à Prefeitura daquela capital.

Para Aécio Neves, citado 40 vezes no acordo, teria sido repassado pelo menos R$ 1 milhão, em 1998, em um esquema de auxílio à reeleição de deputados federais visando à subida de Aécio Neves à presidência da Câmara dos Deputados, o que ocorreria três anos depois.

A quantidade de recursos envolvidos em tenebrosas transações assusta. Só a cúpula do PMDB teria movimentado R$ 100 milhões. Renan ainda ganharia uma mesada de R$ 300 mil.

Sem a certeza do tamanho do estrago a ser provocado, políticos citados correram para negar tudo e desqualificar o delator, como ocorre a cada vez que, enrolado, alguém resolve falar para se livrar de penas duras na Lava Jato. No caso de Machado, não bastará apontar o dedo para antigos aliados. O acordo prevê a devolução de R$ 75 milhões e uma pena que pode alcançar 20 anos de prisão. Porém, por força das revelações que fez e das provas que promete entregar, o ex-senador só deverá passar dois anos e três meses em regime fechado diferenciado, em casa, com tornozeleira.


Operação ainda tem 13 delações para explodir

A operação Lava Jato ainda tem muito para revelar. Das 52 colaborações premiadas já celebradas, apenas 39 são públicas. Outras 13 permanecem em sigilo, de acordo com a Procuradoria da República do Paraná. Os relatos de novos delatores podem ser divulgados a qualquer momento.

Além das delações já fechadas, estão em negociação ou na “fila” para celebrar acordos, nomes que podem revelar verdadeiras bombas, como o empresário Marcelo Odebrecht e seu pai, Emílio Odebrechet, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Uma possível delação que pode abalar Brasília, caso se concretize, é a do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB). Anteontem, o Conselho de Ética da Câmara aprovou o relatório sobre a cassação do parlamentar, o primeiro passo para a perda do mandato, colocando ele contra a parede.

O afastamento definitivo de Cunha será votado em plenário, mas o Planalto já teme o resultado. O entendimento é que Cunha “sabe demais” e “não vai cair sozinho”. Nos bastidores, Cunha já avisou que se cair, não irá sozinho e poderá delatar 150 deputados, um senador e um ministro próximo ao presidente interino, Michel Temer.

A colaboração dos 39 delatores que já falaram até agora foi fundamentais para o andamento da Lava Jato. Já foram acusadas formalmente 207 pessoas, com 106 condenações (uma pessoa pode ser condenada mais do que uma vez), todas na Justiça Federal. As penas, somadas, são de 1.138 anos, 4 meses e 11 dias.


O Tempo

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