Foto: Divulgação.
O Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) alertou sobre a possibilidade de sobrecarga de energia em
Pernambuco e em mais dez estados do Brasil.
O motivo apresentado pelo
órgão é a geração de energia solar. Quando a energia produzida por painéis
solares não chega a ser usada por completo, ela volta para a rede elétrica,
gerando assim um “fluxo reverso”, uma espécie de mão dupla, que pode gerar a
sobrecarga das subestações, afetando assim a qualidade da energia.
No entanto, no último domingo
(9), o Operador divulgou uma nota informando que não existe risco de apagão
iminente no Brasil diante desse cenário.
O assunto veio à tona com o
Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL), divulgado em
dezembro de 2024. De acordo com o ONS, o documento aponta possíveis desafios
operacionais diante da evolução do setor de energia elétrica renovável no país
e tem como objetivo alertar para que as operações futuras ocorram com qualidade
e segurança. O órgão sugere o investimento em tecnologias de armazenamento e
aprimoramento das redes para mitigar o problema.
Além de Pernambuco, mais dez
unidades federativas são citadas no diagnóstico do documento que aponta os
locais onde as subestações estão com possibilidade de fluxo reverso. Entre eles
estão: São Paulo, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima.
De acordo com informações do
plano, com o expressivo aumento de geração conectada às redes de distribuição,
foram identificadas subestações em que a inversão de fluxo de potência ativa é
suficiente para “causar sobrecarga nos transformadores de fronteira”. Além
disso, o fluxo reverso pode agravar sobrecargas ou outras restrições no sistema
de transmissão, reforçando a necessidade de aprimorar a operação entre a
transmissão e a distribuição.
Ainda segundo o levantamento,
a micro e a minigeração distribuída, composta em sua maioria por geração
fotovoltaica de pequena escala, tem crescido no Brasil. Atualmente o país já
ultrapassa a marca de 33 GW de produção de energia renovável e deve alcançar
cerca de 50 GW até 2029, se tornando assim a segunda maior fonte de geração do país.
Em nota, a ONS explica que os
cenários analisados no plano envolvem projeções para cinco anos à frente e
assegura que não há risco iminente.
Confira o comunicado na
íntegra:
“O Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) esclarece que o Plano da Operação Elétrica de Médio
Prazo do SIN (PAR/PEL) não aponta risco iminente de apagão no Brasil. O
documento, produzido anualmente, apresenta avaliações do desempenho elétrico do
Sistema Interligado Nacional (SIN) num horizonte de cinco anos à frente, de modo
que a operação futura ocorra com qualidade e equilíbrio entre segurança e
custo. O mais recente foi publicado nos canais oficiais do Operador, em
dezembro de 2024, e divulgado à imprensa em todo o país.
O Sumário Executivo do PAR/PEL
sinaliza os possíveis desafios operativos e recomendações para fortalecer o
sistema elétrico diante da evolução do setor, incluindo o crescimento da
geração distribuída e das fontes renováveis. O papel do ONS é antecipar
cenários, avaliar impactos e propor soluções para garantir a confiabilidade e
segurança do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O aumento da geração
distribuída e a inversão de fluxo de potência em algumas subestações são
fenômenos técnicos mapeados e que estão sendo tratados pelo ONS, que trabalha
em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Ministério de Minas e
Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para garantir a
modernização da infraestrutura da rede elétrica. O PAR/PEL aponta soluções como
reforços na rede de transmissão, aprimoramento dos requisitos técnicos para
conexão ao SIN e a instalação de equipamentos que aumentam a segurança e
estabilidade do sistema. Essas medidas garantem que o sistema elétrico
brasileiro continue operando de forma segura e confiável.
Além disso, o ONS adota
medidas operativas que são ações preventivas para mitigar riscos e evitar, por
exemplo, sobrecargas em equipamentos, além de outros fenômenos elétricos que
possam comprometer a segurança do sistema.
O sistema elétrico brasileiro é robusto e segue operando com segurança, e os desafios apontados no Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL) são parte de um processo contínuo de modernização e adaptação do setor. O ONS reforça seu compromisso com a transparência e com a adoção das melhores práticas para garantir um sistema elétrico cada vez mais seguro e eficiente.”
FONTE: CBN RECIFE.