Presídio de Igarassu, no grande Recife / Foto: Divulgação.
A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (8) o ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (Seap), André de Araújo Albuquerque, suspeito de participar de um esquema de corrupção no sistema prisional de Pernambuco, que atuava no presídio de Igarassu, no Grande Recife.
A prisão faz parte da segunda fase da Operação La Catedral, deflagrada no fim de fevereiro e que desvendou um esquema de propinas e troca de regalias dentro da unidade prisional, incluindo festas com churrasco, bebidas alcoólicas, música ao vivo e entrada facilitada de garotas de programa.
Segundo a Polícia Federal também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência do suspeito, no bairro do Prado, na Zona Oeste do Recife. Foram apreendidos arma funcional, aparelhos celulares e um veículo.
André Albuquerque era assessor
direto do atual secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização,
Paulo Paes. Ele já havia sido superintendente de segurança prisional da
secretaria.
Segundo o governo do Estado, André de Araújo Albuquerque foi afastado da função de secretário-executivo de Administração Penitenciária no dia 2 de dezembro de 2024, antes da deflagração da Operação da Polícia Federal. O g1 tenta contato com a defesa do ex-secretário.
Na primeira fase da operação, foram cumpridos nove mandados de prisão e 12, de busca e apreensão, nos municípios de Paulista, Goiana, Carpina, Abreu e Lima, e Itapissuma, em Pernambuco, e em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Também foi realizado o sequestro de bens dos investigados.
Entre os itens apreendidos pela Polícia Federal na ocasião estava uma mala cheia de dinheiro, com várias notas de R$ 100, além de armas e pen drives. As investigações apontaram que policiais penais recebiam propinas para facilitar a entrada de itens e de pessoas no presídio.
Entre os presos em fevereiro estava o ex-diretor do presídio de Igarassu, no Grande Recife, Charles Belarmino de Queiroz Silva. Ele foi apontado como um dos principais articuladores do esquema de corrupção, chamado de "resort do crime".
Segundo, o delegado da Polícia Federal, Otávio Bueno, em entrevista ao Fantástico, "os agentes penais eram, praticamente, sócios dos presos na empreitada criminosa".
As investigações foram iniciadas depois que a polícia identificou que um detento comandava diversos crimes de dentro da cadeia, com o apoio de servidores do sistema prisional.
A PF também apontou que os detentos do presídio de Igarassu, através do pagamento de propina a policiais, podiam receber visitas em qualquer horário e conseguiam influenciar a transferência de outros presos entre as unidades do sistema prisional de Pernambuco.
Além das regalias, foram constatados outros crimes dentro do presídio, como o uso de drogas e também a produção de pasta base de cocaína dentro do Espaço Cultural da unidade.
Segundo a Polícia Federal, estão sendo investigados os seguintes crimes:
- Tráfico de drogas;
-Corrupção;
- Prevaricação (quando um
servidor público pratica um delito ou deixa de cumprir suas funções legais);
- Promoção ou facilitação de
ingresso de aparelho telefônico em presídio;
- Participação em organização
criminosa.
O que diz o governo de
Pernambuco
Procurado pelo g1, o governo de Pernambuco se pronunciou através de nota. Segundo a Seap:
O ex-gestor André de Araújo Albuquerque foi afastado da função de secretário-executivo de Administração Penitenciária no dia 2 de dezembro de 2024, antes da deflagração da Operação da Polícia Federal;
A exoneração de André Albuquerque, Charles Belarmino e mais quatro policiais penais "resultou das ações estratégicas conduzidas pela pasta em estreita cooperação com órgãos de controle e segurança pública para identificar e coibir práticas ilícitas dentro das unidades prisionais";
- Também foi realizada a transferência de presos "tidos como alvos prioritários" para outros presídios;
- Desde 2023, quando ocorreram as transferências, "não foram registrados inquéritos policiais acerca desses alvos;
- "não compactua com quaisquer atos ilícitos dentro do sistema prisional de Pernambuco, nem com desvios de conduta por parte de seus servidores".
Foto: Divulgação.
FONTE: G1 PERNAMBUCO.