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Brinquedo pop-it / Reprodução do google.
Tudo começou com a pequena
Giovana, de 10 anos. Aficionada pelo TikTok, ela passou a assistir na rede
social vídeos de gente se divertindo com um brinquedo colorido de silicone com
bolhas, que poderiam ser pressionadas de ambos os lados e faziam um suave
"ploc".
Foi o suficiente para ela insistir que o pai, o empresário Roffman Ribeiro,
encontrasse o produto.
"Moramos na Barra da Tijuca e percorri uma parte da zona oeste do Rio atrás
do pop-it", diz Ribeiro, referindo-se ao "fidget toy" -ou
brinquedo antiestresse- da vez.
A procura aconteceu em maio, sem
sucesso. Como trabalha com marketing digital e tem contato com alguns
importadores, Ribeiro conseguiu encomendar o produto e montar uma pequena loja
dentro do site da sua agência, a Inconnect Marketing.
"Não tinha grandes expectativas, só montei a loja no fim de maio e pedi
para ela avisar os amigos, pensando nos pais que também não iriam encontrar os
pop-its. Mas viralizou", diz ele.
Em três meses, Ribeiro faturou R$ 150 mil com os pop-its -isso é pelo menos dez
vezes a renda mensal que ele tinha com a agência, cujo trabalho precisou
interromper. Agora 100% da sua atenção está voltada para o site
Fidgettoys.com.br, domínio que ele registrou.
"Foi uma sacada que eu tive no curso do [coach] Wendell Carvalho:
precisava reservar a marca logo para ser dono dela", diz.
A febre dos pop-its se alastrou pelo país nos últimos três meses com as redes
sociais, especialmente o TikTok e o YouTube. Já no Instagram, onde Ribeiro
também montou uma loja, acontecem as vendas. O brinquedo foi tema no mês
passado do aniversário de 12 anos de Rafinha Justus, filha do publicitário
Roberto Justus e da apresentadora Ticiane Pinheiro.
Segundo a Mosaico, que reúne os
sites de comparação de preços Buscapé, Zoom e Bondfaro, em agosto, houve um
aumento de 535% nas buscas por estes brinquedos de amassar, em relação a julho.
Já a quantidade de alertas criados -avisos quando o produto atingir determinado
preço- disparou 1.600% na comparação mensal. No período, os três sites somaram
138,1 milhões de visitantes únicos.
Influenciadores mirins, como Luluca, dona de uma extensa lista de 11,3 milhões
de seguidores no YouTube, fazem vídeos periódicos exibindo os mais diferentes
formatos de pop-its e de outros fidget toys, como o polvo do humor, o
mini-cubo, o spinner ou as bolinhas amassáveis. É o suficiente para movimentar
a venda dos produtos, desde lojas tradicionais até camelôs.
A maioria dos pop-its é importada. No Brasil, a Luka Plásticos se apresenta
como a única fabricante de pop-its certificada no país pelo Inmetro.
Especializada em injeção plástica, com a fabricação de produtos promocionais e
de peças para a indústria automobilística, a empresa encontrou nos pop-its uma
nova veia de vendas.
"Nós começamos a produção há cerca de 50 dias e já vendemos mais de 200
mil unidades para atacadistas", afirma Gonzaga Pontes, diretor da Luka
Plásticos. Pontes conta que um conhecido que vende na Feirinha da Madrugada, no
Brás, região central de São Paulo, o apresentou ao produto e disse que a
novidade estava fazendo sucesso.
"Decidi apostar", diz Pontes, que hoje já tem 50% do seu faturamento
proveniente das bolhas de silicone. Seus principais clientes são atacadistas de
todo o país, que revendem os produtos na internet.
"O silicone é importado e, por conta do dólar alto, tem saído muito caro.
É uma matéria-prima delicada para se trabalhar", afirma Pontes, que
pretende lançar "quatro brinquedos exclusivos", já para aproveitar o
Dia da Criança. O produto deve virar brinde de escola infantil e sair com a
assinatura de personagens da Disney, uma das empresas para as quais a Luka
Plásticos fornece itens promocionais.
Uma das varejistas de brinquedos
mais populares de São Paulo, a Armarinhos Fernando está há cerca de 20 dias
"vendendo muito bem" um único modelo de pop-its, a R$ 19,90, segundo
o gerente geral da empresa, Ondamar Ferreira. "Compramos um lote até
agora, o frete da China está muito caro", diz o executivo.
Na Fidgettoys, de Roffman Ribeiro, o preço varia de R$ 60 a R$ 850. O item mais
caro do mix é um pop-it gigante, de 85 centímetros, que pesa dois quilos.
"Metade do preço é só frete, mas achei importante ter o produto para
servir de aspiracional", diz ele.
O tíquete-médio da Fidgettoys é R$ 250. Ribeiro já atendeu clientes ilustres,
como a modelo Gracyanne Barbosa e a atriz Thaís Fersoza, mulher do cantor
Michel Teló. Apesar do sucesso, o empresário, que até março era coordenador de
distribuição da Volkswagen no Rio, garante que não ficou rico.
"Tem a despesa com o produto, a tarifa de importação, o intermediador de
pagamento, a divulgação nas redes. Cerca de 70% do preço do produto é
custo", afirma Ribeiro, que conta com a esposa para fazer a postagem nas
redes sociais e outros três profissionais -um designer, um editor de vídeo e um
gestor de tráfego.
Ribeiro conta que a primeira quinzena de julho foi "maravilhosa" em
vendas, mas nos 15 dias seguintes apareceram os primeiros problemas com a
logística. "Minha vida virou um caos", diz.
"Vendemos para os mais diferentes locais do Brasil: Amazonas, Roraima,
Ceará, Tocantins, Rio, São Paulo. Teve caso de pedido parado nos Correios por
mais de 20 dias. Descobrir em qual rota o pedido está e tentar esclarecer o
caso com os Correios não é uma tarefa fácil", diz ele, que contou com o
apoio do site Reclame Aqui para atender os clientes insatisfeitos.
O empresário não sabe até quando deve durar a febre dos pop-its, mas a
Fidgettoys vai continuar como uma loja de brinquedos, aproveitando a bola da
vez. "O pop-it já superou completamente as minhas expectativas, mas acho
que o sucesso ainda dura mais uns dois meses", afirma o empresário, que se
diz "viciado" no barulhinho das bolhas sendo apertado. "Sempre
pego um pop-it quando chega alguma reclamação", brinca.
Já Gonzaga Pontes, da Luka
Plásticos, avalia que os pop-its devem se tornar uma nova linha de produtos.
"Existem efeitos terapêuticos para as crianças, elas se acalmam",
afirma.
Segundo especialistas, o brinquedo pode estimular a parte sensorial da criança,
por meio de toques, cores e sons, ajudando na coordenação motora.
"Meu filho adora. Viu no YouTube, fomos ao shopping e ele me enlouqueceu
até comprar", diz Karinna Rodrigues, mãe de Pedro Henrique, de 7 anos, que
acabou levando um lote de produtos para oferecer como lembrancinha na festa de
aniversário do filho, no mês passado.
"Mas acalmá-lo, não acalma, não", brinca Karinna, ela própria uma
usuária do pop-it: comprou uma capinha de celular com o tema.
Giselle Vazquez, mãe de Bianca, 9, e Bernardo, 6, concorda. "Não acalma,
mas se brincar traz bem-estar, então está valendo", diz ela, que também
gosta de apertar as bolhas quando encontra uma por perto. "As crianças
usam os pop-its nas brincadeiras que veem no YouTube".
"As crianças ficaram loucas pelo pop-it", diz Ingrid Ferreira, mãe de
Maria Luísa, 10, e João Paulo, 6. "Mas eles brincam cinco minutos e param.
Porém, quando veem os YouTubers brincando, apresentando os mais diferentes
tipos de pop-its, passam horas assistindo".
FONTE: NOTÍCIA AO MINUTO.