Publicada em 19/10/2021 às 08h14.
Entenda o motivo da Fórmula 1 não agrupar GPs por proximidade geográfica no calendário
A temporada de 2022 será a mais longa da história, com 23 provas.


GP da Espanha - Foto: Javier Soriano-AFP


Sempre que a Fórmula 1 divulga um novo calendário, surge a mesma pergunta: por que a categoria não agrupa os GPs que estão próximos geograficamente? Ainda mais em tempos nos quais o esporte busca formas de ser mais sustentável, minimizar as horas de viagem faria todo o sentido.


A detentora dos direitos comerciais da F1, a Liberty Media, tinha isso como meta quando assumiu a categoria, em 2017. No entanto, ela acabou descobrindo que a tarefa não é tão simples quanto parece.


A temporada de 2022, que será a mais longa da história, com 23 provas, começará com uma dobradinha -ou seja, duas corridas em finais de semana seguidos- que faz sentido: Bahrein, onde serão realizados os últimos testes antes de o campeonato começar, e Arábia Saudita.


Depois, será a vez de Melbourne, seguida de Imola -em data que, na verdade, seria da China-, Miami e Espanha.


Engana-se, no entanto, quem pensa que, a partir da etapa espanhola, a F1 seguirá na Europa, pois haverá uma corrida no Canadá no começo de junho, que antecederá o GP do Azerbaijão -e elas são etapas feitas sem intervalo, ou seja, uma dobradinha em lugares separados por quase 9.000km.


Isso acontece por uma série de motivos. O primeiro deles é que as datas de alguns GPs são garantidas por contrato. Montreal, Singapura e Mônaco são três bons exemplos. Fora isso, a categoria sempre fica mais à mercê de países que desembolsam mais dinheiro para fazer a prova, como o Azerbaijão e a Rússia.


Soma-se a isso a pressão que a categoria sofre dos promotores para a escolha das datas. Na China, por exemplo, a corrida sempre evita concorrer com o festival Qingming, feriado prolongado no qual Xangai fica vazia.


Em São Paulo, evento em que a maioria das pessoas nas arquibancadas vem de fora da capital, o pensamento é o contrário: a preferência é que a prova coincida com o feriado da Proclamação da República. Nas contas da prefeitura da cidade de São Paulo, que arca com as taxas para a realização da prova, a arrecadação cresce em até 25%, de R$ 100 a R$ 140 milhões a mais, quando o GP cai em um feriado.


No Japão, o pensamento é semelhante, e a prova sempre cai no domingo anterior ao feriado dos esportes do país.


À Liberty, cabe atender a estes pedidos porque, se o evento atrai mais pessoas, a empresa também pode cobrar a mais por isso -lembrando que esse dinheiro é, em parte, repassado às equipes, que acabam concordando com o calendário muitas vezes pouco prático do ponto de vista logístico por motivos financeiros.


Um bom exemplo é a sequência de três corridas em finais de semana seguidos, que estreou em 2018 por conta da Copa do Mundo. Ela voltou ano passado com a justificativa da pandemia, continua em 2021 pelo mesmo motivo, e está programada novamente para 2022: serão seis corridas em sete finais de semana seguidos, na Bélgica, Holanda, Itália, Rússia, Singapura e Japão.


Para as equipes, uma sequência como essa última também acaba gerando economia porque, se os GPs de Singapura e do Japão, por exemplo, fossem separados por duas semanas, os funcionários e equipamentos retornariam à Europa. Então é uma maneira de ganhar mais dinheiro e gastar menos, mesmo que isso sobrecarregue os profissionais.


"Acho que temos de ser realistas e não esperar que façamos mais corridas, gerando mais renda, em um período menor de tempo, sem esse tipo de sequência. É claro que podemos encurtar o formato do fim de semana, fazendo com que seja um evento de três dias, mas estamos felizes com o sucesso e a demanda pela F1. É positivo que não estejamos reclamando porque não estamos fazendo tantas corridas", disse o chefe da Alfa Romeo, Fred Vasseur.


Seus pares usam o argumento de que, na verdade, é positivo que a F1 esteja ampliando seu calendário -há seis anos, eram realizadas 19 provas- sem ter de correr entre dezembro e o final de março.


Mas a questão dos feriados e das datas definidas em contrato não são as únicas que afetam o calendário. É de praxe que os organizadores não queiram que suas provas concorram por público com outras que estão geograficamente próximas, principalmente no caso de GPs que contam com muitos torcedores vindos do exterior, como Azerbaijão ou Abu Dhabi, por exemplo.


Nos Emirados Árabes Unidos, inclusive, por anos foi paga uma taxa adicional para que o GP de Yas Marina encerrasse a temporada.


Além disso, como trata-se de um evento a céu aberto, o fator clima também entra na conta. É impraticável pensar em correr no Oriente Médio no verão por lá, no meio do ano, da mesma forma em que as provas europeias não podem ser disputadas no começo ou no final do ano.


Isso acontece tanto para o evento ser mais atrativo para o público, quanto para o próprio funcionamento dos carros e pneus, que performam melhor quando a temperatura ambiente não está muito abaixo dos 10ºC e não passa dos 35ºC.


A F1 também busca evitar ter eventos com muita chuva -a prova brasileira, por exemplo, passou de março para novembro muito em função disso. Aliás, também por questões climáticas, a partir de 2023, a categoria terá outra prova para acomodar em seu já cheio meio de ano.


Isso porque o GP da Rússia vai mudar de Sochi, cidade mais ao sul do país e que tem clima ameno até mesmo fora do verão, para São Petersburgo, onde não será possível fazer a corrida no final de setembro, como ocorre hoje.



FONTE: FOLHAPE.COM.BR

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