Publicada em 17/05/2016 às 07h22.
Estado registra 122 casos de violência sexual contra crianças
Maioria dos abusos sexuais contra crianças parte de pessoas próximas. Como o caso de Carlos Fernando, 4, morto em Ipojuca.

O sentimento de conforto e segurança que o lar representa para a maioria das pessoas perdeu o sentido para crianças e adolescentes que sofrem abuso e exploração sexual dentro do próprio núcleo familiar. Às vésperas do Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que será celebrado amanhã, mais um caso de abuso contra uma criança repercutiu no Estado. Há indícios de que o pequeno Carlos Fernando de Macena, 4 anos, tenha sido estuprado antes de ter a vida tirada de forma brutal, em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife (RMR).

O caso do menino, que estava desaparecido desde a semana passada e foi encontrado morto no último sábado, engrossa a estatística em Pernambuco. Dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) apontam que, somente nos três primeiros meses deste ano, 122 casos foram registrados nas três unidades de polícia especializada da RMR (localizadas na Capital, em Jaboatão dos Guararapes e em Paulista). O levantamento destaca uma constatação alarmante: dessas ocorrências, apenas cinco foram cometidas por desconhecidos. A problemática revela que o perigo está mais perto do que se imagina, dentro da própria casa ou nos círculos de amizades.

Outros casos ocorrem de forma mais velada, uma vez que as 122 ocorrências são tratadas como 10% da atual realidade do crime, segundo a Polícia Civil. Isso evidencia que, na maioria das vezes, o estuprador é alguém que está próximo à rotina da vítima e sob nenhuma suspeita. É para conscientizar a sociedade sobre o combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes que uma série de caminhadas será realizada no Recife ao longo da semana.

Organizadas pelo Grupo Adolescer e pela Rede de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes de Pernambuco, os atos serão realizados em diversas regiões da Cidade e terão como objetivo alertar os jovens sobre as condições que caracterizam os crimes e a responsabilidade que os adultos têm na segurança das crianças. “Observamos que as crianças da periferia são as mais vulneráveis a todas as violências, inclusive às sexuais. Entendemos, no entanto, que, com um trabalho de conscientização, os problemas podem diminuir”, explicou a educadora social do Adolescer, Aline Alves. 

Para hoje, está programada uma caminhada para acontecer na comunidade Roda de Fogo, nos Torrões, na Zona Oeste do Recife, saindo da Escola Pintor Lauro Villares e que deverá contar com a participação de mais de 500 pessoas, entre educadores e jovens atendidos pela Rede. Na quarta-feira, a caminhada sairá do Parque 13 de Maio e, na sexta-feira, os participantes caminharão pelo bairro de Santo Amaro, na região central do Recife. Todos os eventos estão marcados para começar às 14h.

Os problemas causados por sucessivos abusos na infância ultrapassam as dores físicas. De acordo com especialistas, o maior efeito é o emocional. “Não há nenhuma determinação do que pode acontecer com crianças abusadas. Mas, em muitos casos, observa-se um crítico quadro de timidez e dificuldade de relacionamento com outras pessoas. Em alguns casos, até transtornos psicológicos, como a esquizofrenia, podem se desenvolver”, explicou o psicólogo Tarciso Lucena.

Segundo o promotor de Justiça Luiz Guilherme Lapenda, é muito difícil investigar esse tipo de crime. “A pedofilia é um crime silencioso. A maioria dos casos acontece dentro da casa da própria vítima e não podemos monitorar o que acontece na casa de cada cidadão”, comentou. 


Folha PE

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