Motivada pela atrocidade cometida com a jovem do Rio de Janeiro, de 16 anos, que foi vítima de estupro coletivo por 33 homens; o coletivo da Marcha das Vadias realiza ato, neste sábado (28), na cidade. Após concentração na Praça do Derby, onde fizeram uma oficina de cartazes, elas seguem em caminhada pela avenida Boa Vista.
Segundo as organizadoras, o caso contra a jovem do Rio de Janeiro estimulou a mobilização e mais de 600 pessoas estão confirmadas para participar do ato em repúdio a violência contra a mulher e o machismo. "A gente espera mais gente hoje do que no ano passado", comenta Ju Dolores - uma das organizadoras.
Elas planejam empossar ministérios de mulheres simbolicamente e cada uma representará uma pasta do Governo Federal, fazendo declamações de prioridades dos setores. A ideia é fazer uma referência ao conjunto de ministérios montado só com homens brancos por Michel Temer. Além do ato, a organização conta com um grupo de mulheres do audiovisual de Pernambuco - as quais estão no local para captar imagens e fazer oito curta metragens.
Esses vídeos deverão ser divulgados nas redes sociais a partir de terça-feira, a cada dois dias. "É tudo olhar feminino, da concepção à identidade visual. Decidimos tudo em uma reunião esta semana", explica a produtora Carol Vergolino, uma das integrantes do grupo. E completa: "Não é só sobre a marcha, é sobre as mulheres na sociedade".
Ju Dolores, uma das organizadoras do ato, conta que após a denúncia do ocorrido com a garota carioca, a página do coletivo no Facebook tinha uma média de 11 mil a 15 mil curtidas e teve um salto para 37 mil.
A campanha que está tomando conta da internet esses dias sobre a cultura do estupro é o objeto de combate daqueles que lutam pela igualdade de gênero. Somente em Pernambuco, de janeiro a abril, 660 estupros foram registrados.
Aponta a Secretaria de Defesa Social (SDS). Esse número representa, em estatística, uma média de 5,4 crimes desse tipo cometidos por dia. Só de mulheres adultas são 254 vítimas.
Se sairmos do Estado e olharmos o Brasil, os números são ainda mais absurdos. Segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram mais de 47 mil casos em 2014, ou seja: uma ocorrência a cada 11 minutos. No entanto, por mais chocante que seja, a situação ainda pode ser muito pior. Afinal, a maioria desses crimes não são notificados. "São raras as vítimas que denunciam, por vergonha e medo. Mas são crimes cuja representação contra o autor depende inteiramente delas", diz a titular da 1ª Delegacia da Mulher, Ana Elisa Sobreira.
FolhadePE