A equipe jurídica do prefeito de Catende Otacílio Cordeiro, preso no último dia 02 de junho em sua residência durante a “Operação Tsunami”, realizou, na manhã desta quarta-feira (08/05), uma coletiva de imprensa para falar sobre as medidas que estão sendo tomadas para defender o mandatário, seu filho Ronaldo Alves Cordeiro e parte do secretariado de governo. Eles são acusados, entre outros crimes, de sonegação fiscal, contratos fraudulentos, crime contra o erário e emissão de informações fazendárias falsas.
A reunião contou com a presença de um dos filhos de Otacílio e que também responde por uma das pastas administrativas do Poder Executivo, Paulo Cordeiro. A um grupo de jornalistas e radialistas da região, ele contou que esteve na última terça-feira (07/5) com o pai no COTEL, em Abreu e Lima, e descreveu o quadro de saúde física e emocional dele como desolador:
- “Estive com o meu pai ontem e ele descreveu a prisão de forma desoladora, como a ‘porta do inferno’. Ele se sente injustiçado, mas nós não vamos desistir até provar a sua inocência. O que fizeram com ele, um homem de idade, não é correto. Por isso vamos entrar com o pedido de prisão domiciliar até o fim das investigações, pois ele tem direito”, explicou.
Ele também disse lamentar a postura de alguns adversários políticos, sobretudo do vice-prefeito do município, Josebias Cavalcante, que, segundo ele, antes era um bom aliado político, mas virou as costas nesse momento de crise por ter "sede de poder":
- “Josebias sempre dizia nas entrevistas que Otacílio era o melhor prefeito que Catende já teve, agora ele faz de tudo para assumir a prefeitura. Mesmo com essa crise, ele não deu nenhum telefonema para dar apoio à família. O que ele tem é apenas sede de poder”, disse.
MEDIDAS JURÍDICAS
Para o Dr. Bartolomeu Mendonça, advogado e consultor jurídico da prefeitura de Catende, a crise política instalada na cidade tem viés político e foi orquestrada por setores da oposição. Ele relatou também que todos os advogados envolvidos na defesa de Otacílio estão empenhados em retirá-lo da prisão e reconduzi-lo ao cargo de chefe do Executivo:
- “Nós, do corpo jurídico, estamos tomando todas as providências para trazê-lo de volta ao seu domicílio. Nós acreditamos que essa é uma crise pré-fabricada, um complô da oposição. Nós tivemos 12 pessoas retiradas do seio familiar de forma que foge daquilo que entendemos fazer parte do ordenamento jurídico.”, explicou.
Questionado sobre a vultosa quantia em dinheiro encontrada na residência de Otacílio (R$ 758.393,00), assim como no Posto Canavieiro (R$ 438.748,00), de propriedade da família, o advogado afirmou que os valores têm procedência legal e dizem respeito às muitas fontes de renda, sobretudo no ramo agropecuário:
- “Ele é agropecuarista, produtor de bovinos, tem cinco fazendas, postos de gasolina, alugueis e outras fontes de renda. A quantia encontrada na casa dele, posso dizer, é uma das poucas que já ocorreram. É que ele tem o hábito de pessoas velhas, antigas, que costumam guardar dinheiro em casa. E o dinheiro encontrado no posto de combustível faz parte da movimentação financeira do estabelecimento comercial, não há qualquer ilegalidade”, justificou.
PREFEITO ESTARIA DESPACHANDO DA CADEIA
Informações extraoficiais dão conta de que, mesmo encarcerado, Otacílio Cordeiro mantém suas funções normalmente, despachando ordens administrativas. Perguntado se a denúncia era procedente e se isso se constituiria em ato de gravidade moral, o Dr. Bartolomeu não negou nem confirmou o fato, mas disse não ver qualquer imoralidade na ação:
- “A gente acha mais imoral haver denúncias formuladas por opositores. Eu ainda não tive conhecimento disso, mas se estiver despachando, não vejo nenhuma ilegalidade, pois ele não está afastado do cargo, continua prefeito do município e ainda não se venceram os 15 dias regulamentares para que ele seja afastado”, concluiu.
A coletiva, que teve início por volta das 10h30, estendeu-se até as 13h20. Uma multidão acompanhava, através de carros de som, as falas do setor jurídico da prefeitura. A maioria das pessoas vestia camisas vermelhas por serem militantes do partido do prefeito, apoiadores e/ou funcionários públicos da prefeitura.
ENTENDA O CASO:
As investigações da 15º fase da Operação Tsunami dizem respeito ao período entre 2011 e 2012. De acordo com dados apresentados pela doutora Patrícia Domingos, da DECASP (Delegacia de Polícia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos), que comandou todo o trabalho, o prejuízo total ao erário gira em torno de R$ 5 milhões.
Em posse da quadrilha havia uma enorme quantia de dinheiro em espécie. Na casa de Otacílio Cordeiro, dentro de uma gaveta, os policiais encontraram o valor de R$ 758.393,00 (setecentos e cinquenta e oito mil, trezentos e noventa e três reais). No Posto Canavieiro foram encontrados R$ 438.748,00 (quatrocentos e trinta e oito mil, setecentos e quarenta e oito reais). Já na Gerar Produções, empresa envolvida nas licitações irregulares, havia o montante de R$ 75.383,00 (setenta e cinco mil, trezentos e oitenta e três reais).
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e um flagrante delito: quatro mulheres e oito homens, entre eles, o caseiro, que guardava armas ilegalmente na propriedade de Otacílio; o filho do prefeito Ronaldo Alves Cordeiro, além da nora, que administra o Posto Canavieiro. Os homens ficarão encarcerados no COTEL, em Abreu e Lima, e as mulheres, em celas da Penitenciária Feminina do Bom Pastor, em Recife, até o fim das investigações.