Representantes dos quatro partidos que formavam a velha oposição ao governo Dilma e adeririam à gestão Temer — PSDB, DEM, PSB e PPS — vão se reunir, na manhã de quinta-feira, com o presidente interino Michel Temer. No encontro, será expresso o incômodo com as movimentações do Palácio do Planalto para sepultar a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara.
Nesta quarta-feira, os líderes das legendas pediram uma reunião com Temer “o mais rápido possível” para esclarecer se há envolvimento dele ou de ministros palacianos. O deputado Pauderney Avelino (AM), líder do DEM, disse que há um clima de desconfiança com relação a uma eventual operação para ajudar Cunha patrocinada pelo Planalto.
Pesa neste ambiente de suspeitas a reunião na última segunda-feira entre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Marcos Pereira (Indústria), que é presidente do PRB. O encontro, ocorrido à tarde no Palácio do Planalto, se realizou um dia antes do começo da votação do relatório que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética.
Apesar de Padilha dizer que, na reunião, foram tratados apenas assuntos governamentais, aliados na Câmara acham que o período para o encontro foi o pior possível e consideram improvável que os dois políticos não tenham tratado do voto decisivo que cabe à deputada Tia Eron (PRB-BA).
— Estamos muito irritados com essa situação toda. Vamos ver o que o presidente tem a nos dizer. Receber Marcos Pereira na véspera do Conselho de Ética é colocar o voto da Tia Eron dentro do Palácio do Planalto — disse um tucano que pediu reserva ao GLOBO.
O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), disse ter convicção de que o Planalto está atuando para ajudar Cunha.
— Pereira é chamado ao Planalto para conversar com Padilha e querem dizer que é assunto administrativo? Não existe Papai Noel em junho — disse o parlamentar.
O grupo vai cobrar, ainda, posição do governo quanto à Presidência da Câmara. Estes partidos querem que o Planalto ajude na articulação para decretar vacância do presidente da Casa e, com isso, realizar novas eleições.
G1