Foto: Divulgação.
A cabeleireira Débora
Rodrigues dos Santos pediu perdão em depoimento ao Supremo Tribunal Federal
(STF) por ter pichado com batom a estátua "A Justiça", localizada em
frente a Corte durante o 8 de janeiro. Ela relatou que agiu no "calor do
momento" após um homem ter pedido a ela que terminasse de escrever a frase
"Perdeu, mané" no monumento e que não sabia do valor simbólico e
financeiro da estátua.
A cabeleireira prestou
depoimento em novembro, mas o caso estava em sigilo até esta quarta-feira, 26,
quando foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes. Além da fala em
vídeo, também foi disponibilizada a íntegra da carta enviada a Moraes na qual
ela também pede perdão e diz sentir vergonha pelo ato.
Débora repudiou o vandalismo
da manifestação e acrescentou que não invadiu os prédios do STF, do Congresso e
o Palácio do Planalto. Em sua versão, ela disse que ficou na Praça dos Três
Poderes para fotos do local porque nunca tinha ido a Brasília e achou o local
muito bonito. Foi quando o homem, que ela não conseguiu identificar, teria
aparecido e pedido ajuda.
"Eu fui por conta própria
de ônibus quando eu me deparei com o movimento eu não fazia ideia do bem
financeiro e simbólico daquela estátua. Quando eu estava lá, já tinha uma
pessoa fazendo a pichação e faltou, talvez, um pouco de malícia da minha parte
porque ele começou a escrita e falou assim: ‘eu tenho a letra muito feia, moça,
você pode me ajudar a escrever?’. E aí eu continuei fazendo a escrita da frase
dita pelo ministro Barroso", disse a cabeleireira.
Ela declarou ainda que uma
semana antes do episódio disse a seu filho que é ilegal escrever em muros.
"Mas não sei o que aconteceu comigo naquele dado momento, pelo calor da
situação, de cometer esse ato. Eu me arrependo muito, muitíssimo, e jamais
faria isso. Em sã consciência jamais faria isso, o calor do momento alterou
minhas faculdades mentais", acrescentou.
A cabeleireira escreveu que
foi à capital federal porque queria ser ouvida e obter mais explicações sobre
"o resultado das eleições tão conturbadas de 2022". Ela disse ter
acreditado que a manifestação seria pacífica e que ficou chateada quando o
"quebra-quebra" começou
Na segunda-feira, 24, Luiz Fux
pediu vista e paralisou o julgamento de Débora. Moraes, relator do caso, e o
ministro Flávio Dino votaram para que ela seja condenada a 14 anos de prisão em
regime inicial fechado. Fux explicou nesta quarta-feira que quer mais tempo
para analisar a dosimetria da pena sugerida a ela e indicou que pode propor uma
redução.
"Nós julgamos sob
violenta emoção após a verificação da tragédia do 8 de Janeiro. Eu fui ao meu
ex-gabinete, que a ministra Rosa (Weber) era minha vice-presidente, e vi mesa
queimada, papéis queimados. Mas eu acho que os juízes na sua vida têm sempre de
refletir dos erros e dos acertos", disse ele durante julgamento da
admissibilidade da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Débora é acusada de ter
praticado os crimes: associação criminosa armada; abolição violenta do Estado
Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e
grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a
vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
Em nota à imprensa, a defesa
da cabeleireira disse que o STF promove um julgamento "político e
emocional" e conclamou que os ministros da Corte revejam as penas impostas
a todos os réus pelos atos de 8 de Janeiro.
"Diante disso, exigimos que o Supremo Tribunal Federal reveja urgentemente as condenações desproporcionais e que se respeite o princípio da proporcionalidade das penas, evitando decisões arbitrárias que ferem os direitos e garantias individuais, não somente de Débora mas de todos os réus do 8 de Janeiro", concluiu a nota da defesa.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.