Publicada em 19/05/2025 às 08h59.
Abin monitorou e alertou para militares envolvidos em ações golpistas em 2022
Documento associa integrantes da reserva a manifestações com discurso golpista e monitoramento de alvos políticos

Foto: Divulgação. 


 A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou e alertou, ainda em setembro de 2022, para a atuação de militares da reserva envolvidos em ações de cunho golpista. O relatório, classificado como reservado, identifica a presença de grupos alinhados à defesa de intervenção militar e à contestação das instituições democráticas.

 

O ICL Notícias teve acesso a trechos desse e de outros documentos que permanecem sob sigilo até pelo menos setembro de 2027. Esses relatórios revelam que, mesmo sem vínculos oficiais com a ativa, os militares da reserva desempenharam papel importante como articuladores ou legitimadores de discursos antidemocráticos.

 

O registro identificado como 00262.032435/2022-56 foi classificado sob a categoria R5, relacionada a ameaças à ordem pública, segurança institucional e interesses sensíveis do Estado. Esse material demonstra que, antes mesmo do segundo turno das eleições de 2022, a Abin já monitorava a presença de militares da reserva em mobilizações de caráter antidemocrático, com potencial para incentivar a ruptura institucional.

 

O documento descreve episódios em que esses militares participaram de protestos, usaram fardas indevidamente e fizeram declarações públicas contrárias ao resultado eleitoral previsto pelas urnas eletrônicas.

 

Outro documento, datado de 27 de outubro de 2022 (número 00262.207155/2022-16), aponta a criação de um grupo extremista violento articulado via Telegram por um cidadão brasileiro com perfil radicalizado.

 

Segundo o relatório, o grupo promovia a desobediência civil, atacava verbalmente autoridades públicas e disseminava ideias de ruptura institucional. Além das ameaças e incitações, o grupo atuava em redes sociais e aplicativos de mensagens para cooptar novos membros e estimular ações contra órgãos do Estado, incluindo o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.

 

Documentos da Abin foram encaminhados ao governo Bolsonaro

 

A combinação das duas informações evidencia que a inteligência do governo já identificava, ainda em 2022, uma rede de apoio à radicalização com elementos da reserva militar em articulação com civis e influenciadores digitais.

 

A atuação desses atores foi classificada como ameaça direta à segurança institucional. O uso da imagem das Forças Armadas, mesmo que por integrantes inativos, foi considerado estratégico por esses grupos para dar aparência de legitimidade aos atos e convocatórias.

 

Servidores da própria Abin, ouvidos pela reportagem do ICL Notícias em caráter reservado, confirmaram que alertas foram produzidos na ocasião e encaminhados a setores do governo Bolsonaro. Segundo esses relatos, não houve um encaminhamento efetivo das informações às Forças Armadas nem ação concreta para neutralizar a atuação dos grupos identificados, apesar da gravidade dos indícios reunidos. À época, a agência era comandada por Victor Felismino Carneiro, que acumulava as funções de diretor-adjunto e diretor-geral do órgão.

 

Mesmo com o teor alarmante, os documentos não geraram medidas públicas de contenção ou responsabilização no período anterior aos atos golpistas de 8 de janeiro. O silêncio institucional, à época, contribuiu para o avanço da mobilização que culminaria na invasão dos Três Poderes, sinalizando um vácuo de autoridade e resposta estatal diante da escalada de discursos e práticas extremistas.

 

Os relatórios mencionados permanecem sob sigilo e seu conteúdo integral só deverá ser tornado público após o vencimento do prazo de restrição, fixado em cinco anos a partir da data de classificação. A ausência de transparência em torno desses alertas levanta questionamentos sobre a articulação entre os órgãos de Estado e a capacidade de resposta do sistema de segurança institucional diante de ameaças concretas à democracia brasileira.



FONTE: NOTÍCIAS AO MINUTO.




 

 

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