Publicada em 06/04/2017 às 10h19.
Conselho rejeita suspensão, mas adverte Jean Wyllys por cuspe em Bolsonaro
Em nota, deputado disse que teve reação 'espontânea' diante de 'xingamentos e agressões'.

Jean Wyllys cuspiu em Bolsonaro durante sessão na Câmara dos Deputados

FOTO: CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta quarta-feira (5), por 13 votos a zero (uma abstenção), "censura por escrito" ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) por ele ter cuspido em Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no plenário. O parlamentar pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça.


No ano passado, quando a Câmara analisava o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, após votar contra o afastamento da petista, Jean Wyllys cuspiu em Bolsonaro, e o Conselho de Ética abriu um processo para apurar o caso.


Relator do processo, o deputado Ricardo Izar (PP-SP) havia proposto como pena a suspensão do mandato de Jean Wyllys por 30 dias, mas o parecer foi rejeitado por 9 votos a 4.


Após a rejeição do relatório, a comissão aprovou um parecer alternativo, apresentado por Julio Delgado (PSB-MG), que recomendou a advertência ao deputado do PSOL. Para Delgado, o cuspe representou uma "ofensa moral", mas não foi premeditado.


Entre os integrantes do conselho, há divergência sobre se, após a advertência ser enviada ao deputado, o caso será encerrado ou seguirá para plenário.


O que disse Jean Wyllys

Após a decisão do conselho, Jean Wyllys divulgou uma nota na qual afirmou que a tentativa de cassar o mandato dele "fracassou" em razão da mobilização da sociedade e do apoio de artistas e movimentos sociais e de direitos humanos contra a tentativa de "alguns homofóbicos", da "bancada fundamentalista" e de aliados de Eduardo Cunha de "calar a voz" dele.


O deputado afirmou, ainda, que "a pressão social valeu a pena". Para ele, o fato de não ter sido suspenso foi uma "vitória da democracia".


"No dia da sessão do impeachment, tive uma reação espontânea, humana, contra os xingamentos e agressões que há anos recebo na Câmara por conta da minha orientação sexual e das minhas posições políticas. Nunca antes na vida tinha cuspido em alguém (e não é a forma em que eu costumo agir, nem na Câmara, nem na minha vida privada), mas sou humano, tenho sangue nas veias, e o grau de violência, desrespeito e ofensas que recebo desde que estou deputado é intolerável", declarou o deputado.


Sou permanentemente difamado. Inventam projetos de lei que jamais apresentei, coisas que eu jamais disse, ideias que não são minhas, e até editam minhas falas e fazem circular vídeos fraudulentos para me injuriar e caluniar", completou.


Relembre o caso

A representação contra Jean Wyllys foi movida pela Mesa Diretora da Câmara, que acolheu sugestão do corregedor-geral da Câmara, Carlos Manato (SD-ES), para que o processo fosse instalado por ele entender que houve quebra de decoro.


À época, Jean Wyllys disse ao jornal "O Globo" que havia cuspido em Bolsonaro porque, após votar contra o prosseguimento do processo de impeachment, o deputado do PSC o insultou.


A sessão

Durante a sessão desta quarta, diversos deputados saíram em defesa de Wyllys, argumentando que não houve premeditação na ação dele, mas, sim, uma reação às provocações que ele diz ter sofrido de Bolsonaro.


Enquanto os deputados discutiam o caso, Sérgio Moraes (PTB-RS), que defendeu uma pena mais branda, chegou a dizer que, se ele tivesse sido alvo do cuspe, resolveria a situação "de homem para homem", sem levar o caso ao Conselho de Ética.


"Na verdade, foi uma discussão ali que eu teria resolvido de outra maneira, porque, se tivesse cuspido em mim, eu e ele teríamos mudado aquelas cadeiras naquele lugar, porque nós íamos nos pegar, mas eu não traria ele para o Conselho de Ética. Era uma coisa de homem para homem, ia ficar pouca cadeira ajeitada naquele plenário", disse. Em 2009, Sérgio Moraes ficou conhecido por dizer que estava "se lixando para a opinião pública".


Na sequência, o deputado Éder Mauro (PSD-PA) defendeu que Jean Wyllys fosse punido por considerar que a cuspida "é mais do que uma agressão física" e que o parlamento não poderia deixar passar o episódio batido. "É um péssimo exemplo para a nossa juventude", afirmou.

 

 

Gazeta Web 

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