Publicada em 18/01/2016 às 11h31.
Jovens fazem a direita "sair do armário" e querem debater política
Não são direitistas que pregam a volta da ditadura militar e o extermínio de qualquer proposta ou projeto encampado por um governo de esquerda

O professor de história Emerson Lardião, de 28 anos, é de direita. Da nova direita. Emerson não é único e faz parte de um grupo que assume ser o que é. E, sobretudo, o que não é. Não é direitista que prega a volta da ditadura militar e o extermínio de qualquer proposta ou projeto encampado por um governo de esquerda. Defende que a vida das pessoas seja cada vez menos regulada pela mão do Estado. Porém, se são todos liberais na economia e defendem o livre mercado, os “neo-direitistas” divergem no que se refere aos costumes da sociedade, sendo mais flexíveis do que a direita tradicional, buscando dialogar com os pontos divergentes.


“Ser de direita é defender, dentre outros pontos, que essa presença menor do Estado é um ponto essencial no combate à corrupção que tanto afeta a nossa sociedade”, define ele. Nos últimos dois anos pessoas como Emerson têm feito com que a direita empunhe a bandeira e que essa palavra seja assumida. Deixe de ser uma acusação para o professor, acompanhada de alcunhas como “coxinha”, por tantas vezes usadas no embate com os “petralhas”.


Uma das instituições que surgem com esse novo pensamento é o Observatório de Elites Políticas, que analisa serem os “neo-direitistas” pessoas na maioria entre 16 e 35 anos, que se unem para discutir política em centros conhecidos por fomentar discussões liberais para esse público.


Caso do Instituto Liberdade e do Instituto Millenium que, financiados por grandes empreendedores brasileiros, apostam na discussão dessas ideias. “É uma direita liberal em costumes e economia, não religiosa, conservadora em política e a favor da propriedade privada e do direito à expressão sem aparelhamento do estado. Uma direita sem nenhum vínculo com a guerra fria e a ditadura”, explica o filósofo Luiz Felipe Pondé, um dos pensadores que norteiam esse movimento.


Para ele, foi a tônica política do “nós contra eles” do PT que catalisou o surgimento desse grupo: “Eles estão também de saco cheio com o monopólio esquerdista nas universidades, nos tribunais e nas redações. A esquerda, por muito tempo, se vendeu como única forma honesta de se pensar o País.”


Mas essa nova direita pode, em alguns pontos, possuir um discurso que pede justamente a presença deste Estado, em questões que perpassam pela liberdade pessoal, assemelhando-se ao discurso da direita tradicional. Emerson marca “não” ao direito de abortar e “não” ao consumo de drogas ilícitas, temas que não são um consenso entre eles. É o que explica o também direitista Anderson Macena, 25 anos. “A nova direita brasileira é dividida em três: liberais, libertários e conservadores. Embora todos sejam contrários ao discurso da extrema-direita, os conservadores são os mais identificados com uma agenda menos progressista nos costumes”, pontua o gastrônomo, que assim como Emerson, defende essa linha mais conservadora.


Posição essa que nem de longe é adotada pela engenheira civil Camilla Pontes, 32 anos, que mora no Recife. Ela acredita que a regulação do Estado precisa ser minimizada não só na economia, mas na vida das pessoas. “Precisamos defender o direito individual. Me coloco favorável a temas como a legalização das drogas e ao aborto”, diz.

 

Embora não concordem em alguns temas, eles apontam que o debate com a esquerda, “desde que estes estejam dispostos a ouvir”, é importante e serve para o crescimento de uma democracia madura, rejeitando qualquer tipo de extremismo de um lado como do outro. “Todos podem ter contribuição nessa construção. O que precisamos também é de menos intolerância”, conclui Camilla.  


NESSE VÍDEO PONDÉ ANALISA AS MANIFESTAÇÕES RECENTES EM SÃO PAULO. É BOM PARA ENTENDER UM POUCO SOBRE O QUE PENSA O FILÓSOFO.

 

FONTE: JC

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