Durante o mês de maio, o município de Ribeirão, na Mata Sul de Pernambuco, registrou mais de 369 milímetros de chuva, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). Cerca de 1.200 pessoas tiveram que deixar suas casas por causa do temporal. Pouco mais de 330 pessoas ainda estão em abrigos e nas cassa de parentes, porque as casas foram condenadas pela prefeitura.
Uma semana após a enchente histórica, o principal desafio para que a população retome a rotina é a lama, que tomou conta de ruas e casas. O abastecimento de água foi interrompido no local, complicando ainda mais a vida de quem ficou ilhado por causa das chuvas.
No último fim de semana do mês, Ribeirão registrou a maior chuva desde 1982, obrigando os moradores a usar barcos para se locomover durante o pico da enchente, além de serem registrados diversos deslizamentos de barreiras. Mais de 55 mil pessoas chegaram a sair de suas casas por causa do temporal, na Zona da Mata e no Agreste do estado.
Um dos moradores afetados pela cheia, o eletricista Erlon Vasconcelos passou os dias circulando de barco pela cidade, ajudando quem ficou ilhado por causa da cheia. Segundo ele, a água, embora tenha baixado, deixou transtornos. “A falta d’água já dura mais de seis meses, desde antes das chuvas. Com o barro nas ruas, a gente não tem como andar”, disse.
Desde os dias 27 e 28 de maio, chuvas fortes atingem várias regiões do estado, provocando enchentes de rios e deslizamentos de barreiras. De acordo com dados do governo do estado, o número de desabrigados e desalojados chegou a 55,1 mil pessoas no dia 31 de maio.
No domingo (28), o presidente da República, Michel Temer, veio ao Recife e autorizou o envio de ajuda humanitária. Ele ainda se comprometeu com a liberação de uma linha de crédito de R$ 600 milhões, junto ao BNDES, para obras no estado.
Na quarta (31), o governador Paulo Câmara visitou as cidades de Catende e Ribeirão, na Zona da Mata Sul, para acompanhar o planejamento de ajuda humanitária às famílias desalojadas e de limpeza das áreas atingidas pela água, feito por 'gabinetes de crise' instalados nos dois municípios.
No Nordeste, as chuvas ocorrem por causa de um fluxo de vento que vem do oceano carregado de ar úmido, formando nuvens carregadas na costa e na Zona da Mata. De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, trata-se de um sistema chamado onda de leste, comum nesta região no outono e inverno.
Para ajudar as famílias que perderam praticamente tudo nas enchentes, diversas instituições e entidades realizam arrecadação de alimentos não perecíveis e objetos de higiene pessoal. Há pontos de coleta no Recife, em Olinda e nos 15 campi do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
G1