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O Irã anunciou nesta terça-feira (14) que prendeu pessoas acusadas de envolvimento na derrubada acidental de um avião ucraniano na semana passada, que matou 176 pessoas. No entanto, o governo do país não detalhou quantas pessoas foram presas, nem seus nomes e cargos.
"Investigações amplas estão sendo feitas e alguns indivíduos foram presos", disse Gholamhossein Esmaili, porta-voz do Ministério da Justiça, à imprensa estatal. Pouco antes, o presidente iraniano, Hassan Rowhani, defendeu, em discurso exibido pela TV, que todos os responsáveis pelo acidente deverão ser punidos.
"Para nosso povo, é muito importante que qualquer pessoa que tenha tido culpa ou sido negligente seja levado à Justiça. O Judiciário deve formar uma corte especial com dezenas de especialistas. Este não é um caso comum. O mundo todo estará de olho nesta corte", disse Rowhani.
O país levou alguns dias para reconhecer que a Guarda Revolucionária do país tinha derrubado o avião. No sábado (11), o general Amir Ali Hajizadeh, comandante da seção aeroespacial, assumiu a culpa pelo erro em uma declaração à TV estatal. "Preferiria estar morto a testemunhar um acidente semelhante", afirmou.
O comandante disse que o avião foi confundido com um míssil de cruzeiro (armamento guiado remotamente para liberar ogivas a longas distâncias) e abatido por um míssil de curto alcance. Ele também afirmou que o soldado efetuou o disparo sem ordem por causa de uma interferência nas telecomunicações.
No acidente, o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines caiu cinco minutos após decolar do aeroporto Imam Khomeini, em Teerã. A aeronave, que decolou às 6h12 na hora local (23h42 de terça em Brasília) e seguia para Kiev, pegou fogo minutos após a decolagem.
Entre as 176 vítimas, havia 82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos. Boa parte dos passageiros faria uma conexão para um voo com destino ao Canadá.
A derrubada da aeronave gerou protestos no Irã, nos quais manifestantes pedem a renúncia do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, nos últimos dias. Ao menos 30 pessoas foram presas por participar de atos considerados ilegais, segundo o governo. Os manifestantes acusam a polícia de usar munição letal para tentar dispersar os atos.
CRONOLOGIA DA CRISE NO IRÃ
15 de novembro
Regime anuncia aumento de ao menos 50% no preço da gasolina, e manifestações tomam as ruas; repressão deixa mais de 200 mortos nos dias seguintes.
31 de dezembro
Manifestantes atacam a embaixada dos EUA em Bagdá, em resposta ao bombardeio dos americanos contra a facção pró-Irã Kataib Hezbollah; ação matou 25 iraquianos.
3 de janeiro
EUA matam general iraniano Qassim
Suleimani em ataque a aeroporto de Bagdá; ele era a segunda pessoa mais
importante do país, atrás apenas do líder supremo.
5 de janeiro
Irã anuncia que vai deixar de cumprir as exigências do acordo nuclear assinado em 2015, colocando um ponto final no pacto e abrindo caminho para produção de armas nucleares.
6 de janeiro
Centenas de milhares de pessoas vão às ruas de Teerã em cortejo fúnebre de Suleimani.
7 de janeiro
Confusão durante funeral de Suleimani em sua cidade natal, Kerman, deixa 56 mortos e 213 feridos.
8 de janeiro
Guarda Revolucionária do Irã ataca com mísseis duas bases americanas no Iraque, sem deixar soldados americanos mortos; horas mais tarde, avião ucraniano com destino a Kiev cai perto ao aeroporto de Teerã, matando as 176 pessoas a bordo.
11 de janeiro
Irã assume que Exército do país derrubou avião por "erro humano", e manifestantes contra o governo vão às ruas.
13 de janeiro
Terceiro dia de protestos contra o regime; ativistas acusam a polícia de usar munição letal para dispersar grupos.
FONTE: FOLHA PE