Cleo Pires / Reprodução do google.
Crescer e viver diante dos holofotes é o sonho de muita gente. Mas
imagine não poder escolher por isso, mas sim herdar essa atenção? Conviver
desde muito nova com a curiosidade do público sobre seu cotidiano, seja por
causa de um carro novo, de um relacionamento ou de uma mudança no corpo.
Cleo Pires Ayrosa Galvão, ou simplesmente Cleo, 38, entende bem os
dilemas e as alegrias de nascer em uma família de artistas. Filha da atriz
Gloria Pires, 57, e do ator e cantor Fábio Jr., 67, ela ainda tem outra referência
paterna forte em sua vida, a do cantor Orlando Morais, 59, casado com sua mãe
há 33 anos.
Para consolidar a imagem de mulher ousada, bem resolvida e,
principalmente, da profissional que pode construir sua própria carreira
artística, Cleo teve que aprender a lidar com críticas e comparações que
acontecem na vida de muitos filhos de pais bem-sucedidos quando resolvem seguir
a mesma carreira que eles.
"Não posso generalizar e dizer que todos devem ter se sentido
assim, só posso falar por mim: é algo que aconteceu, sim", afirma a atriz
em entrevista à Folha de S.Paulo. "Tive inseguranças no início da minha
carreira, tanto de atriz quanto na música, e parte desse sentimento vinha da
pressão que eu sabia que ia rolar por conta da carreira dos meus pais",
descreve Cleo, para quem a virada se deu quando compreendeu que as comparações
sempre existiram e que isso não precisaria ser encarado como um problema.
"Foi um processo e as inseguranças e incertezas fazem parte disso.
Tenho muito orgulho da carreira dos meus pais. Hoje em dia isso [as
comparações] acontece com menos frequência, pois as pessoas já entenderam um
pouco qual é a minha, como é o meu trabalho", diz a artista, que, ao
contrário do que muita gente pensa, não estreou na TV como a Lurdinha, de "América"
(Globo, 2005), mas, sim, ainda criança, na minissérie "Memorial de Maria
Moura" (1994), fazendo a versão infantil da protagonista, vivida por sua
mãe.
"Na época, não via a carreira de artista como algo que eu queria
seguir. Foi um convite que o diretor da novela me fez e eu achei que seria
legal, mas mais como uma curiosidade do que como início de carreira",
revela a artista, emendando que considera o pontapé de sua trajetória
profissional o filme "Benjamin" (2003), baseado no livro homônimo do
cantor e compositor Chico Buarque, 77. "Depois da experiência de gravar o
filme percebi que a atuação era uma paixão."
A atriz destaca que sempre flertou com o mundo artístico, mas que
protagonizar "Benjamin" trouxe a ela uma sensação de pertencimento
que não poderia ser ignorada. "Decidi pelas artes após gravar o meu
primeiro filme e sentir que estar naquele ambiente me fazia muito bem, me
desafiava da forma como eu sempre gostei de ser profissionalmente desafiada e
me encantava também", resume, salientando que vários assuntos a fascinam
e, por isso, sempre avaliou outras possibilidades de trabalho. "Não gosto
quando me colocam em uma 'caixinha'".
ARTISTA PLURAL:
Foi com a ideia de construir algo novo, que no dia do próprio
aniversário, em 2 de outubro de 2019, Cleo lançou o "Cleo On Demand",
projeto audiovisual que assina como produtora executiva. A plataforma escolhida
para a empreitada foi o IGTV do Instagram e a proposta era trazer conteúdos que
falassem sobre feminismo, machismo e homofobia.
"Quando pensei no 'Cleo On Demand' com a minha equipe, a ideia veio
muito desse lugar de sentir falta de conteúdos audiovisuais com certas
temáticas, o feminicídio sendo uma delas", pontua. "Toda a curadoria
dos projetos que distribuímos e produzimos na plataforma tem esse viés por
trás, do que minha equipe e eu gostaríamos de assistir, dos assuntos que
sentimos que está em falta no mercado e que é importante abordarmos",
explica.
FONTE: NOTÍCIA AO MINUTO.