Os consecutivos reajustes no preço da gasolina fizeram com que as usinas iniciassem a safra 2018/2019 com as atenções voltadas para a produção de etanol. Além do mercado de combustível estar mais atrativo, o cenário internacional não está vantajoso para o açúcar. Isso porque o preço do açúcar caiu no mundo devido a maior oferta originada na Tailândia, Índia e Europa. Diante desse cenário, a expectativa é de que a safra, iniciada este mês e que deve ser finalizada no primeiro trimestre de 2019, tenha 63% do total moído destinado à produção de etanol, enquanto 37% seja direcionado ao açúcar.
“Para se ter uma ideia, nos sete primeiro meses do ano, o etanol em Pernambuco substituiu 37,6% da gasolina consumida. Então, é um mercado em ascensão. Passa a haver um maior fluxo de vendas do etanol do mercado interno, em que pese ainda com preços que venham a cobrir os custos de produção. A questão é que vende mais rápido, porém, em preços que não são adequados para os custos de produção por incertezas da política de preços”, lamenta o presidente do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha.
Segundo dados do Sindaçúcar/PE, as regiões Norte e Nordeste deverão esmagar 47 milhões de toneladas de cana na atual safra. Com isso, a expectativa é que elas produzam cerca de 2,5 milhões de toneladas de açúcar e 2,1 bilhões de litros de etanol. Em Pernambuco, a estimativa é de que a produção seja de 12 milhões de toneladas de cana, com consequente produção de 850 mil toneladas de açúcar e 410 milhões de litros de etanol. Sendo assim, o estado terá a maior produção de etanol hidratado do Norte/Nordeste (mais de 300 milhões de litros) e a segunda maior do açúcar, já que Alagoas se consolida como o estado mais açucareiro.
“Nesta safra, a previsão é que o destino da cana brasileira deve ser 63% para produção do etanol no país. No Norte e Nordeste, 57% é destinado à produção do álcool combustível. Por aqui, as fábricas são ainda muito voltadas à produção de açúcar. São indústrias que vêm se modernizando mas, originalmente, nos anos 70, maior parte foi concebida para açúcar. Essa mudança é um processo lento e gradual”, pontua o presidente do sindicato após ressaltar que a frota de veículos flex (abastecido com álcool e gasolina) no país é estimada em 27 milhões de carros e de quatro milhões de motos.
Neste período inicial, a produção de etanol atingiu, 30,8 milhões de litros, sendo o maior volume destinado ao tipo hidratado (90,6%), volume direcionado para o atendimento dos automóveis flex.
MOAGEM
A safra em Pernambuco deve ocorrer até fevereiro de 2019, com 12 usinas em operação. Pelo último balanço apresentado pelo sindicato, as onze unidades já em operação efetuaram moagem de 1,264 milhão de toneladas de cana. Isso representa produção de 90,9 mil toneladas de açúcar. Deste total, 93% serão destinadas para o mercado externo. “Tradicionalmente, o início da produção é destinada ao mercado externo por conta da necessidade de embarque nos navios. Então, a contratação já é realizada com essa previsão de embarque e, por isso, se inicia antes a moagem para este fim”, explica Renato Cunha.